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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

A volta dos Mercados Públicos (parte III) por Vicentepimentero


O Mercado Público de Pelotas me lembra uma Estação Central. Vejo fotos antigas e vejo árvores e ônibus que por ali passavam e paravam. Enquanto varro as bitucas de cigarro deixadas pelos clientes e transeuntes, imagino quanta história impregnada naqueles paralelepípedos. Ali devem circular mais de trezentas pessoas por minuto, se bem que o índice populacional cresceu, imagino naquela época.

O Mercado é ponto de encontro é passagem é sítio é espera é parada rápida prum lanche. É peixe em Semana Santa e presente em fim de ano. As amizades vistas ali são inimagináveis, pois ali todos são iguais, o Mercado tem disso, torna a todos, quase, a mesma pessoa.

Engraçado e curioso é a diversidade de público. Ora mais ora menos está montada ali uma estrutura para algum evento por vezes desconhecido, não saiu em programação alguma. Teatro de Rua, encontro religioso, sorteios de loterias, atividades acadêmicas, feiras de antiguidades e de alimentos, shows, brigas, passeatas e manifestações, festas de torcida, excursões, chegadas e partidas, eventos da vida profissional e emocional. Ente um café ou um chope lágrimas de tristeza ou alegria é o olho do furacão e ao mesmo tempo o bálsamo dos fins de tarde.

Essa é a volta dos Mercados Públicos onde o amor renasce no coração das cidades. Charme e simplicidade com pitadas de história e estórias que vão se escrevendo a cada dia como heranças deixadas de avós para netos. Bons tempos retornarão e como cenário esses templos da cultura popular.

Edição de 22/10/2015 Ano VI nº 235







segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Não fazem mais música como antigamente - por Vicente Pimentero

E não fazem mesmo. E nem falo do antigamente de Bethoven, Mozart, Bach. Falo de um antigo mais recente, dos anos 50, 60 e 70. Falo dessas vertentes inglesas do rock e por tudo que se fez nesses anos mundo afora. Bastou me deter por alguns minutos nas reprises dos shows de Queen e Rod Stewart no Rock in Rio, que a ficha caiu como uma moeda saltitante na lataria de uma juke box. E eu ainda tive a sorte de conhecer uma máquina dessas que tocava vinil, numa sorveteria, em Montevidéu, como é bom ser velho. O vocalista que jamais tentou substituir o insubstituível Freddie Mercury, Adam Sandler, emocionou e deu gás ao legendário grupo timbrado pela inconfundível guitarra de Brian May e às músicas do Queen, enquanto Rod Stewart, por sua vez, enalteceu a participação das mulheres em seu show, os bateristas charmozões, de ambas as bandas, mostraram por que o rock ecoa gerações com a elegância de um dos estilos de música e de vida mais clássicos da nossa história recente.

Voltando pros fones de ouvido e a madrugada que silencia, enquanto o Miles observa os De Johnets da vida ou os MacLaughin fazerem misérias nas campanhas harmônicas no jazz inevitável do trompetista, me ponho a escrever sobre a riqueza e a seriedade com que se via e sentia a música naqueles tempos. Hoje eu vejo muito isso em algumas bandas de rock argentino ou alguns músicos amigos e hermanos nos circuitos em qual circulo, mas de um livro que já citei, do André Midani, 'Do Vinil ao Download' vem a triste realidade de exprimir a música da atualidade, que se arrasta desde o fim dos 80, como uma música banal, preguiçosa, quase inútil. Até as vezes comparo as arquiteturas de séculos passados com a minimalidade atual. Mesmo morando em caixas de pedra, madeira e vidro, que aparentam requinte e modernidade, é na preguiça do artífice ou na monotonia do autor que a arte vai morrendo.

E assim vejo que a cada dia se comercializa mais a parada. Sem falar nos recursos atuais que a tecnologia nos proporciona. Vai explicar um caso desses pro Stevie Ray Vaughan. Só por que ele já se remexe no caixão há muito tempo vendo tanta coisa ruim chamada rock. Como se fosse a intrépida apropriação do funk setentista comparado com o estilo bate estaca das periferias. Mas o povo quer dançar, a alegria está em primeiro lugar, foda-se o rock, né? Nananinanana, o rock sobrevive nas guitarras dos guitarristas infiltrados em bandas de qualquer estilo, está estampado no suor dos bateristas boicotando a serenidade de qualquer balada, no grito estonteante dos vocalistas que reverberam a altura dos auto falantes, o rock não se veste de rock, seu traje é um talagaço de uísque à moda caubói, sem gelo.

No entanto, vá até o bar mais próximo e se estiver tocando rock sinta-se no cenário ideal, o rock é o amigo de balcão, o rock é o futebol do dia anterior, na canha, na cancha ou na torcida sempre tem um ampli por perto.

Para aqueles que querem entender um pouco mais sobre o que estou querendo dizer, escute um disco inteiro do Queen, do Rod, do Deep Purple, de preferência o Machine Head, um Herbie Hancock, ou o House of the Holy do Led, o meu preferido, ou qualquer do Led. Põe na vitrola ou no teu emepêtrês um ACDC, sente a energia. Mas se quiseres ouvir rock brasileiro até um Raul serve, daqueles bem desprolixos e barulhentos ou curte os cogumelos dos Mutantes, por que rock é uma mistura de alma (blues) improviso (jazz) e energia (magnetismo).

Deixo uma lista essencial para se criar no mundo do rock, para que no seas un bolu de esos que gritan yeah.


Elvis, Beatles, Stones, Cult, Van Halen, Secos e Molhados, Kiss, Guns, Sabbath, Joe Cocker, Janis, Ten Years After, Pink Floyd, Metallica, Iron Maiden, Police, Doors, Rush, Jetro Thull, James Brown, Fleetwood Mac, Cream, Aerosmith, Dire Straits, David Bowie, Divididos, Red Hot Chilli Peppers, entre inúmeros mitos vivos ou lendas vivas do estilo.

