Um espaço aberto para o leitor

segunda-feira, 25 de maio de 2015

OS LIVROS DO ESCRITÓRIO DE MEU AVÔ

Era um fim de tarde invernal. Sombras do crepúsculo caiam sobre os telhados. Portas altas e fechadas com trancas de ferro. As janelas escondidas pelas cortinas. No varal, não havia mais nenhuma peça de roupa, pendurada. Tudo era cinza, apenas a casinha do Totó, prendia o pescoço pela coleira arrastada corrente no pátio do quintal.

Acendeu a luz.

- Boa Noite!
Todos respondiam ao mesmo tempo. – Boa Noite! - Era um coro na conversa.

Meu tio Alaídes acabava de chegar do pago de Tacuarembó. Viajou no trem que vinha do Uruguai e trazia cartas de parentes de meu avô. Todas envelopadas e coladas com grude, para não haver violação dos escritos.

- Depois vou ler! Seguidas na direção do escritório. Meu avô guardou! Ali chaveadas junto com os livros que muito prezava.

Ficava no seu quarto trancado e sinalizado por um cincerro de bronze barulhento quando a porta era aberta.
Hora me fazia lembrar onde estavam todos os livros com os quais, dizia: “aqui todos aprenderam a ler e escrever”. Muitas histórias estavam ali, romances, cadernetas de apontamentos, livros de orações, recortes de jornais e documentos importantes. Que curiosidade que tinha, vasculhar tudo, mexer, folhar e poder usar a caneta de pena. Desenhar...

Varou a noite fria. Parecia que todos dormiam silêncio de um breve, nada estava como antes. A casa parecia vazia, desabitada pelas almas vivas que sumiram. Foi então, que aproveitando do momento sonolento dos vivos, pude entrar no quarto e abrir a tampa do escritório de meu avô.

Um susto!

Todos pularam em alvoroço. Uns agradeciam pela liberdade paginada da expressão, outros cantavam cantigas, cantigas antigas. Podia ver os números soltos das cadernetas de apontamentos, somando, diminuindo e alguns dividindo tudo aquilo que estava ali, trancado.

- Quem é você, menino?
- Neto do meu avô! (gargalhadas...) - Há neto de seu avô!
- Somos o pensamento vivo de seus avôs, pais, tios, tias, primos, primas e seus irmãos que à de vir. Somos o exemplo que se forma na cultura e sabedoria de uma família. Por isso somos gratos pela invasão.

O menino.

Mais gelado que a fria noite exclamou: - Invasão?
- Sim, invasão! Quando se penetra em uma escrivaninha, abrindo, vasculhando no sentido descobridor da curiosidade, cabe a todos nós (livros) agradecer o que nos sufoca prendido das prateleiras estantes, supostas estas expostas como troféu ao tempo.


Creio que, nesta noite, vazia, fria, adormecida pelos vultos da casa. Os livros de meu avô. Sim! Os livros de meu avô. Falaram comigo!

Jayme Langlois Pirez Lameiro
Graduado em Turismo - UNIPAMPA

Edição de 20/05/2015 Ano VI nº 213



Contribuintes já podem consultar extrato da declaração


O contribuinte pessoa física pode agora consultar se há pendências em sua declaração de Imposto de Renda e caso positivo, proceder a autorregularização.

Quem enviou a declaração e identificar no extrato do processamento algum erro deve fazer a retificação para não cair na malha fina. O contribuinte que enviar nova declaração com as informações corretas, automaticamente fica com a declaração liberada da malha.


Para ter acesso ao extrato do processamento da declaração, o contribuinte deve acessar a página do e-CAC - Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte, no site www.receita.fazenda.gov.br. Para utilizar o e-CAC, o contribuinte precisa ter um código de acesso gerado na própria página da Receita ou o certificado digital emitido por autoridade habilitada. Para gerar o código, terá que informar o número do recibo de entrega das declarações de imposto de Renda dos dois últimos exercícios.

Edição de 20/05/2015 Ano VI nº 213