Um espaço aberto para o leitor

sábado, 16 de abril de 2016

CIA: O Brasil não pode levantar a cabeça!


Por Dario Garcia*

Fazendo uma análise adequada e de total vigência, o sociólogo argentino Atilio Borón refere-se à política do Departamento de Estado norte-americano que, desde a década de 1950, trama uma doutrina dirigida ao Brasil, cujo objetivo é não deixá-lo levantar cabeça, isto é, impedir por todos os meios que ele se transforme numa potência. Concomitantemente, o controle da política e de certos recursos nacionais (telefonia, defesa, mídia, satélites, petróleo, mineração, águas, ciência e tecnologia, plantas medicinais, etc.) assim como a gestão das empresas do Estado, significam reservas estratégicas para um país que se preze como tal, e, portanto, nunca deveriam ser confiadas a proprietários estrangeiros —ou a seus laranjas nativos— sob o risco de se hipotecar a soberania nacional. Alguém imaginaria os norte-americanos deixando a NASA nas mãos dos chineses, a mídia sob o controle da Rússia, as pesquisas militares supeditadas à Coreia do Norte e a indústria de Hollywood dirigida pelo Irã? Por que então, há políticos brasileiros que se empenham tanto em vender o país? Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Cia., será que defendem os nossos interesses ou apenas são mercenários a soldo duma potência estrangeira?

O esforço doentio para se privatizar o Banco do Brasil, os Correios, a Petrobras, e outros setores produtivos e estratégicos nacionais —freado em 2002 com a eleição de Lula— reflete uma ideologia imoral, prostituída e apátrida. Exemplo disso foi a privataria —misto de privatizações com pirataria— durante os governos de FHC, da estatal Vale do Rio Doce —a maior empresa mundial de extração de minério de ferro a céu aberto— para um consórcio norte-americano, colocando o seu próprio filho num cargo diretivo da mesma, assim como a venda do satélite da Telebras ao milionário mexicano das comunicações, Carlos Slim. Outras «façanhas» de Fernando Henrique Cardoso foram a privatização das empresas de telefonia —em prol de consórcios estrangeiros— mandar construir na ilha asiática de Singapura as plataformas da Petrobras —que a partir do governo Lula começaram a ser construídas no país— deixando que uma delas explodisse e afundasse «misteriosamente» na costa brasileira, assim como o fiasco durante o lançamento do primeiro foguete nacional, em 1999, desde a base de Alcântara no Maranhão, cuja explosão em terra ocasionou a morte de vários técnicos e milhões de reais jogados na latrina… Haveria muito do que se suspeitar com relação a esse caso, porque sigilosamente Alcântara foi prometida depois pela aliança PSDB-PFL aos norte-americanos —permanecendo brasileira pela vitória de Lula na eleição de 2002—. FHC inclusive «aperfeiçoou» seus poderes de estadista quando, com seu «salário», adquiriu uma fazenda em Minas Gerais, por apenas R$ 0,75 centavos o hectare, um apartamento em Paris, e, como «efeito colateral», seu governo e aliados, estabeleceram várias contas e empresas fantasmas frutos das privatizações, nas ilhas Cayman, um paraíso fiscal britânico no Caribe. No entanto, a mídia sofreu uma forte crise de amnésia e seus pregoeiros coprófilos não lembram dessa corrupção: não houve nem cruzada moralizadora nem pedido de impeachment. O PIG —Partido da Imprensa Golpista— só enxerga atos dúbios que possam ser associados, custe o que custar, com o PT e contra o PT… «Vizinho do irmão de um advogado petista atropela idosa...» «O traficante acusado é sobrinho do amigo de um primo de um vereador do PT...» «As Torres gêmeas de Nova Iorque sofrem atentado em 11 de setembro de 2001 quando políticos do PT assistiam a TV»… É ridículo! Fora isso, para o PIG não há corruptos nem necessidade de se exigir impeachment contra partidos e personagens que têm a bunda calejada por décadas de mutretas e sinecuras nas esferas governamentais, nem é preciso se convocar «cruzadas» contra exterminadores de índios, madeireiras ilegais, grileiros, donos de pedágios, traficantes e doleiros. Assim como os helicópteros cheios de droga não merecem indignadas manchetes, os aeroportos sem registro, construídos com dinheiro público em terras da família do Aécio Neves são café pequeno, e o descaso do governador Alckmin responsável pelo desastre no abastecimento de água em São Paulo é culpa de São Pedro… Será que tudo isso é fruto da tal liberdade de imprensa, levada ao extremo —ao extremo da cara de pau!— ou há uma enorme e obscura cumplicidade no meio?