Edição de 30/09/2015 Ano VI nº 232



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Desfiando al Destino - por VicentePimentero

Sempre naquela paranoia de saber ou entender de onde viemos ou para quê e por que estamos nisso que chamamos vida (pois tudo na existência deve ter um nome, assim como todo nome deve ter uma existência) ou me perguntando para onde vamos ou temos vontade de ir, assim as quatro e pico decidi escrever esta crônica. Eu chamo assim, e nem me dei o luxo ou o tempo de pesquisar sobre a denominação 'crônica'. Da palavra ou da condução crônica, pois a cavalgada da escrita deixa paisagens para trás ou alvoradas jamais vistas, ou apenas guardadas na tal da memória, mas se foi chamada assim e tiver alguma coisa a ver com crânio é por que era coisa da cabeça. E ou, ou e, e a cabeça não para de pensar.

Mas nem todas as cabeças ou métodos de pensamento tem a fórmula certa para harmonizar o tal do bicho homem. Isso é mais do que vivo e notório, embora ignoremos esse desastroso detalhe da história da humanidade. E essa palavra é tão pequena e tão profunda para alguns milhões de crânios sós. Fica difícil mesmo de entender o que eu nem consigo dizer. Se existe uma explicação ou verdade ou coincidência em qualquer destas linhas confortavelmente lidas, mas incômodas ao passar, é por quê nada é tão incrível do que a falta de sentido verdadeiro de tudo.

Vou contar até três para não ser descoberto como filósofo, pois há guardiões preocupados em guardar algo naqueles bolsos costurados que precisam ser preenchidos, nem que seja com balas de gorjeta, ou nylons de proveta.

Paralelamente estou no Face. Preciso e prefiro ser lido, limpo ou queimado por aqui do que pactuar sobre a inércia dos que nunca foram ou voltaram e mesmo assim tiveram a inexplicável arte de não estar em lugar nenhum.

Estou impossível de escrever sobre cozinha, música ou literato. Acredito saber ou mentir sobre outras coisas. Sobre a louca poesia da vida, sobre tudo isto que é apenas um sonho.

Edição de 23/09/2015 Ano VI nº 231
 
 
 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

A comida de Rua invade as cidades - por Vicente Pimentero

Não temos muita informação sobre essa cultura de comer na rua, mas nos filmes de época já podemos ver que desde a Roma Antiga descolar uma refeição honesta virou rotina de quem faz das calçadas seu ritual gastronômico.

Os norte americanos, como sempre, deram um jeito de pincelar o "negócio", à moda marketing-global, naquilo que os asiáticos e europeus também já faziam e muito bem. Transformaram as tendas e os tabuleiros de comida que antes resolviam a necessidade de se alimentar economicamente entre uma jornada e outra, num incrível formato capital gourmet, explorando e pulverizando o novo bussines numa febre cultural que se espalha mundo afora.

No Brasil, onde há uma forte tendência para copiar quase tudo do estrangeiro, não foi diferente, a Comida de Rua vinda de carona com culturas colonizadoras, teve em cada região um estilo, ou pelo clima ou pelas mesmas questões históricas que escrevem as confusas lendas e verdades do país. Em Salvador, por exemplo, as bancas de acarajés além de ser um patrimônio turístico representam toda a cor e o sabor da Bahia num bolo frito de feijão servido num guardanapo, prato de plástico ou saquinho. E assim em todo o território, a pamonha, o pão de queijo, o churrasco grego, o cheesse burguer, o crepe, a pipoca, o churros, o doce, o sorvete, o amendoim, as guloseimas, os algodões doces, as maçãs verdes, e a lista quase infinita de lanches, refeições e iguarias que resolvem em minutos a pressa cotidiana do transeunte.

Mas daí vem o termo Food Truck, em quinze anos pra cá, os caminhões, kombis, ou híbridos de carcaças de qualquer espécie de veículos sobre rodas vem ganhando as ruas.

Em qualquer esquina qualquer botequim, saída emergente de desempregados ou sucursais kits de empreendimentos imóveis, os carros temáticos oferecem toda uma linguagem visual que se diversifica em estilos de comida viajando por inúmeras culturas resumidas num prato prático e convidativo ao bolso.
O fenômeno cresce de tal maneira que de coadjuvante de feiras e congressos os Food Trucks passaram a ser protagonistas nos seus próprios encontros, dividiram comida e bebida numa epidemia de cerveja artesanal e os mais diversos segmentos da gastronomia. Pizzas, hambúrgueres, frios, hot dogs, veganos, sorvetes, cafés, entre outros pratos menos comuns nas ruas como sushis, massas e caldos fazem a alegria das novas juventudes que hoje frequentam em massa esses encontros diurnos de comes e bebes.

Aqui no extremo sul a reverberação chegou em grande estilo, nos últimos três anos em Pelotas e agora em Jaguarão, os festivais de Comida de Rua vem ganhando força e um público exigente que faz do seu sarau dominical o ócio para desfilar seu modelito e compartilhar um momento saudável com os amigos. Regados à música os eventos de rua se estendem pelas tardes à noitinha e deixam um ar pitoresco nas ruas das cidades, sua maneira cult de deixar uma sequela de festa junina ou quermesse encanta as mais ecléticas gerações. A Comida de Rua veio pra ficar, propiciar um encontro e um bate papo informal com um estranho, unidos apenas pelo prazer de saborear um prato urbano nas lidas do dia-a-dia.

Receitinha de hamburguer de rua 
 
75 g de carne moída misturada com as mãos em 15g de farinha de farinha integral peneirada, 1 cebola pequena bem picada, tomilho, pimenta preta do reino moída na hora, sal, azeite e micro cubinhos de toucinho. Formar o hamburguinho com formato mais grosso do que fino e selá-lo em frigideira muito quente. Num pãozinho novo à sua escolha molhar suas folhas interiores com maionese de oliva, e mostarda de Dijon, esperar com uma salada de broto de alface, tomate assado, e pimentões salteados. Antes de acrescentar o hambúrguer ao pão, mandá-lo para o forno com uma fatia de queijo coalho até derreter e terminar de cozinhar a carne, uns 12 minutos. No pão, servir com um ketchup picante.

