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quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Unipampa promove I Encontro Humanístico Multidisciplinar

Entre os dias 3 e 4 de dezembro, será realizado o I Encontro Humanístico Multidisciplinar, na Universidade Federal do Pampa - Campus Jaguarão.

O evento como finalidade promover espaço para discussões, apresentações e debates de trabalhos que possam contribuir para os estudos das Ciências Humanas nas áreas de Linguagens, Artes, Patrimônio, Gênero, Identidade, Políticas Públicas, Educação e Diversidade Cultural. Tendo como objetivo, estimular a investigação sobre o tema na região da fronteira tanto pela comunidade acadêmica como local e regional na perspectiva da profusão da multidisciplinaridade em suas mais variadas vertentes cientificas humanísticas.

Interessados em submeter trabalhos e demais informações, CLIQUE AQUI 




Taxa de Inscrição
Autores de trabalho: R$ 20,00
Ouvientes e co-autores: R$ 10,00
Autores de Mini-cursos: R$ 20,00

Os trabalhos apresentados serão publicados nos anais do evento, através da Revista Conexões Culturais no portal: http://periodicos.claec.org/

Edição de 30/09/2015 Ano VI nº 232






SONHO DE EDUCADOR por Jônatas Caratti *

Por trás de toda palavra há um conceito. Por trás da palavra “professor (a)”, também. Remete a uma educação formal e tradicional que não compartilho. Uma (des) educação acéfala, que coloca o professor num pedestal de soberba e que deixa o aluno mergulhado em passividade e mediocridade. Não existe relação de ensino-aprendizagem nessa (pseudo) interação, pois um ensina e o outro aprende. O mestre nunca poderá ser aluno e o aluno nunca poderá ensinar nada ao seu mestre. Por isso, prefiro me identificar como “educador (a)”.


O educador não fica preso nas quatro paredes da sala de aula. Não fica preso ao uso do quadro-negro, nem a uma relação de autoritarismo e submissão. Ensinar e aprender são atos de amor, de alegria, que abarcam toda nossa existência e que, portanto, não se limitam ao período escolar (final do Ensino Básico ou mesmo do Ensino Superior). O educador acredita em sua missão, sabe da importância de seu trabalho, mas é consciente que nem seu ensino, nem a escola que trabalha poderão, por si só, transformar a sociedade. O educador prefere a construção do saber à cópia e à reprodução. Refuta o conformismo, pois sempre existe algo que precisa ser mudado. E luta por isso até o fim – o fim de suas forças, de sua vida.

Há poucos dias me mudei, juntamente com minha esposa, para esta querida cidade. Trabalho na Universidade Federal do Pampa desde 2013, mas somente agora segui meu coração e vim para estes pagos. Há tempo que amo este lugar, as pessoas que aqui habitam, as escolas, educadores e educandos que merecem toda atenção do Estado, e por consequência, também da universidade que aqui chegou. Meu sonho é que a concepção de educação transformadora seja compreendida por todos os jaguarenses como uma necessidade. Digo necessidade, pois só há sentido em educar-se quando houver consciência. Vivemos em tempo de crise. Crise não só da escola, mas da sociedade contemporânea. E essa crise se dá principalmente porque vivemos um novo tempo, em que as instituições precisam ser repensadas e renovadas.

Creio que ninguém discorda da importância da escola e da educação. Porém, todos aqueles que se envolvem com educação – e na minha visão, todos nós – percebem o fracasso da escola. E não é o fracasso do educador, da gestão, dos educandos ou de seus pais. É o fracasso da forma como a escola se apresenta nos dias de hoje. Que escola nossos filhos e filhas precisam? Qual a situação deles e qual o sonho que temos para eles? Ou melhor, quais os sonhos dos educandos? Será que temos refletido e feito perguntas antes de irmos ao encontro de respostas que o mercado e o capitalismo nos impõem? Afinal, educação não é mercadoria. O Brasil, enquanto nação, ainda engatinha no quesito educação. Somente em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) tornou obrigatório aos pais que matriculassem seus filhos nas escolas. Ou seja, até pouco tempo estudava quem o pai deixava. E pior, os pais que não entendiam a importância da escola (ou não tinham consciência), já colocavam uma pedra na trajetória de vida de seus filhos e filhas.

É por isso que sou um sonhador. Mesmo que o investimento do Estado em educação seja pequeno. Mesmo que os educadores não tenham acesso fácil a materiais, a jornais, a livros, revistas e cursos de formação que permitam a construção de sua autoconsciência. Mesmo que haja falta de estrutura, de material de consumo (folhas, canetas, apagador, etc) e de salários dignos. Mesmo que aparentemente não exista esperança. Mesmo assim, acredito na educação. Na educação transformadora e problematizadora. Na educação que eleva o ser humano, educação para além do capital, que não forma somente para o mercado de trabalho. Educação preocupada com o ser humano como um todo. Convido a todos educadores e educadoras – mesmo os que deixaram, por um momento, de sonhar – que não desistam de sua função social. Que nos reunamos e discutamos formas de melhorar a educação, especificamente, de nossa amada Jaguarão. Que nossos sonhos se tornem os sonhos de nossos filhos e filhas. Uma educação de qualidade para todos nós!

*Professor do curso de História da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Edição de 30/09/2015 Ano VI nº 232