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terça-feira, 23 de maio de 2017

Sexta terá noite de Fados no Theatro Esperança



Passeio musical e poético pelas influências ibéricas na cultura brasileira e latino-americana, o cd Doze Cantos Ibéricos & Uma Canção Brasileira, une o grande cantor Marco Aurélio Vasconcellos, o poeta Martim César e o instrumentista Marcello Caminha. O trabalho será lançado no próximo dia 26 de maio, às 21h, no Theatro Esperança em Jaguarão, com ingressos a R$ 25,00 e antecipados a R$ 20,00.

Nossas avós foram índias ou negras, porém nossos avôs foram, em sua maioria, nos primeiros anos, portugueses ou espanhóis. Bascos, galegos, açorianos, castelhanos, todos oriundos da península ibérica. A influência desses povos em nossa cultura e em nossa música é o que será apresentada neste CD, que conta com Marco Aurelio Vasconcellos, voz; Marcello Caminha, arranjos e violoes; Marcello Caminha Filho, contrabaixo e percussão e Elias Barboza, bandolin.

Fados, músicas espanholas, cantigas açorianas, MPB, misturam-se nas 13 faixas dessa viagem poético-musical: “Sobre os telhados de Lisboa”; “Portugal tornou-se ilha”; “ Velhas casa de Coimba”; “Pedra do Porto”; “Onde o vento faz a curva”; “Pelos Caminhos do Norte”; “España, cuando te nombro”; “Antes de ser marinheiro”, “Céus de Casttillan y Léon”, “O medo de te amar”; “Navegando entre os faróis”; “Nove pedações de mundo” e “Notícias da terra brasilis”.

Sobre os artistas:

Marco Aurélio Vasconcellos - Como intérprete, Vasconcellos transita pelo nativismo, pela música popular gaúcha e brasileira e pela música hispano-americana, possuindo vasto repertório de tangos e boleros. Em 1972, participou da 1ª Vindima da Música Popular de Caxias do Sul, com a canção ACALANTO e recebeu de Luiz Coronel uma letra para musicar para a participar da II Califórnia da Canção de Uruguaiana. Era GAUDÊNCIO 7 LUAS, que obteve o 2º lugar naquele importante evento nativista, ampliando essa parceria com Luiz Coronel. Nas 4ª e 5ª edições da Califórnia da Canção, Marco Aurélio concorreu com diversas canções e CORDAS DE ESPINHO recebeu o 1º lugar na Linha de Manifestação Rio-grandense. Em 1985 recebeu o troféu de COMPOSITOR MAIS PREMIADO DA CALIFÓRNIA desde a sua criação em 1971. De lá para cá não parou mais. Teve três discos lançados com o grupo Os Posteiros e tem mais quatro discos solo gravados, INVERNANDO RECUERDOS; VELHAS ANDANÇAS; DA MESMA RAIZ e JÁ SE VIERAM, que deu origem à parceria com o poeta Martim Cesar.

Martim César – Autor de 6 livros de poesia e contos.Vencedor por duas vezes do prêmio Rua dos Cataventos da Sociedade Mario Quintana de Poesia; Vencedor de mais de 30 festivais de músicas do RS e de mais de 10 festivais nacionais. Possui algo em torno de 70 premiações paralelas, incluindo melhor poesia, melhor letra e melhor tema social em diversos festivais gaúchos e nacionais. Indicado ao prêmio Açorianos 2010, como melhor letrista do RS. Coautor de 10 trabalhos discográficos ‘Caminhos de Si’;Maria Conceição canta Martim César e Paulo Timm’;Canções de a(r)mar e desa(r)mar (MPB)’;Da mesma raiz’ (indicado ao açorianos de 2010) ‘Já se vieram’; ‘Memorial de Campo’; ‘Paisagem interior’, (com três indicações no Açorianos 2015), ‘Náufragos Urbanos’ (Indicado a melhor álbum de MPB do RS, pelo Açorianos 2015), os atuais ‘Caminhos de Si, o tempo’, ‘Canciones que nacen del camino’ e ‘Doze Cantos Ibéricos e uma canção brasileira’. Além de 2 livros em fase de publicação: Terra que sangras no rio (contos) e Cimarrones – Três séculos ‘gauchos’ (Poema épico).