Edição de 16/09/2015 Ano VI nº 230

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A volta dos Mercados Públicos (parte II) por VicentePimentero

Minha nova rotina de cozinheiro se deu nesta sexta passada, na banca 4 do Mercado Público de Pelotas às nove da manhã. No dia anterior aproveitei a feira orgânica que se acampa ali no largo do prédio histórico e me muni de hortaliças, legumes, vegetais e ervas aromáticas. Dei uma volta olímpica pelos corredores e as quatro torres e pude garantir o peixe do ceviche, um belo atum, firme e quase rosa, as azeitonas gregas e alguns insumos integrais como farinhas e derivados. Observei também que tem vinho, temperos, funghis, salames, queijos, castanhas, cachaças, conservas, secos e molhados em geral. Posso cortar o cabelo também numa dessas pressas cotidianas. 

E enquanto isso faço uma fézinha com o bicheiro. Enquanto o pessoal do Bra Pel fala de futebol me informo sobre o vai e vem da dupla rival. Tenho à la minuta do lado esquerdo e do lado direito do meu local, ali posso sentar e observar as pernas frenéticas da população que vai pra lá e pra cá, costurando o centro da Princesa do Sul. Aquele entorno te faz pensar em outras épocas e na imponente lembrança desta cidade que escreve junto às primeiras cidades do Brasil a história do país. Foi aqui que se desenvolveu grande parte da economia do extremo sul e que naquele então fazia frente com as grandes economias do centro do país, e aí vem aquela história toda do charque e o gado xucro. Mas ainda contemplo essas pedras velhas e sorvo um café, ali do meu amigo castelhano, dividindo o frio confuso que avisa a chegada da primavera. Faço fogo de lenha, tempero as carnes e enrolo os vegetais marinados em alumínio. Divido um chimarrão com algum vizinho ou passante enquanto o Tato, meu brother, abre os sobrelones e ali começa a se armar todo o clima folclórico do Mercado.

Fico ansioso por ver o Mercado de Jaguarão prontinho e atuante. Será ali que me acomodarei para tomar uma cervejinha à sombra das figueiras. Volto mais rápido que um Rainha até Pelotas, o que não é difícil e esquento uma panela de barro a lume forte, ali mexo o entrevero de carnes com fundo de legumes e se alguém aparecer com fome de anteontem posso surpreender além do cardápio, que já é um mimo. Tudo ali é possível, os pratos devem ser ecléticos e sustentar qualquer bolso. O tempero tem que ser caseiro, pois ali, naquele sítio nostálgico, um caldo ou um arroz, deverão lembrar mamãe ou vovó, isso nos dará uma pausa no tempo, apara contemplar nossa própria existência e imaginar um horizonte indiferente às selvas de pedras da civilização descivilizada. Ponho a tocar meu rádio AM, o mesmo que me acompanha em todas as cozinhas, desde as épocas do saudoso Fondo Blanco até o fogão de quatro bocas do meu apê. Ali o som se propaga agudamente, como um filme em preto e branco, como o chiado do vinil, com a melancolia dos Mercados Públicos.

E para terminar deixo a receita do Carusso que faço para acompanhar o Entrecot à punta de llamas, o roubo da receita do capelletti e tento deixar todo o amor de mãe impregnado nos aromas do creme amadeirado, a todos um bom apetite, e nunca esqueça, antes de começar a comer, brinde, agradeça e saboreie como se fosse sua última refeição, afinal, vivemos todas as vidas nesta mesma vida.

Carusso à moda Pimentero

Numa frigideira véia e bem aquecida derreta manteiga e azeite de oliva, em seguida junte fatias quase transparentes de cebola e champignons tipo Paris, de preferência in natura. Mexa devagar e assim que dourar tempere com pimenta do reino preta moída na hora e uma pisca diminuta de sal. Cubra com molho de soja reduzido em 50% de sódio ou light, e retire do fogo, sempre mexendo. Logo acrescente queijo parmesão ralado na hora e uns duzentos gramas de duas natas diferentes, uma mais líquida e outra mais cremosa. Volte ao fogo lento mexendo até misturar tudo, desligue e jogue em cima da carne, da massa, ou de uma cumbuca de vegetais salteados.

Edição de 09/09/2015 Ano VI nº 229
 
 
 
 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A crise, mental por Vicente Pimentero


Estabeleceu-se a crise. Mental. Num emaranhado de contradições, vivemos a mercê do sensacionalismo midiático. O Mundo, desde que foi Mundo, viveu em suas crises. Pois fomos os homens, famintos de instintos de posse e domínio, que geramos essas crises socioeconômicas e ambientais, logo, existenciais.

O frenesi poluente das massas não desacelera, mesmo com a tal da crise. Enquanto o comércio de supérfluos entenda-se Shopping Centers, Estádios de Futebol, Pub's, entre outros, continuam recebendo públicos expressivos, a televisão tenta intimidar e associar a crise a outros fenômenos sempre existentes, como a segurança pública.

Como que já não importa o governo, aqui ou acolá, a crise está em cada um. Não há uma sociedade organizada em boicotar o sistema, continuamos apresentando uma sociedade egoísta que não abre mão, nem de suas zonas de conforto, como de uma alternativa sustentável, seja ela ecológica ou de higiene mental.

A adaptação sobre novos tempos consiste na consciência de sustentabilidade, ou ao menos, podermos nos aproximar dela. Dependentes de consumo incontrolável, trocamos os valores, vendemos nosso tempo com o triste intuito de não cair na pirâmide social. A revolução mental é necessária, interessar-se pelos problemas que causaram tudo isto, nessa tal de crise que nos vendem, vem de uma postura ética centenária, ou milenar, do caráter distorcido do ser humano.