Outrossim, por que é tão urgente «queimar» a Petrobras, quando o que deveria ser feito é exigir o cumprimento da lei e que, após as devidas averiguações, os corruptos sejam afastados e punidos, independentemente de se forem do partido A, B ou C? Mas não, o PIG escolhe seus réus, «do PT», os julga e os condena no horário nobre da televisão, mesmo que depois, perante a justiça, seus crimes sejam como uma gravidez mental: inexistentes. O que lhe interessa não é que a justiça seja feita, mas sim a vingança, para poder impor a sua agenda golpista e mafiosa. Na verdade, o tom pejorativo com que a mídia trata os serviços públicos —INSS, SUS, a Educação e os programas sociais do governo— já nos dá uma pista. E essa pista faz pensar na existência de uma agenda encoberta que visa debilitar ao máximo o Estado e que pretende surrupiar tudo o que for público e der lucro, a começar pela estatal do combustível! A programação do PIG responde à cobiça do lobby norteamericano do petróleo, não aos interesses brasileiros. Porque é um fato: toda estratégia imperial inclui a compra de laranjas e traidores, estabelecidos no país alvo do ataque, e para atender esses assuntos envia os chamados «gângsters econômicos», agentes da CIA encarregados de cooptar políticos e empresários corruptos, pagar sabotadores e arruaceiros —muitos deles via ONGs, Fundações e empresas de fachada— e alimentar a mídia mercenária e prostituída, através da qual se cria o circo e se atiça o incêndio do desarranjo golpista.

Seria ingênuo esperar que a Globo, totalmente subsidiária dos investimentos norte-americanos, e criada por eles no começo do golpe militar de abril de 1964, ventilasse semelhante cambalacho. A grande mídia —o PIG—, com a Globo como seu carro-chefe, é um autêntico cavalo-de-troia a serviço dos grandes poderes sem pátria, para os que só existem interesses, e a intervenção na política é o meio mais expedito de consegui-los. Enquanto à Globo, trocada pelo que sonega e deve ao país ainda ficaria devendo! Mas, uma coisa é certa: de corrupção ela entende muito, porque são 51 anos aperfeiçoando as suas habilidades!

Foi muito suspeito e sugestivo, quando, durante o leilão público aberto às companhias internacionais que quisessem explorar o pré-sal, não se apresentasse nenhuma multinacional norte-americana. As corporações que fecharam negócios com a Petrobras foram duas empresas chinesas e uma anglo-holandesa...

No tocante à agenda canalha e antipatriótica defendida pela mídia, é óbvio que o clima enrarecido que tomou conta do Congresso e das grandes cidades, a histeria à flor da pele, o sentimento de insegurança e os protestos violentos, afetam a economia do país e conseguem desestimular importantes projetos e investimentos pensados a curto, médio e longo prazo. A desordem afeta a todos, mas com certeza há alguém se beneficiando muito com esse cenário instável e confuso, e os sabotadores, de conluio com a mídia, transferem para o governo toda a culpa pelo clima de golpe que eles mesmos criam. Os agiotas estadunidenses Goldman-Sachs aguçaram a crise grega, contratando arruaceiros do Kosovo que foram levados à Atenas, dando início ao quebra-quebra e à violência infiltrados às protestas legítimas do povo nas ruas, e o medo forçou a fuga de capitais e investimentos que debilitaram ainda mais o país, de cuja dívida os próprios vampiros Goldman-Sachs tinham antes se apropriado. 