Serviço:
Doze Cantos Ibéricos & Uma Canção Brasileira
Data: 26/05/2017
Horário: 21h
Local: Theatro Esperança - Jaguarão
Ingressos Antecipados - R$ 20,00 - Tabacaria Tulipa, Pane Mio, Boutique LG, Paula Ferraz Decorações e Eventos, Secult 



sábado, 20 de maio de 2017

EFEITOS NEFASTOS PARA A FRONTEIRA JAGUARÃO - RIO BRANCO


Por Jorge Passos

Além de originar esse verdadeiro caos institucional, o impedimento da Presidenta Dilma, capitaneado pelo gangster Cunha associado à quadrilha que assaltou o poder, também trouxe efeitos nefastos para a nossa fronteira.
Ameaçada de interdição para trânsito pesado por fissuras em sua estrutura, conforme noticias do jornal uruguaio "El País" desta semana, a Ponte Internacional Mauá, no governo legitimo da presidenta Dilma,estava com um projeto já em vias de execução para seu restauro, além da fase final do projeto da construção da nova ponte sobre o Jaguarão.
Tudo isso foi interrompido pelo boicote dos golpistas à economia que possibilitou a infâmia do vergonhoso impeachment de uma presidenta honesta.
A interdição da nossa ponte seria um verdadeiro desastre para o setor de transporte internacional que tanto gera emprego em nossa fronteira.
Cabe ás nossas lideranças políticas, sociais e empresariais, resolvido o impasse constitucional na república e a volta da normalidade democrática pela implementação de eleições diretas e gerais, a luta pela continuidade dos projetos da segunda ponte e do restauro da Mauá.



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Os mártires do primeiro de Maio

Enforcamento de George Engel, Adolf Fischer, Albert Parsons e August Spies, em Chicago
Eles lutavam pela jornada de 8 horas de trabalho. 1887
No final do século XIX, nos Estados Unidos, anarquistas, sindicatos embrionários e jornalistas contra-hegemônicos lutaram pela jornada de 8 horas. Os líderes foram enforcados, mas a vitória repercute ainda hoje — e diz algo sobre as lutas futuras.

Por Altamiro Borges, em seu blog
Se acreditam que nos enforcando podem conter o movimento operário, esse movimento constante em que se agitam milhões de homens que vivem na miséria, os escravos do salário; se esperam salvar-se e acreditam que o conseguirão, enforquem-nos! Então estarão sobre um vulcão, e daqui e de lá, e de baixo e ao lado, de todas as partes surgirá a revolução. É um fogo subterrâneo que mina tudo”. (Augusto Spies, 31 anos, diretor do jornal “Diário dos Trabalhadores)

Se tenho que ser enforcado por professar minhas idéias, por meu amor à liberdade, à igualdade e à fraternidade, então nada tenho a objetar. Se a morte é a pena correspondente à nossa ardente paixão pela redenção da espécie humana, então digo bem alto: minha vida está à disposição. Se acreditam que com esse bárbaro veredito aniquilam nossas idéias, estão muito enganados, pois elas são imortais”. (Adolf Fischer, 30 anos, jornalista)

Em que consiste meu crime? Em ter trabalhado para a implantação de um sistema social no qual seja impossível o fato de que enquanto uns, os donos das máquinas, amontoam milhões, outros caem na degradação e na miséria. Assim como a água e o ar são para todos, também a terra e as invenções dos homens de ciência devem ser utilizadas em benefício de todos. Suas leis opõem-se às da natureza e utilizando-as vocês roubam às massas o direito à vida, à liberdade e ao bem-estar”. (George Engel, 50 anos, tipógrafo)