Numa visão positiva, e já falei disso numa outra oportunidade, começa um tempo de despertar, de refletir, de buscar novas saídas para pequenos problemas sociais, misturando gerações que podem e devem deixar algo interessante na sua passagem pela história. A ciência precisa de comunidades articuladas para continuar a engrenagem dos desenvolvimentos que não agridam, nem as camadas sociais, nem o meio ambiente, e nem suas inter relações. A harmonia depende desse elo entre sociedade e tecnologia. A mente atual está em crise, não dialoga, interna ou externamente.

Concluo que a alquimia atual entre o homem e a terra desprende-se da sensatez, há uma forte onda negativa impossibilitando essa nova era de mudanças inteligentes, aonde o valor humano e a postura social conduzam a novas civilizações.

A crise está na gente.

Edição de 02/09/2015 Ano VI nº 228




sábado, 5 de setembro de 2015

Todos pela Santa Casa por Vicentepimentero

No domingo passado tive o privilégio de participar do super abraço que a cidade deu a Santa Casa. Como todos sabem, o hospital, assim como outros no Estado, está passando por uma grande dificuldade. Essas crises não são comuns, e não deveriam ser, mas tem males que vem pro bem. E quando falo em bem me remeto a esse dia maravilhoso do qual lhes conto. Políticas a parte, foi linda a iniciativa de juntar o povo para que, juntos, começassem a dar rumo a esta fase que a nossa querida entidade passa. Um almoço maravilhoso no Lanceiros da Querência. Vi aquela Jaguarão provinciana, mais que uma cidade um bairro. 

Nossa turma, a turma dos músicos, fez sua parte. Mas todos ali fizeram. Levando suas famílias, compartilhando de um super domingo coletivo, onde a compaixão quebrou barreiras e fronteiras. Havia felicidade ali, no semblante das centenas de pessoas que participaram. Eu no meu canto, observando tudo, com a lágrima trancada no peito, imaginando, reverenciando e sendo cúmplice de uma cidade unida, por uma verdadeira causa. Me lembrei do ano de 82, quando minha irmã nasceu, ali, na volta de casa, na querida e imponente Santa Casa. Imaginei quantas pessoas que estavam ali, naquele domingo, teriam nascido no velho prédio da subida da Carlos Barbosa. Vi as enfermeiras, felizes, mobilizadas, no caixa, na copa, no buffet. Havia-se instalado a alegria nos seus rostos, naquilo que é o mais bonito, naquele abraço, naquelas mãos dadas, naquilo que podemos, que somos fortes, onde bastam apenas a boa vontade e o carinho. Ser jaguarense é bem isso aí, jamais abandonaremos nossa cidade, teremos nossas desavenças, brigaremos com ela, por muitas vezes partiremos, sabendo que iremos voltar, com cheiro de saudade e melancolia. Assim me senti naquelas duas horas e meia intermináveis no ônibus que me traz de Pelotas. Quando acordei naquele domingo frio e nublado, já estava ali, pelo posto Panamericano, sorri, por fora e por dentro, estava em Jaguarão.

E como sempre estavam o Gijo e o Boró, os músicos da nossa cidade, não importa a hora, o dia, eles, assim como muitos de nós, estavam ali, fazendo o que mais gostam, cantando, sorrindo. Foi lindo de ver e sentir que algumas pessoas me reconheceram através da voz, relembramos momentos, nos abraçamos, ninguém saiu dali. Como se fosse uma festa no pátio de casa. Ah como é bom ser jaguarense, como é bom vir pra cá. Agorinha mesmo, escrevendo estas linhas me encho os olhos d'água e conto as horas para voltar de vez, meu lugar é aqui, bem pertinho à Santa Casa.

Edição de 26/08/2015 Ano VI nº 227







sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A volta dos Mercados Públicos por Vicentepimentero

Restauro Mercado Público Jaguarão - foto Brasil Arquitetura

Existe um lugar onde o bem comum paira entre caixotes de verduras, artesanatos, secos e molhados, transeuntes e populares, e os aromas de temperos à céu aberto. São os Mercados Públicos. No coração das cidades esses centros foram sempre locais de abundância, novidades e principalmente, grandes locais de trabalho e geração de empregos. Em seus primórdios, navios e carroças chegavam abarrotados de mercadorias para abastecer esses grandes palácios do comércio, couros, grãos, aves, cestos, e todo tipo de mercadoria artesanal e orgânica eram despejados nesses templos que até hoje vivem e sobrevivem nas grandes e pequenas cidades históricas do país.

De norte a sul, os Mercados Públicos dão aquele charme arquitetônico e genuíno que destaca e traduz os poderes estéticos da cidade e de seu povo. É ali que se encontrarão a preços justos as iguarias ou objetos que caracterizam o seu povo. Se quisermos conhecer a cultura local nada melhor que uma visita ao Mercado de sua cidade, cachaças, melados, sandálias, especiarias, panelas, lembranças, berimbaus, tambores, frutas, hortaliças, poções, elixires, brinquedos, sais, incensos, e infinitas raridades se encontrarão nesses feirões entre ferro e paredes antigas. No Mercado antigo do Recife os peixes são expostos ali, à moda antiga, na intempérie e calor seco do nordeste, entre as bancas de caldo e buchadas, misturando os odores e remetendo-nos às mais antigas histórias, as mesmas que ajudaram e ajudam a construir, Brasil de tantas estórias. Na pele de seus vendedores o tempo é recíproco à velhice desses enormes casarões, o sol, as rugas, as mãos calejadas do trabalho árduo, tudo isso nos faz viver mutuamente a vida e a lida dos Mercados. Em São Paulo a imensidão de seus corredores abarrotados de conservas, anchovas, sucos, batidas, fiambres e queijos, dão lugar ao clássico sanduíche de mortadela, não há como visitar a cidade da garoa e não visitar seu Mercado Público, seria quase uma ofensa pro paulistano. Em Florianópolis a banca 35 e sua tradição em petiscos e folclore turístico, em Porto Alegre a salada de frutas da banca que não me lembro do número, mas que fica no térreo. O bar naval, os choppes, e os imigrantes que colonizam fielmente as lojas de insumos, delicatessen, umbandas, cafés.

