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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Atualização do IPTU gera polêmica em Jaguarão

Por onde se passa, seja nos bares, restaurantes ou esquinas o assunto é o mesmo: o reajuste, ou a atualização do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Durante toda a semana passada a oposição se manifestou contra o Projeto de Lei de n° 202 do Executivo Municipal. Tanta foi a polêmica que o projeto não entrou em votação na última sessão de 2014 da Câmara de Vereadores.

Secretário Pedro Caetano: não se trata
de reajuste, mas sim de atualização 
De acordo com o Secretário de Planejamento e Urbanismo, Pedro Caetano, não se trata de reajuste de imposto (alíquota) e sim de atualização da avaliação dos imóveis, que ocorrerá de forma genérica de acordo com a nova metodologia apresentada.  

“Toda a proposta foi fundada com base em estudos de empresa contratada pelo Município para esse fim e homologada por comissão criada para debater a proposta, que foi discutida amplamente por representantes do Executivo, do Setor Imobiliário, do Comércio, da Engenharia e de Lideranças Comunitárias. Deixando claro também, que o Município tem obrigação constitucional de manter atualizado o valor venal dos imóveis, tendo sido cobrado fortemente pelos órgãos de controle externo e interno”, conta Caetano.

Mesmo se aprovada, a lei passará a vigorar somente em 2016, devido a necessidade da anterioridade da lei.  Para o Secretário, a lei trará alguns benefícios para as relações tributárias. “Destacamos a promoção da justiça tributária, pelo fato das medidas isonômicas aplicadas e diferenciação do valor dos imóveis pelo padrão de construção, ou seja, basicamente será fixado um valor por metro quadrado para imóveis populares diferentemente de imóveis de alto padrão, contrastando com o atual modelo de pontuação que limita essa diferenciação, causando que muitas vezes imóveis rústicos em mau estado de conservação sejam supervalorizados em comparação aos de alto padrão. Haverá também a simplificação do método, evitando a desatualização da planta como ocorreu no passado, não sendo mais necessário identificar características internas dos imóveis para sua avaliação. Outro benefício é a redução da alíquota e o desconto aplicado que irão favorecer a aplicação da função social dos imóveis”.

O Município também está realizando o recadastramento imobiliário, através de medições georreferenciadas, que estão sendo executadas pela mesma empresa (Safra Planejamento), que de alguma forma atualizará as áreas construídas dos imóveis alteradas desde a última medição trazendo também uma atualização natural do valor desses imóveis. Esse efeito da atualização cadastral deverá vigorar já no IPTU 2015. “O georreferenciamento urbano trará simultaneamente grandes benefícios para a população no sentido de informação, planejamento e distribuição dos serviços públicos, haverá maior compreensão da nossa cidade”.

Ver. Rogerinho é favorável à regularização
de imóveis urbanos, mas contra aumento no IPTU
Já o vereador Rogerinho (PSB), que representa a oposição, diz ser contra a atualização por se tratar de “aumento abusivo” do IPTU.  “somos absolutamente contrários porque os valores atualizados são exorbitantes, fora da realidade da população. Podemos citar por exemplo o caso  de Pelotas, onde a mesma empresa realizou o serviço  , tendo em vista que o calculo venal utilizado é o mesmo. Tem casos que aumentaram 1000% no IPTU. Por isso discordo da posição do atual Prefeito que defendeu o projeto para fazer justiça social na cidade. Pegando o caso de Pelotas foi uma injustiça social com todas as camadas da sociedade”, afirma.

O Vereador diz ainda que no trata da regularização dos imóveis urbanos que estão irregulares a oposição é favorável. Ele reconhece que o Município está deixando de arrecadar um montante que poderia retornar para a população em melhorias de ruas, iluminação e limpeza urbana.  “Propus na Audiência Pública que discutiu o tema que fizéssemos Audiências Públicas descentralizadas nos bairros para que o Executivo Municipal e o Prefeito explicassem para população o porquê desse aumento abusivo no IPTU na cidade. Também propus o desmembramento do Projeto tratando as matérias separadamente”.

Pedro Caetano considera irresponsável qualquer especulação em relação à variação média do imposto considerando a nova proposta e, completamente equivocada em se tratando de uma proporção fixa. “Seria necessário classificar a tipologia de todos os imóveis para se estabelecer essa média, fato que até o momento não ocorreu. Após uma amostragem, efetuando-se algumas classificações, observou-se que devido às medidas propostas na legislação, ficou provada a eficácia da proposta do governo municipal em proteger as construções populares, geralmente de propriedade de famílias de baixa renda que, em alguns casos, foi reduzido ou até mesmo isentado o seu IPTU. De fato, o maior impacto foi percebido nas construções de padrão mais alto, já que atualmente encontram-se subavaliados pelo processo estabelecido no passado”.

Segundo a projeção elaborada pela Secretaria da Fazenda para o ano de 2015, o IPTU estará no posto de 4ª maior receita corrente do município, ficando atrás somente do FPM, ICMS e FUNDEB. Estas receitas, bem como outras de mesma natureza são as que são utilizadas para o custeio dos serviços públicos como a manutenção da infraestrutura, a folha de pagamento dos servidores municipais, o transporte de alunos, a merenda, dentre outros. Também é essencial para os investimentos próprios ou para as contrapartidas em obras financiadas com recursos da união e do estado. “O desafio para que seja promovida a crescente e justa demanda da população por mais direitos tem refletido enormemente na adoção de novas políticas tributárias, ao passo em que nesse ponto, muitos municípios encontram-se em um processo recessivo, devido ao insucesso nesse setor. O Governo Municipal hoje vê com otimismo a posição do município no cenário nacional, seja pela realização das grandes obras já concluídas e a realizar, seja pelo desenvolvimento econômico que se confia na implantação dos freeshops e no potencial turístico e na autoestima jaguarense pela valorização do seu patrimônio cultural”, finaliza o Secretário. 

Publicado no jornal Fronteira Meridional em 07/01/2015