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sexta-feira, 11 de março de 2016

Comunicado: Cancelamento da ação de limpeza na beira do rio Jaguarão


Departamento de comunicação da Prefeitura Municipal informa que,  em virtude do mau tempo,  a ação de limpeza programada para este sábado (12), na beira do rio, foi cancelada. 


A atividade contaria com o envolvimento das escolas da rede municipal, estadual e particular, além das equipes da Prefeitura e Exército com apoio do grupo Kayak Jaguarão.
Nos próximos dias a secretaria de Educação e Desporto irá anunciar a nova data e horário desta atividade, que integra as ações de combate contra o Aedes Aegipty.

Fedor Fascista

Por Marcelo Carneiro da Cunha  do Sul21

Pois estava eu em Congonhas embarcando pra Leal e Valerosa bem no momento em que a nossa estimada Polícia Federal trazia o presidente Lula para um depoimento no aeroporto. Não vi nada, mas senti o cheiro, caros sulvinteumense, e fica aqui a informação que pode ser útil nesses tempos: fascista fede.
O odor era de uma mistura de bílis com criolina e invadia o aeroporto, subindo o saguão até a rampa de embarque. Alguma coisa do mal andava por ali, só a gente, embarcado e sem celular não sabia. Um conhecido meu falou depois que também estava no aeroporto e caminhou diante dos manifestantes anti-Lula que berravam ensandecidos no saguão. Diante de cada um ele falava a palavra mágica: fascista. Fascista.
Claro que eles não sabiam o que queria dizer, e se conheciam vagamente o significado, não sabiam soletrar, óbvio. Fascista é assim. É, sem sequer saber direito o que é.
O que estamos vivendo é sim fascista. Não é só isso, mas também é isso. Essa imposição goela abaixo de regras desumanizantes faz parte do fascismo. Nos anos 30 e na Alemanha eles tornaram os judeus seres indignos de caminhar pelas ruas de Berlim. Em 2016 eles tentam fazer a mesma coisa com petistas, com quem quer democracia, com quem quer beleza e não cancro em cada esquina. Fascista é assim. Ele estando dentro, todos os demais estão fora, ou deveriam estar, porque para um fascista a diversidade torna o mundo feio e desagradável. Ele quer o cheiro dele em toda parte, e ai dos limpinhos. Ele quer o mundo dominado por fedor, por intolerância e maldade. Ele acredita que o homem só é homem quando é lobo de homem. Ele tem medo de tudo que não entende, e entende praticamente nada.
Estive na Paulista há umas semanas, e havia uma manifestação da direita maluca, aquela bolsonariana. Pois saí de perto por conta não das ideias, porque isso não havia. Não aguentei foi a fedentina, o horror a tudo desafiando a capacidade do desodorante, se é que usam. No prédio deles, o síndico é o Pinochet e o cargo é vitalício. Eles nos odeiam porque se veem nos nossos olhos, e percebem o horror que provocam e odeiam o Lula. Essa parte nós não entendemos. Porque alguém iria odiar o Lula? O que ele fez de tão mau, além de ter ocupado a presidência da República por oito anos, o único sujeito da classe trabalhadora que jamais chegou lá?
A direita não odeia simplesmente porque o sujeito merece o seu ódio. Ela odeia como princípio. Ela odeia porque sem ódio não há odor corporal, e ela quer ser temida, já que não consegue, jamais, ser amada. Ela odeia o Lula porque ele tem o que ela jamais terá: coração.
Dito isso, quero deixar claro que acredito sim que todo mundo está abaixo da lei, Acredito que todo mundo pode ser alvo de investigação, e que o país precisa dessa visão igualitária de deveres e direitos, algo que NUNCA houve aqui.
E quero deixar claro que não acredito que esse seja o objetivo dessa investigação do Moro. Investigação de verdade não vaza mais do que a pia da cozinha aqui de casa. Investigação de verdade é discreta. Investigação de verdade não é marcada pra hora em que a tevê aparecer.
Um sujeito investigado dessa forma não vai ter, nunca, o seu direito à Justiça respeitado. Eu não tenho nada contra eles investigarem o Lula, mas não é isso que eles estão fazendo. Não estão investigando, estão condenando. Não estão investigando, estão vazando. Vazamento atrapalha investigação, pra quem não sabe. Quem vaza tem uma agenda. Qual é a deles?
Aqueles seres vociferantes e fedorentos no aeroporto, os mesmos que vi na Avenida Paulista, não estão ali por conta da corrupção, da criminalidade, conta a pobreza ou qualquer outra parte do nosso mundo que choque os bons de coração, como você ou eu, caro leitor. Eles estão ali porque odeiam. Estão ali porque expressar sua raiva os faz se sentirem moralmente superiores. Estão ali porque Lula representa o que eles mais temem sobre a Terra: igualdade.
Lula pode ter cometido o que dizem que ele cometeu. Não sabemos, porque sequer existe uma investigação digna do nome. O que se sente é que eles já gastaram dinheiro com lenha e agora se trata apenas de justificar a fogueira e colocar o Lula e o PT a queimar nela. Tão somente isso.
Levaram pra Congonhas, muito certamente queriam levar para Curitiba, mas alguma coisa deu errado. Eles estão abusando, ofendendo e tentando levar na truculência.. Sabem quem adota isso como método de trabalho? F-a -s-c-i-s-t-a. Eles se sentem mortalmente ofendidos porque tiramos o Brasil dos que eram seus ilegítimos donos desde 1500. Não perdoam e querem vingança. O cheiro simplesmente chega antes. O resto vem por aí, se a gente deixar.
Eu acredito haver suficientes elementos para acreditarmos que muita coisa errada foi feita, por gente de todos os matizes e partidos. Investigar isso é uma obrigação, inclusive da Polícia Federal. Mas, investigar honestamente, não com um archote na mão, doido pra tacar fogo e ver se queima.
O que a gente vê por aí é a direita em sua versão extrema, fascista, espalhando seus odores pela atmosfera cada vez mais poluída da nossa vida política. A direita passou muito tempo no canto escuro onde se reproduz, e agora acha que o lugar dela é aqui, entre a gente. Não é, não deveria ser. Estar entre a gente é pra quem respeita gente. Estar entre a gente é para quem quer justiça, não linchamento. Estar entre a gente é coisa pra gente, coisa que eles não são, ao menos não por inteiro.
Podem gritar, esbravejar, mandar matar. Eles seguem sendo o que são, pra todo o sempre, e o cheiro que exalam mais do que os revela, os define. É simples assim, e nada mais.
Marcelo Carneiro da Cunha é escritor