Um espaço aberto para o leitor

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Coluna Gente Fonteiriça - Reflexões Fundamentais

Por Carlos José de A. Machado

O imediatismo do cotidiano de nossas vidas acaba levando muitas pessoas a não usarem a capacidade de utilização de uma arma fundamental para a transformação da própria existência.  A possibilidade de enxergar além daquilo que parece ser, de redirecionar nossa vida se assim for necessário. É pensar novos caminhos e não acreditar que é impossível.     

Existe uma parábola que nos ajudará a entender onde quero chegar “Havia uma corrida de sapinhos onde o ganhador seria condecorado com uma grande premiação.  Mas o público que estava ao redor (achando impossível os sapinhos chegarem  até o final da pista sem desistirem,  uma vez que era muito longa) gritava e ironizava os sapinhos: - Vocês não vão conseguir, vocês não vão conseguir....   E pouco a pouco cada sapinho ia desistindo. Permanecia apenas um. Que, parecendo não dar bola para o que o senso geral dizia, seguiu em frente até chegar ao final.  Foi aí que todos perceberam que o  sapinho em questão não os escutava pois era surdo.”

Ora, é assim que muitos de nós, homo sapiens agimos.  Acreditamos que isso e aquilo é impossível.  Por isso é preciso, eventualmente, pararmos e “taparmos nossos ouvidos e olhos” tão acostumados com o dia a dia, e refletir sobre os acontecimentos.  É necessário utilizar aquela arma que citei, que nada mais é do que a Reflexão Filosófica.  Pensar de forma radical, rigorosa e global sobre os fenômenos que acontecem (para usar um conceito da filósofa Marilena Chauí). 

É claro que não precisamos direcionar esta nossa arma para tudo. Mas é fundamental, de vez em quando, utilizá-la com vigor. Claro que,  sem dúvida,  no nosso IMEDIATISMO  seria uma coisa quase “impossível” (não é mesmo?),  uma vez que não paramos para as coisas MEDIATAS (que servem a um propósito maior, ou a um alcance um pouco mais adiante).  O normal é pensarmos: “Quando não tiver nada pra fazer aí então eu paro para  uma reflexão deste gênero”.  Só que aí já poderá ser tarde ou nossa vida já ter andado um longo caminho sem melhoras substanciais.   E daí, acaba-se vivendo “a vida que nos é dada, da forma que nos é colocada”, o que não nos difere de forma significativa dos demais primatas.  

Estas pequenas grandes paradas para a reflexão filosófica é que servem para as grandes transformações de nossa vida, de nosso cotidiano e de nosso mundo.   Se isto não for importante então realmente, não precisamos da FILOSOFIA.  Afinal não “vamos conseguir”, certo?

Edição do dia 04/02/2015 - Ano IV- nº 199



                                                

Esqueça a TV, você é bonita

Por Andréa Lima

Quem me conhece sabe que não sou muito fã da RBS. Assim como também não curto a Rede Globo e defendo a regulamentação da mídia, o que não deve de forma alguma ser entendido como “censura”, mas como uma legislação que leve o nosso país ao rumo da democratização dos meios de comunicação. Voltando ao não curtir muito a RBS, isso tem os seus motivos.

A emissora tem contornos políticos e ideológicos bem definidos e isto se mostra, principalmente, nos períodos eleitorais, com a mídia funcionando como um aparato poderoso para eleger o candidato A ou B. Temos exemplos, hoje, de diversas figuras que tiveram anos de palanque no Jornal do Almoço e que, assim, se projetaram para os espaços de representação política, ocupando importantes cargos no Congresso Nacional.

Isto sem falar dos ataques promovidos visando o descrédito de algumas instituições de Governo, em especial dos partidos de esquerda, a criminalização dos movimentos sociais e os altos recursos públicos que são investidos neste monopólio, que, apenas para ilustrar, entre os anos de 2004 e 2012, recebeu cerca de R$ 4 milhões vindos diretamente dos cofres do Estado.

Poderia me estender no assunto, que rende um texto a parte, mas ele não é a pauta principal de hoje. Quero mesmo é falar sobre os padrões de beleza e comportamento que aprendemos ao assistir televisão e como podemos (e devemos) transgredir as regras e nos valorizarmos como somos, com nossos defeitos e qualidades, sem ter vergonha do próprio corpo.

Foi isto que nos ensinou uma menina gordinha, de 14 anos, chamada Vanessa, moradora da zona rural, e que revolucionou o mais tradicional concurso de beleza do Rio Grande do Sul, o Garota Verão, promovido pela RBS TV, ao inscrever-se para o certame no município de Canguçu.

Ser solteira, sem filhos e com idade entre 14 e 20 anos eram os requisitos básicos para concorrer e, por isso, a agricultora Cristina Vöss, de 34 anos, não hesitou em inscrever a filha.