Descendo ainda mais, chegamos ao Mercado Público de Pelotas, recém-aberto, nessa nova etapa depois da reforma. Em poucos meses ganhou novamente vida de Mercado. Feira da Pulga, Samba, Cafés, e a torre contemplada como nunca, seu desenho, sua luz, um símbolo para a Princesa do Sul. E têm frutos do mar, parrilla, pizza, temperos, cachaças, floriculturas, cabeleireiro, cheio, gentes interessantes, que escolhem um café para ler, contemplar, fotografar, e por que não dançar.

Ah que beleza a velha nova vida dos Mercados Públicos. E as figueiras de Jaguarão, suas sombras esperam ansiosamente que abram as portas do nosso velho e majestoso Mercado. Ali também teremos um tempo para parar um instante no tempo e apreciar aquilo que sempre nos pertenceu e que nos põe entre as cidades que desenham a história deste sofrido Brasil.

Um lugar para aproveitar, uma casa de vó, um Mercado só pra nós e pra aqueles que amam nossa cidade.


Em breve, muito breve, me verei escrevendo sobre esta cidade única bebericando um suco, um café, um chopp, e vendo que se existe história, existe um Mercado Público. Saúde!!

Edição de 12/08/2015 Ano VI nº 225




terça-feira, 11 de agosto de 2015

Em Jaguarão o tempo é outro - Por Vicente Pimentero

Sabem que? Em Jaguarão o tempo é outro. Pensava essa frase pra definir o Uruguai, mas estamos tão colados a sua cultura e sua maneira de pensar, que nos falta apenas, aderir a sesta das duas da tarde e conseguir andar de bicicleta tomando mate. Percebo isso cada vez que chego na cidade do meu coração. Passei aqui parte das férias do meu guri, e saí pra fazer o que mais gosto, aqui ou onde seja, saí pra caminhar e contemplar a cidade. Vou vendo a cidade envelhecer e as pessoas envelhecendo na velha cidade. As estatuetas nas fachadas dos casarões transmitem aquela paz que vista de cima, lembra um cemitério vivo de almas que estão e não estão aqui. Jaguarão tem disso, mantém na saudade, na lembrança, e nas suas figuras típicas o jeito jaguarense de ser, viver e pensar. Os minutos não são pontuais, uma ida ao Prado ou a Lagoa podem significar uma regressão, podem representar uma viagem no tempo, podem nos levar a um estudo antropológico espontâneo, pois Jaguarão inspira, e respira, mesmo que à cegas, cultura por todos os poros, do Corredor das Tropas aos velhos paralelepípedos do Centro alto. 

Nunca andei de Dias, logo eu, que adoro um bus. Talvez pela vontade que sempre tive de caminhar. Os trajetos da minha casa ao futebol, ao Liceu, ou aonde fosse que seja, me deram vida, me deixaram aproveitar o tempo de outra maneira. Herança da minha mãe, que sempre me fez caminhar e observar tudo. Quando estamos ligados ao nosso redor o tempo é outro. E em Jaguarão é assim, a cidade anda com a mesma velocidade de sua pacatez. Sobra tempo para ir ao banco e no caminho ou na mesma fila jogar conversa fora com conhecidos desconhecidos, e se bobear, e não estiveres dirigindo, já se dá um pulo ao Uruguai e se sorve uma cerveja de litro, à moda. E como aqui a chuva é comum em diversas épocas do ano as pessoas se acostumam desde todo um sempre a não carregar guarda chuvas ou capas, aqui fica o triangulo das bermudas do clima. Conseguimos, numa breve fitada sobre o horizonte que nos sobra, saber se os churras do fim de semana serão a céu aberto ou trancafiados na volta da lareira. Temos a vida e a lida do campo e também da praia em plena cidade. Em Jaguarão o tempo é outro, o barco puxa areia e a carroça o ouro.

Tudo neste cantinho do mundo me faz parar no tempo. A Ponte nos dá a impressão longitudinal de uma imensidão de fronteira, uma coxilha de trilhos que vestem sépia. Uma fotografia parada no tempo que atravessa gerações de povos, numa película borrada pelos ares fronteiriços. Uma verdadeira ponte da amizade, uma integração doble chapa de forasteiros de divisas, um retrato atemporal dos pampas e suas mais belas estórias.

E hoje, justamente próximo ao dia que ganhei um toca cinta, de um grande amigo, vejo que em Jaguarão que o tempo é outro, e lembro das Carroças, las Volantas que nos levavam a escola, dos Vinis do Má Companhia Bar, das pequenas manivelas dos aparelhos telefônicos da Lagoa que te conectavam com a telefonista, da época do Trem, das noites da Escuela e seu cartaz que hoje estaria em voga "bicicletas al fondo".

Edição de 06/08/2015 Ano VI nº 224 
 
 
 



quinta-feira, 30 de julho de 2015

A cultura do Happy Hour - por vicentepimentero


Desde que me conheço por gente o termo happy hour, que notoriamente se refere à hora mais feliz do dia, criou-se para exaltar o fim de tarde, o momento de afrouxar a gravata e relaxar na dose de uma boa bebida, petisco e companhia.


Aqui no sul e principalmente nas cidades do interior, o happy hour é um evento, não se entende como momento informal de fim de tarde, onde as pessoas confraternizam numa passada rápida pós-expediente para um bate papo e logo um desprender dos compromissos diários, um momento único para atravessar o portal do descanso e do relaxamento.

Nestas culturas provincianas, ainda as reuniões sociais soam como saraus à moda antiga, eventos genuinamente formais, onde existe o olho exigente da mesma sociedade que julga a postura ou os bons costumes morais, aquele dogma antiquado das velhas épocas. Igualzinho.

É necessário aplicar o happy hour com a índole que marcou a cultura dos navios europeus, que desafogavam seus marinheiros com horas livres para a prática de esportes ou o ócio ao ar livre. Hoje as empresas apostam em proporcionar ambientes holísticos para melhor desenvoltura dos seus funcionários. Para uns a meditação é o mais apropriado, para outros o velho e bom happy hour dos bares sugere um conforto físico e mental, ainda há os que primam pelo condicionamento físico e é nas academias que liberam todas essas energias acumuladas e canalizadas no decorrer do dia.