Vocês acreditam que quando nossos cadáveres tiverem sido jogados à fossa tudo terá acabado? Acreditam que a guerra social se acabará estrangulando-nos barbaramente. Pois estão muito enganados. Sobre este veredito cairá o do povo americano e do povo de todo o mundo, para demonstrar a injustiça de vocês e as injustiças sociais que nos levam ao cadafalso”. (Albert Parsons, quue havia lutado na guerra da secessão nos EUA)

As corajosas e veementes palavras destes quatro líderes do jovem movimento operário dos EUA foram proferidas em 20 de agosto de 1886, pouco após ouvirem a sentença do juiz condenando-os à morte. Elas estão na origem ao 1º de Maio, o Dia Internacional dos Trabalhadores. Na atual fase da luta de classes, em que muitos aderiram à ordem burguesa e perderam a perspectiva do socialismo, vale registrar este marco histórico e reverenciar a postura classista destes heróis do proletariado. A sua saga serve de referência aos que lutam pela superação da barbárie capitalista.

A origem do 1º de Maio está vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, bandeira que mantém sua atualidade estratégica. Em meados do século XIX, a jornada média nos EUA era de 15 horas diárias. Contra este abuso, a classe operária, que se robustecia com o acelerado avanço do capitalismo no país, passou a liderar vários protestos. Em 1827, os carpinteiros da Filadélfia realizaram a primeira greve com esta bandeira. Em 1832, ocorre um forte movimento em Boston que serviu de alerta à burguesia. Já em 1840, o governo aprova o primeiro projeto de redução da jornada para os funcionários públicos.

Greve geral pela redução da jornada

Esta vitória parcial impulsionou ainda mais esta luta. A partir de 1850, surgem as vibrantes Ligas das Oito Horas, comandando a campanha em todo o país e obtendo outras conquistas localizadas. Em 1884, a Federação dos Grêmios e Uniões Organizadas dos EUA e Canadá, futura Federação Americana do Trabalho (AFL), convoca uma greve nacional para exigir a redução para todos os assalariados, “sem distinção de sexo, ofício ou idade”’. A data escolhida foi 1º de Maio de 1886 – maio era o mês da maioria das renovações dos contratos coletivos de trabalho nos EUA.

A greve geral superou as expectativas, confirmando que esta bandeira já havia sido incorporada pelo proletariado. Segundo relato de Camilo Taufic, no livro Crônica do 1º de Maio, mais de 5 mil fábricas foram paralisadas e cerca de 340 mil operários saíram às ruas para exigir a redução. Muitas empresas, sentindo a força do movimento, cederam: 125 mil assalariados obtiveram este direito no mesmo dia 1º de Maio; no mês seguinte, outros 200 mil foram beneficiados; e antes do final do ano, cerca de 1 milhão de trabalhadores já gozavam do direito às oito horas.

Chumbo contra os grevistas”, prega a imprensa

Mas a batalha não foi fácil. Em muitas locais, a burguesia formou milícias armadas, compostas por marginais e ex-presidiários. O bando dos “’Irmãos Pinkerton” ficou famoso pelos métodos truculentos utilizados contra os grevistas. O governo federal acionou o Exército para reprimir os operários. Já a imprensa burguesa atiçou o confronto. Num editorial, o jornal Chicago Tribune esbravejou: “O chumbo é a melhor alimentação para os grevistas. A prisão e o trabalho forçado são a única solução possível para a questão social. É de se esperar que o seu uso se estenda”.

A polarização social atingiu seu ápice em Chicago, um dos pólos industriais mais dinâmicos do nascente capitalismo nos EUA. A greve, iniciada em 1º de Maio, conseguiu a adesão da quase totalidade das fábricas. Diante da intransigência patronal, ela prosseguiu nos dias seguintes. Em 4 de maio, durante um protesto dos grevistas na Praça Haymarket, uma bomba explodiu e matou um policial. O conflito explodiu. No total, 38 operários foram mortos e 115 ficaram feridos.