No começo a menina não queria participar, pois geralmente o concurso conta apenas com garotas altas e magras, a maioria das vezes loiras e de olhos azuis, mas foi convencida pela mãe, que sempre disse: “Você é gordinha, mas é linda!”.

No dia do desfile, assim que entrou na passarela, Vanessa arrancou muitos aplausos e venceu a vergonha, com muito incentivo do público presente. Ela também se destacou nas redes sociais, com milhares de curtidas e mensagens de apoio, dizendo, “Vai, você consegue! Você é bonita!”. A jovem não ganhou o concurso, mas ganhou muito mais. Tem participado de alguns programas de televisão e já recebeu, inclusive, algumas propostas de trabalho como modelo.

Sim. Vanessa sempre gostou de si mesma. Gosta dos olhos verdes, gosta do seu cabelo. Já tentou fazer regime, mas não conseguiu emagrecer, mas nem por isso deixou de se aceitar.


Mas o mais importante foi que, quase em querer, Vanessa levou uma mensagem para o mundo: esqueça o que diz a TV, o que dizem as revistas. Goste do seu corpo e valorize sua autoestima, você é bonita do jeito que é!

Edição do dia 04/02/2015 - Ano IV- nº 199




MOCHILADA SEM FRONTEIRAS - Dicas para o Rio de Janeiro

por Guilherme Larrosa




Essa semana vou falar da cidade que tenho morado nos últimos anos, o Rio de Janeiro.

Na verdade, eu caí de pára-quedas aqui, totalmente por acaso, pois eu estava estudando direção de arte em Buenos Aires e depois de finalizar o curso, recebi um convite de uma grande amiga para fazer um teste na TV, como cenógrafo. Resolvi aceitar a proposta e tentar, afinal - se nada desse certo, eu voltaria para a Argentina - só que deu certo e eu fiquei no Rio até hoje.

O Rio tem características de amor e ódio que precisam ser vivenciadas para entrar no ritmo carioca. A informalidade do povo é marcante, poder trabalhar de bermuda e chinelo é uma benção, mas também o diálogo é na base do grito e no barraco. Não generalizando, claro, mas morando aqui é preciso saber falar a língua e saber os códigos. A famosa malandragem que nos pega desprevenidos. Ao mesmo tempo, pegar a bicicleta ou skate e ir pro trabalho vendo aquelas paisagens absurdamente lindas, aquele mar azul e um cima bom o ano todo, faz a mente relaxar e tudo ficar mais tranquilo.

O Rio é uma cidade que exporta brasilidade, por isso é o cartão postal brasileiro, onde lotes e mais lotes de gringos chegam na cidade para provar a famosa caipirinha e tentar sambar nas rodas de samba de raiz da Lapa e na famosa Pedra do Sal, no centro da cidade.

Hoje vou fazer uma lista de lugares que valem a pena conhecer, sem ser tão turístico.

* Arquitetura:
O Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico é um prédio histórico, que hoje funciona como uma das maiores escolas de arte da cidade. A construção está no meio da floresta e pode ser visitada diariamente, com lagos, cachoeiras e até um aquário dentro de uma gruta. O centro da cidade tem sua riqueza com os monumentais prédios do Teatro Municipal, a Biblioteca Municipal e prédios modernistas espalhados pela zona central do Rio.

* Praias:
O famoso sol do Arpoador será sempre uma boa indicação, mas aponto a praia do Leme como boa opção, mais tranquila - não tão cheia com um visual lindo de Copacabana ao fundo.
Agora, se é para aproveitar praias limpas e paradisíacas - Grumari e Guaratiba, na zona oeste do Rio. É longe, mas vale muito a pena.

* Para sair:
O samba e gafieira se encontram na Lapa, onde a boemia rola solta. Só entrar na multidão no meio da rua e com certeza vai acabar em algum lugar animado com muito samba. Clube Democráticos é uma boa opção.
Para uma noite boa, de música eletrônica ao rock, os bares de Botafogo são mais indicados, como o Comuna e os shows no Audio Rebel. Se quer um programa free, vai no Arpoador - no verão sempre tem festa na praia ou na Praça São Salvador em Laranjeiras, praça de bairro com muita cerveja e muita gente no coreto.

* Para ver:
Todo sábado de manhã, na Praça XV - centro do Rio - tem a feira de antiguidades, com muitas coisas interessantes. Preços bons e muita coisa boa. Todo primeiro sábado do mês tem a feira do lavradio, na lapa, com os melhores bazares, antiquários e mobiliários modernos expostos na rua. No domingo, na praça São Salvador, em Laranjeiras, tem um chorinho feito com os moradores do bairro, cada domingo tem um novo integrante e cada vez mais profissional.



O Rio tem muito mais coisas, mas só tenho alguns parágrafos para listar, eu nem falei das cachoeiras, trilhas e achados da cidade maravilhosa.

Edição do dia 04/02/2015 - Ano IV- nº 199