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terça-feira, 22 de setembro de 2015

A comida de Rua invade as cidades - por Vicente Pimentero

Não temos muita informação sobre essa cultura de comer na rua, mas nos filmes de época já podemos ver que desde a Roma Antiga descolar uma refeição honesta virou rotina de quem faz das calçadas seu ritual gastronômico.

Os norte americanos, como sempre, deram um jeito de pincelar o "negócio", à moda marketing-global, naquilo que os asiáticos e europeus também já faziam e muito bem. Transformaram as tendas e os tabuleiros de comida que antes resolviam a necessidade de se alimentar economicamente entre uma jornada e outra, num incrível formato capital gourmet, explorando e pulverizando o novo bussines numa febre cultural que se espalha mundo afora.

No Brasil, onde há uma forte tendência para copiar quase tudo do estrangeiro, não foi diferente, a Comida de Rua vinda de carona com culturas colonizadoras, teve em cada região um estilo, ou pelo clima ou pelas mesmas questões históricas que escrevem as confusas lendas e verdades do país. Em Salvador, por exemplo, as bancas de acarajés além de ser um patrimônio turístico representam toda a cor e o sabor da Bahia num bolo frito de feijão servido num guardanapo, prato de plástico ou saquinho. E assim em todo o território, a pamonha, o pão de queijo, o churrasco grego, o cheesse burguer, o crepe, a pipoca, o churros, o doce, o sorvete, o amendoim, as guloseimas, os algodões doces, as maçãs verdes, e a lista quase infinita de lanches, refeições e iguarias que resolvem em minutos a pressa cotidiana do transeunte.

Mas daí vem o termo Food Truck, em quinze anos pra cá, os caminhões, kombis, ou híbridos de carcaças de qualquer espécie de veículos sobre rodas vem ganhando as ruas.

Em qualquer esquina qualquer botequim, saída emergente de desempregados ou sucursais kits de empreendimentos imóveis, os carros temáticos oferecem toda uma linguagem visual que se diversifica em estilos de comida viajando por inúmeras culturas resumidas num prato prático e convidativo ao bolso.
O fenômeno cresce de tal maneira que de coadjuvante de feiras e congressos os Food Trucks passaram a ser protagonistas nos seus próprios encontros, dividiram comida e bebida numa epidemia de cerveja artesanal e os mais diversos segmentos da gastronomia. Pizzas, hambúrgueres, frios, hot dogs, veganos, sorvetes, cafés, entre outros pratos menos comuns nas ruas como sushis, massas e caldos fazem a alegria das novas juventudes que hoje frequentam em massa esses encontros diurnos de comes e bebes.

Aqui no extremo sul a reverberação chegou em grande estilo, nos últimos três anos em Pelotas e agora em Jaguarão, os festivais de Comida de Rua vem ganhando força e um público exigente que faz do seu sarau dominical o ócio para desfilar seu modelito e compartilhar um momento saudável com os amigos. Regados à música os eventos de rua se estendem pelas tardes à noitinha e deixam um ar pitoresco nas ruas das cidades, sua maneira cult de deixar uma sequela de festa junina ou quermesse encanta as mais ecléticas gerações. A Comida de Rua veio pra ficar, propiciar um encontro e um bate papo informal com um estranho, unidos apenas pelo prazer de saborear um prato urbano nas lidas do dia-a-dia.

Receitinha de hamburguer de rua 
 
75 g de carne moída misturada com as mãos em 15g de farinha de farinha integral peneirada, 1 cebola pequena bem picada, tomilho, pimenta preta do reino moída na hora, sal, azeite e micro cubinhos de toucinho. Formar o hamburguinho com formato mais grosso do que fino e selá-lo em frigideira muito quente. Num pãozinho novo à sua escolha molhar suas folhas interiores com maionese de oliva, e mostarda de Dijon, esperar com uma salada de broto de alface, tomate assado, e pimentões salteados. Antes de acrescentar o hambúrguer ao pão, mandá-lo para o forno com uma fatia de queijo coalho até derreter e terminar de cozinhar a carne, uns 12 minutos. No pão, servir com um ketchup picante.

Edição de 16/09/2015 Ano VI nº 230