A essência do happy hour é no pulo rápido a um bar próximo da oficina ou do local de trabalho. É a conversa fora jogada com o vizinho de plantão, o comentar do cotidiano durante a hora do rush, enquanto as pessoas voltam para casa depois de uma jornada árdua de trabalho e dedicação.

O happy hour fica entre o caminho do trabalho e o de casa, jamais o contrário. Existe um intervalo entre as obrigações laborais e domésticas. Esse é o intervalo do Happy Hour, um convite à ociosidade da mente, da alma. Onde por instantes, mesmo em meio à voracidade urbana, damos uma pausa no elementar do nosso físico, nosso bio ritmo, onde deixamos que a apneia da nossa linha cronológica fique um tanto espacial, num trecho inimaginável do nosso tempo, o tempo para o relaxamento, uma lacuna, e, principalmente na maneira de ver, praticar, pensar e viver as coisas. A todos um excelente happy hour!!

Edição de 22/07/2015 Ano VI nº 222


sexta-feira, 10 de julho de 2015

A Copa América dos chilenos - por vicentepimentero

O Chile abraçou o tão almejado prêmio de seleções continentais de forma inédita, desengasgou de uma longa história sem troféus na cristaleira e em meio a um torneio conturbado por tenebrosas atuações da arbitragem. Há de se dizer que a seleção de Sampaoli passou por seleções fortes e resistiu a uma corrida contra o tempo, contra o nervosismo e a responsabilidade de ganhar aquele primeiro título, entre empates e vitórias muito acirradas conquistou a Copa América 2015.

As finais de terceiro e quarto e de primeiro e segundo lugar mostraram o que realmente foi a desenvoltura do torneio. O Peru confirmou seu excelente novo momento da mão de Gareca, o técnico argentino organizou um futebol de muito toque de bola e pouca definição. Soube utilizar bem seus talentos e criou uma defesa coletiva com o meio de campo, formando um time admirável e coeso, mereceu e poderia ter surpreendido o Chile, e por que não, logo, os argentinos. O Terceiro lugar do grupo incaico alerta para as dificuldades que se encontrarão nas eliminatórias, uma vez que, o terceiro melhor time da América, em torno à seleções, não foi à Copa passada e seu bom momento o fará disputar por essa vaga. Por sua parte o Paraguai também deve estar satisfeito de estar entre os 4 melhores do continente, também ausente na Copa do Brasil em 2014, os rayados guaranís também estarão confiantes em retornar à elite do futebol mundial, no seu campinho, já o conseguiram.

A Argentina demonstrou cansaço no final do torneio, e o preparo físico deveria ser a prioridade do técnico Martino, um time com o elenco dos albi celestes não poderia se dar ao luxo de perder uma final por desgaste físico. Notoriamente exaustos de suas temporadas, em sua maior parte na Europa, os companheiros de Messi e inclusive ele, arrastam esse cansaço físico, somado ao mental, desde a final da Copa do Mundo. Se o futebol não fosse tão mercadológico, as seleções sul americanas poderiam usar uma maior porcentagem de jogadores locais, evitando ofuscar as grandes estrelas e ainda possibilitando a renovação das mesmas.

Em fim o Chile, um time que mostrou na Copa do Mundo que começava ali uma equipe, uma legião de talentos que talvez não existisse em outras seleções chilenas, e se pôs à prova em sua Copa, o maior desafio, dever de casa e conversa interna. O futebol chileno precisava desse título. Para eles não importa os descarados ajustes do apito, a Copa América está lá, e a cada final de jogo confirmou-se, o Chile é o atual campeão e defenderá o título ano que vem, nos Estados Unidos, numa edição especial de 100 anos de Copa América. Até lá ficaremos com a imagem do Alexis Sanchez e seu refinado último toque para as redes argentinas.

Edição de 08/07/2015 Ano VI nº 220




quinta-feira, 9 de julho de 2015

Vicente Pimentero no Tu Casa nesta sexta feira.


O título já diz, o músico uruguaio Vicente Pimentero volta a apresentar seu show vuelo y pimientas em formato eletro acústico e com a banda da Trip Latina de fundo, num formato intimista que mistura e intercala canções dos dois discos gravados com Pimenta Buena e as novas do trabalho Vuelo Libre, com lançamento previsto para este ano. O show é nesta sexta feira (10) e está marcado para as 22hs. Reservas limitadas. Informações no local, Tu Casa, na Rua XV de Novembro, 527.

Músicas de violão e voz acompanhadas por semi acústica e a introdução de outros instrumentos como cajón, tambor, baixo e trompete trazem as cores do candombe urbano que caracteriza o músico. A Trip Latina, formada por Adriano, Federico, Rodrigo e Boró fazem a fusão de culturas e ritmos deixando levas de rock hispânico e releituras "daquilo que a gente escuta", segundo os músicos.

Edição de 08/07/2015 Ano VI nº 220



terça-feira, 7 de julho de 2015

Copa América, os 4 melhores do Continente - Por Vicente Pimentero

Não tem Brasil e nem Uruguai, a fronteira continua a assistir o maior campeonato de seleções do Continente sem os países hermanos. Ambos jogaram sua realidade atual e mostraram que o processo de renovação pode vir a ser longo e complicado. Sabemos que há muito tempo não tem mais bobo no futebol, os sacos de pancadas sumiram, pelo menos na América do Sul, com exceção da Bolívia que continua com um futebol medíocre e sem futuro.

Na peneira das quartas de final confrontam-se em dois jogos de tirar o fôlego as quatro seleções, que ao meu ver, são sim as melhores do Continente. As semi-finais da Copa América serão representadas pelo jogo de combate e não o jogo bonito. Tanto Chile, Argentina, Paraguay e Perú jogam em cima de marcações fortes e um futebol moderno, como citou meu amigo Felipe Rosales, diferentemente do jogo retrancado do Uruguai ou o jogo burocrático e sem graça do Brasil e da Colômbia.

