Um espaço aberto para o leitor

sábado, 19 de março de 2016

SOBRE GOLPES E BRUXARIA


Por Dario Garcia

A suposta primavera árabe foi uma criação de engenharia social planejada pelos think tank norteamericanos em torno de uma mesa na cidade do Cairo. Tinha começado em 2001, com os auto-atentados terroristas de 11 de setembro, e a seguir com a invasão do Afeganistão, data a partir da qual o país, sob controle dos Estados Unidos, passa a ser o maior produtor mundial de papoula, com a que se produz o ópio e a heroína. 

Logo, 2003: invasão do Iraque e 1,5 milhões de mortos. Caos e destruição como prêmio para os iraquianos. Agosto de 2006: durante 33 dias, Israel, com apoio midiático e militar ocidental, bombardeia alegremente o Líbano; mais de 100 mil mortos e a ruína do pequeno país dos cedros. Em 2011, guerra e destruição na Líbia e o começo da invasão mercenária da Síria. O massacre segue até hoje: 250 mil mortos e 4 milhões de exilados. Em 2013 a babel muda de continente. A suposta «revolução» ucraniana, um golpe de estado apoiado pelo banqueiro e agiota milionário estado unidense Georges Soros, coopta os rebeldes ucranianos, de ideologia neo-nazista, que recebem treinamento militar na Letônia e retornam ao país encapuçados, usando armas e táticas de guerra, e assassinando policiais e qualquer cidadão que não adira às suas ações terroristas. Milhares de manifestantes recebem um salário para manter semanas a fio as «protestas» em Maidan, a Praça da Independência, no centro da capital, Kiev. O objetivo: instaurar o caos naquele país até o golpe de estado que impõe o corrupto multimilhonário Petro Poroshenko no poder. 

Na Venezuela, a sabotagem dos industriais, da grande mídia e das antigas elites de corruptos que por décadas fizeram daquele país rico uma espécie de Índia do Caribe, pagaram sabotadores e mercenários encapuçados para semearem a bagunça no país. Centenas de assassinatos, de chavistas em sua maioria, usando fuzis de precisão equipados com luneta. Na Argentina, —como no Brasil agora— o Poder Judiciário elitista e elitizado, sacramentou a campanha de sabotagem midiática do grupo Clarin, responsável, junto ao resto da imprensa canalha, pela demonização da presidenta Cristina Fernández de Kirschner, que aprovara a Ley de Medios, que democratizou o acesso aos meios de informação e à produção de programas e notícias. Mas os hierofantes da palavra não querem democracia. O desfecho de ouro dessa campanha de ódios e mentiras foi colocar na Casa Rosada o indecente milionário Mauricio Macri, cuja fortuna familiar cresceu como um câncer durante a ditadura militar argentina (1976-1983), pulando de 6 empresas para 42. Em três meses de governo ele já conseguiu eliminar milhares de empregos, e mutilou todos os investimentos sociais possíveis que o Estado tinha assumido durante os doze anos da gestão kirschnerista. O serviço de energia elétrica aumentou 400%. Fiel ao seu papel oligarca e mafioso, baniu a Ley de Médios, devolvendo o monopólio da palavra e do pensamento ao mega-grupo Clarín. 

E agora vemos no Brasil a mesma receita: uma crise criada midiaticamente e sustentada com medidas judiciais para criminalizar a gestão dos governos Lula e Dilma, despejando sobre eles todos os pecados e todas as culpas por todos os males seculares, quando jamais, em outras épocas, essa mesma mídia depravada, mercenária e prostituída, fizera o mínimo para limpar o país do parasitismo e da corrupção endêmica que combinou sempre os poderosos com a política e fez da política a grande arma a serviço dos poderosos. 

Sem ir muito longe poderíamos começar pela longa gestão da ditadura cívico-militar (1964-1982) em cuja alvorada, no mesmo ano do golpe, 1964, deu luz verde ao mega-projeto de manipulação da opinião e do pensamento, com capital norte americano, chamado Rede Globo de Televisão. O que dizer então sobre a função «cívica» da Globo e das outras redes colegas, durante os corruptíssimos governos de Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso, o «príncipe da privataria»? 

O que está em jogo agora é, por um lado, um mínimo de paz e possibilidade de uma vida decente para as maiorias populares, para os que não possuem capital nem poder; e por outro lado está a grande aposta feita pelos agiotas e defensores do caos, os que investem para que tudo torne a ser como era antes de 2002. Se os brasileiros não conseguem pensar por si próprios, sem a mediação dos donos da mídia, desses oligarcas sem alma nem pátria, que apenas visam o poder e o vampirismo social, esses que criam o caos, e acusam o seu inimigo pelo caos que criaram, e que depois recomendam a receita que há muito tempo tinham elaborada em suas confabulações, e que envenena todo mundo mas lhes dá o poder e o controle absoluto; se os brasileiros caírem em seus truques, pagarão muito caro depois o preço dessa antiga bruxaria que controla os meandros do poder e do pensamento. 

A pior escravidão se apossa hoje da alma e da vontade das pessoas, e acaba por atrofiar o livre pensamento. Esse feitiço paira como um cogumelo atômico em cada casa onde há uma TV ligada, esguichando o catecismo do ódio e da mentira, da fabricação do mundo ao gosto dos grandes corruptos e corruptores da palavra, dos que manipulam a realidade para obter mais lucro e mais poder pessoal. Mas a histeria virou um surto de idiotização coletiva...