Os oito mártires de Chicago

Apesar da origem da bomba nunca ter sido esclarecida, o governo decretou estado de sítio em Chicago, fixando toque de recolher e ocupando militarmente os bairros operários; os sindicatos foram fechados e mais de trezentos líderes grevistas foram presos e torturados nos interrogatórios. Como desdobramento desta onda de terror, oito líderes do movimento — o jornalista Auguste Spies, do Diário dos Trabalhadores, e os sindicalistas Adolf Fisher, George Engel, Albert Parsons, Louis Lingg, Samuel Fielden, Michael Schwab e Oscar Neebe — foram detidos e levados a julgamento. Eles entrariam para a história como “Os Oito Mártires de Chicago”.

O julgamento foi uma das maiores farsas judiciais da história dos EUA. O seu único objetivo foi condenar o movimento grevista e as lideranças anarquistas, que dirigiram o protesto. Nada se comprovou sobre os responsáveis pela bomba ou pela morte do policial. O juiz Joseph Gary, nomeado para conduzir o Tribunal Especial, fez questão de explicitar sua tese de que a bomba fazia parte de um complô mundial contra os EUA. Iniciado em 17 de maio, o tribunal teve os 12 jurados selecionados a dedo entre os 981 candidatos; as testemunhas foram criteriosamente escolhidas. Três líderes grevistas foram comprados pelo governo, conforme comprovou posteriormente a irmã de um deles (Waller).

A maior farsa judicial dos EUA

Em 20 de agosto, com o tribunal lotado, foi lido o veredicto: Spies, Fisher, Engel, Parsons, Lingg, Fielden e Schwab foram condenados à morte; Neebe pegou 15 anos de prisão. Pouco depois, em função da onda de protestos, Lingg, Fielden e Schwab tiveram suas penas reduzidas para prisão perpétua. Em 11 de novembro de 1887, na cadeia de Chicago, Spies, Fisher, Engel e Parsons foram enforcados. Um dia antes, Lingg morreu na cela em circunstâncias misteriosas; a polícia alegou “suicídio”. No mesmo dia, os cinco “’Mártires de Chicago” foram enterrados num cortejo que reuniu mais de 25 mil operários. Durante várias semanas, as casas proletárias da região exibiram flores vermelhas em sinal de luto e protesto.

Seis anos depois, o próprio governador de Illinois, John Altgeld, mandou reabrir o processo. O novo juiz concluiu que os enforcados não tinham cometido qualquer crime, “tinham sido vitimas inocentes de um erro judicial”. Fielden, Schwab e Neebe foram imediatamente soltos. A morte destes líderes operários não tinha sido em vão. Em 1º de Maio de 1890, o Congresso dos EUA regulamentou a jornada de oito horas diárias. Em homenagem aos seus heróis, em dezembro do mesmo ano, a AFL transformou o 1º de Maio em dia nacional de luta. Posteriormente, a central sindical, totalmente corrompida e apelegada, apagaria a data do seu calendário.

Em 1891, a Segunda Internacional dos Trabalhadores, que havia sido fundada dois anos antes e reunia organizações operárias e socialistas do mundo todo, decidiu em seu congresso de Bruxelas que “no dia 1º de Maio haverá demonstração única para os trabalhadores de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e de reivindicação das oito horas de trabalho”. A partir do congresso, que teve a presença de 367 delegados de mais de 20 países, o Dia Internacional dos Trabalhadores passou a ser a principal referência no calendário de todos os que lutam contra a exploração capitalista.

Filme "Os Companheiros" de Mário Monicelli com Marcello Mastroiani, que mostra a luta pela redução da jornada de trabalho em uma fábrica de tecelagem em Turim, Itália, 1900.