O Chile, sorrateiro e desesperado por levantar um título importante e internacional pela primeira vez, chegou à Copa, talvez, com a melhor seleção de todos os tempos da terra de Allende. Nem na época de Salas e Zamorano o time de Sampaoli conseguiu reunir tantos jogadores habilidosos, e o melhor, do meio pra frente, o que o faz ser um time goleador e difícil de aguentar quando pressiona. Ainda mais em sua casa, onde tem assistido ao espetáculo de um grande público de um povo fanático necessitado de copas.

O Perú, adversário do anfitrião, mostrou desde o primeiro jogo, mesmo com a derrota para o Brasil, que veio da mão do técnico Gareca para jogar futebol. Veio retocar aquele detalhe que o põe entre as quatro melhores seleções da América e que, se jogar bola nos 90 minutos da semi, sem se retrancar, pode surpreender e brigar pelo título com o vencedor do outro confronto. Volto a destacar o jogador Farfán, o meia atacante desenvolve com Lobatón todo o tramite bem jogado do meio de campo Incaico.

A Argentina vive num relógio de areia, tão desesperada como o Chile, para dar a sua torcida um caneco levantado pelo seu astro Messi é a que chega com melhor desempenho no torneio, não em gols, mas em posse e toque de bola e em finalizações. Digo que a Argentina é a Alemanha da América. Consolida uma base de jogadores trazida desde o começo da década e apresenta o elenco mais equilibrado de todos. Em todos os aspectos o ex-time de Maradona é o grande candidato. Vice no mundial e dona de um retrospecto justo a albi celeste está com fome de taça e com sangue no olho, pronta para passar pelo Paraguai.

O Paraguai chega à semi com mérito de poucos. Fez uma ótima campanha, considerando-o como um dos menos cogitados à classificação. Conseguiu empates com as tradicionais seleções da Argentina e do Uruguai, e segurou o Brasil, também com empate, que vinha no seu melhor momento, no embalo da renovação e da adaptação. Contra a Argentina procurará seu jogo épico, cientes de que uma semifinal é quase um cartão de visitas para demonstrar a fibra e identidade do finalista. Quanto mais batalhada seja a luta melhor chega-se ao duelo do dia 04 onde se conhecerá o novo campeão das Américas.
A propósito, os quatro técnicos são Argentinos.


Nos palpites anteriores acertei em partes os empates dos jogos do Brasil e Argentina, porém com gols, a esperada vitória do Perú, errando na precisão do resultado, e como bom torcedor errei o jogo que eliminou o Uruguai.
Para esta rodada palpito:
Chile 2 x 1 Perú
Argentina 1 x 0 Paraguai

Edição de 02/07/2015 Ano VI nº 219





sábado, 27 de junho de 2015

Como chegam as seleções às quartas de final da Copa América - por Vicentepimentero

Há quem oscila entre torcer ou acompanhar a Copa América, mas se pararmos pra pensar, as semelhanças com a Libertadores fazem deste torneio um dos certames que mais identificam o futebol do continente. Sua história exige a aplicação das seleções e a reorganização das mesmas para as eliminatórias e confronta em seus clássicos e etnias a marca que traça sua trajetória. Prestes a completar seus 100 anos, a Copa América Edição Chilena está apresentando um futebol equilibrado entre as principais seleções.

Depois de uma primeira fase com algumas surpresas e classificações truncadas como o próprio futebol sul americano é, desenharam-se as quartas de final com jogos interessantes e pouco previsíveis. O Chile tem sua primeira guerra de morte, com o algoz de duas edições anteriores, na Venezuela 2007 e na Argentina 2011, onde o Uruguai eliminou o anfitrião. A Celeste Olímpica chega descompromissada, sem Suárez e Cáceres e sem achar ainda um bom futebol, conta ao menos com um banco versátil que possibilita ao Maestro montar diferentes formações acompanhando a necessidade da ocasião. O Chile, como gosta, com a torcida embalada depois da goleada contra a Bolívia, tentará manter a posse de bola no meio de campo ofensivo e pressionará o Uruguai até o último suspiro. O espírito do bom futebol de seus craques está em alta, Vidal, Aránguiz, Sánchez, Valdívia, Medel. Se passarem pela atual campeã será grande candidata ao título inédito.

Do clássico Incaico Peru e Bolívia sairá o adversário do primeiro jogo. Ambos com pouco aproveitamento na copa chegam a apostar tudo num futebol com pouca criação e submisso aos talentos de Guerreiro e Moreno. No Peru destaque para Farfán, o meia ofensivo dá uma qualidade à seleção peruana que pode desiquilibrar o confronto.

O Brasil melhora a atitude, mas ainda não apresenta um bom futebol, contra o Paraguai terá que fortalecer o combate, um jogo muito equilibrado que poderá se estender aos pênaltis como na edição passada. Com a bola no chão a seleção de Dunga pode levar uma boa vantagem, o Paraguai pipoca muito a bola e impossibilita o domínio do adversário. Um jogo para uma escalação mais compacta no meio de campo, da parte do Brasil e de saída rápida de bola para um Paraguai que supostamente jogará retrancado.

O jogo entre Argentina e Colômbia convida para um jogo de muito toque de bola e de muita correria, com características parecidas, argentinos e colombianos ainda esperam o despertar de seus craques, Leonel Messi e James Rodríguez, usufruem de um elenco de talentos, Tevez, Aguero, Falcón García. Haverá uma grande chance de ser um dos jogos mais bonitos da Copa. Desse confronto poderá sair o clássico Brasil e Argentina na semifinal da copa chilena.