Há no caso brasileiro também objetivos imediatos. Um desses objetivos é emporcalhar as eleições municipais deste ano, desmoralizando o partido da presidenta Dilma, porque é bom lembrarmos que nessas últimas disputas aos governos municipais o número de cidades administradas pelo PT tem crescido, especialmente aqui no estado gaúcho. Outro objetivo da agenda mafiosa e golpista é sabotar o Governo Federal —prejudicando o povo para que se irrite com o governo e não com os golpistas— antes e durante as Olimpíadas deste ano, sediadas no Rio de Janeiro, aproveitando as circunstâncias em que o Brasil receberá centenas de delegações esportivas e milhões de turistas, e tornar-se-á a grande vitrine esportiva mundial. Tal estratagema já foi executado durante as manifestações de 2014, justamente no ano da Copa. Além disso, os golpistas também visam raivosamente satanizar o ex-presidente Lula, num intento desesperado e rasteiro para que ele perca seu mítico apelo popular e seu enorme capital político, facilitando o máximo possível a agenda eleitoral em prol de algumas figuras sem escrúpulos ligadas ao PIG e aos interesses dos lobbys norte-americanos, tendo em mente as eleições nacionais de 2018, quando Lula poderia concorrer sendo o grande favorito. Com certeza, outro Collor de Melo há de surgir sob as bençãos do PIG!

Há quem acredite que a ideologia está fora de moda e que a história caiu com o Muro de Berlim em 1989, ou em 1990, pelo uso do exorcismo da «perestroika» e da «glásnost» receitado pelo taumaturgo Mikhaíl Gorbachov, feitiço que acabou afundando a Rússia no caos e na miséria, especialmente durante a gestão de seu herdeiro, o bêbado privatizador pró-estadunidense, Boris Yéltsin, até a entrada em cena, anos depois, de Vladímir Pútin. Tais teóricos argumentam que as conspirações só podem ser aceitas como verdadeiras se forem relacionadas com épocas antigas, narradas em empoeirados livros de história desatualizados, ou exibidas num filme de Hollywood, onde há muita ação, nada fica claro, e só a tensão psicológica do thriller é o que conta e justifica o enredo. Crasso erro! 

Por meio da ideologia —e da religião, que também é ideologia— fazemos política e construímos a história, criamos roteiros, estabelecemos programas, projetos de vida, pessoais e coletivos, que poderão ser executados pensando no bem-estar da maioria dos cidadãos, ou restrito às elites e seus patrões gringos, sempre isoladas em seus feudos exclusivos, ora numa mansão carioca, ora num bungalow em Orlando, ou depois numa suite em Londres.

A política e a ideologia são ferramentas muito bem usadas pelos donos do discurso! Com tal perícia são usadas por eles que seu escopo é desestimular qualquer curiosidade e interesse relacionados com essas questões socialmente vitais, promovendo —especialmente entre os jovens— uma imagem prostituída, enfadonha, confusa e nojenta, da política e da ideologia, para assim enfraquecer e alienar qualquer pensamento crítico. Portanto, desconsiderar esses e outros aspectos é perder o fio da conversa, é querer entender o filme começando pelo fim ou apenas assistindo algumas cenas aleatórias e desconexas.

O PIG —a mídia golpista— se manifesta por meio do blefe, do feitiço e da charada. Como dizia o grande Leonel Brizola: «quando alguém for achado ruim pela Globo, significa que é bom para o povo, mas se a Globo achar alguém bom, com certeza será ruim para o povo». Mais claro do que isso, só usando um led!

*Dario Garcia é Acadêmico do Curso de Produção e Politicas Culturais da Unipampa Jaguarão