Os palpites deste cronista:
chile 1 uruguay 2
peru 2 bolívia 0
argentina 2 colombia 2 (4x2)
brasil 2 paraguai 2 (5x2)

Edição de 24/06/2015 Ano VI nº 218


terça-feira, 23 de junho de 2015

A Copa América "primeira rodada" por Vicentepimentero

O futebol tem dessas coisas, se não fosse tão imprevisível não seria tão magnífico. Não foi diferente na primeira rodada do torneio continental que está sendo jogado no Chile. Fora a estreia da anfitriã, com uma pequena ajuda do juiz em pênalti mal cobrado e o jogo feio no empate da Bolívia com o México, os outros dois grupos deixaram em alerta críticos e sábios do futebol. Nos confrontos do grupo B, Uruguai encontrou dificuldades para ganhar da Jamaica, o time centro americano mostrou disposição e complicou a vida da Celeste, que ganhou com um gol justo do ex-Grêmio Cebolla Rodíguez. Para quem conhece, é normal que a Celeste mostre pouco desempenho com times não favoritos e que surpreenda jogando com os grandes. Atenção redobrada para o Paraguai, que com raça e o melhor jogo dos últimos tempos, a Seleção Guarany saiu com um ponto com gosto de vitória, deixando a imprensa boquiaberta e o time de Messi complicado, já que na próxima partida enfrenta o Uruguai no clássico do Rio de la Plata. Ainda, a Venezuela, confirmou que já não é mais aquela Venezuela de antes e derrotou a Colômbia, que para este colunista seria a grande candidata ao título depois da albi celeste. Por último a Seleção Brasileira, começando a se reestruturar depois da Copa do Mundo e com um futebol mais solto, porém, dependente da boa vontade de Neymar e da concentração de sua zaga, que novamente, da mão de Davi Luiz, propiciou uma cena patética aos 3 minutos de jogo no gol do Peru que deixou escapar o empate no último minuto.

Até o encerramento desta edição o Equador praticamente eliminado perdeu em jogo eletrizante para a Bolívia que não ganhava há 18 anos, o Chile e o México empatavam até o final do primeiro tempo e o grupo B com jogos pra terça. Numa rápida análise esta Copa se desenha para os anfitriões, seguidos do vencedor entre Argentina e Uruguay e Brasil claro, que sempre convida ao favoritismo. Entre as surpresas, atenção redobrada para a vinho tinto e os guaranys.

Edição de 17/06/2015 Ano VI nº 217





terça-feira, 16 de junho de 2015

Como chegam as principais Seleções à Copa América - Por Vicentepimentero

Semana que vem começa a Copa América no Chile e os anfitriões preparam uma festa para levantar o mais velho troféu do continente. Quase um século de certame e La Roja nunca conquistou a taça, um título inédito para os jogadores e para o técnico argentino Sampaoli que cria suspense até o último momento mas vai com um time bastante próximo ao que apresentou na Copa do Mundo.

O perfil chileno não revela nenhuma surpresa na sua recente escalação, com os brasileiros Valdívia e Arángniz continua optando por um meio campo mais combativo ao pé da letra de Sánchez e Vargas no ataque, em jogo recente os chilenos perderam um amistoso de virada para a seleção uruguaia com estádio lotado, o que deixou a desejar pela incerteza de sua defesa, o que sobra para o excelente e experiente goleiro Bravo?

Única favorita, a albi celeste Argentina chega na sua perfeita condição para o caneco que deixou escapar na edição passada onde foi a anfitriã. De lá pra cá jogou uma Copa do Mundo e por pouco não foi campeã. São dois títulos que lhe escapam na atualidade e que confirmam o mesmo que a Alemanha confirmou na sua evolução de copa pra copa, um time entrosado num elenco de altíssimo nível. Tendo a maestria de Messi e companhia e mesmo destacando Tévez como um dos principais jogadores, o elenco de Martino é muito coeso, em futebol e preparo técnico.

Um Brasil renovado chega ao Chile com o compromisso de levantar do chão a imagem deixada na sua própria Copa. Aparentemente mais leve, combativa e ofensiva a seleção canarinho chega da mão de Dunga com a mesma eficiência que apresentou em sua primeira gestão. No comando da verde amarela o técnico gaúcho sustém um currículo invejável, e deve abraçar-se à experiência de Robinho e a efetividade de Firmino, deixando Neymar mais livre, dividindo essas responsabilidades, algo que o destino desenhou com a saída de Oscar, um Brasil menos ingênuo.

A Colômbia é um daqueles times que fazem qualquer campeonato ficar bonito. Os cafeteiros, como são chamados os jogadores colombianos, trazem ao futebol a cor tropical daquele futebol brasileiro que se perdeu. Com força máxima, James, Falcão, Armero, Valencia, entre outros, a Colômbia reeditará o jogo contra o Brasil na Copa do Mundo, com a convicção de estar hoje entre as melhores Seleções do Mundo, logo da América.

A Celeste Olímpica chega com juventude e reciclagem na escalação base. Com as ausências de Suárez por suspensão e Cáceres por lesão, o Uruguai do maestro Tabárez aposta na utilização de talentos jovens e preferência para aqueles que vem jogando e se destacando em seus clubes. É o caso do atacante Rolán, do Bordeaux da França, o ex Defensor é um atacante eficaz, voraz, atrevido, e extremamente inteligente, atenção para este charrua que vem fazendo gols em todos os jogos e chamando a atenção dos clubes mais importantes da Europa. Ainda e não menos importante, a atual campeã da América, e dona da hegemonia continental com 15 títulos, mistura a experiência de Cavani, Godín e Arévalo, com as revelações de Sánchez (River), Stuani (Espanyol) e Giménez (Atlétic). Do Uruguai tudo pode se esperar, até perder para a Jamaica e depois incomodar até o final.

Entre as seleções restantes e não menos importantes ficam os destaques para as seleções do México e Equador, seguidas de Venezuelas, Perú e Paraguay, e as menos vingativas, Bolívia e Jamaica.

Tabela da Integração:

13|06 Uruguay - Jamaica (16:00)
14|06 Brasil - Peru (16:00)
16|06 Argentina - Uruguay (20:30)
17|06 Brasil - Colômbia (21:00)
20|06 Uruguay - Paraguay (16:00)
21|06 Venezuela - Brasil (18:30)


Edição de 10/06/2015 Ano VI nº 216