Um espaço aberto para o leitor

terça-feira, 7 de abril de 2015

1964 - Lembrar sempre, refletir sempre, repetir NUNCA MAIS!




Lauro Borges – Professor estadual em Jaguarão

Quando nos aproximamos de mais um aniversário do golpe civil-militar que implantou uma ditadura de 21 anos em nosso país e quando esta data se passa em um momento delicado de nossa frágil democracia, inclusive com muitas pessoas nas ruas pedindo “intervenção militar constitucional” (algo que não existe), é mais do que necessário discutir sobre os feitos e os efeitos dessa ditadura.

Nunca é demais lembrar dos mais de trezentos mortos e desaparecidos políticos, das milhares de pessoas exiladas, presas arbitrariamente e torturadas nos inúmeros centros clandestinos existentes em nosso país e também em nossos vizinhos latino-americanos, através da cruel Operação Condor.

Também não podemos deixar de mencionar as diversas heranças deixadas pelos militares e seus colaboradores, como a enorme dívida externa que contraíram para bancar projetos megalomaníacos e ineficazes (como a Transamazônica), a corrupção que envolvia várias lideranças do governo e empresários amigos, como denunciado cada vez mais por inúmeros historiadores e estudiosos do tema, a desigualdade social que aumentou ferozmente naqueles anos e, entre outros, o processo de sucateamento do ensino, tanto em sua infraestrutura quanto, principalmente, em seu projeto pedagógico. Centenas de professores aposentados à força nas universidades e escolas públicas do país, a proibição de disciplinas como Sociologia e Filosofia e a censura sobre os temas abordados em História e Geografia e também a desvalorização profissional dos educadores são alguns dos exemplos da tragédia que foram os “anos de chumbo” no Brasil.

Porém, tão cruel quanto este passado de horrores e arbitrariedades, é a forma como tratamos disto desde que retornamos à democracia. Fruto de uma lei gestada durante o período final da ditadura (1979), a Anistia conquistada a duras penas foi deturpada pelos generais, que aproveitaram a demanda popular pela volta dos exilados e presos políticos e trataram de salvar a própria pele, considerando como parte do jogo a tortura e os assassinatos praticados pelo Estado brasileiro.

Assim, nestes 30 anos de retorno à democracia no país, um fantasma nos ronda permanentemente, nos cobrando um acerto de contas que ainda está por ser feito. Não, o esquecimento não é uma alternativa! Quem afirma que o que passou, passou e o importante é viver o futuro, mente ou se engana. Daquilo que fazemos no presente depende nosso futuro, assim é na vida pessoal, assim é na vida de um povo.

Por isso, é tão importante neste momento resgatar aquilo que nossos irmãos latino-americanos que foram vítimas do mesmo processo que nós, estão fazendo para lidar com suas feridas. Na Argentina, no Uruguai e no Chile, por exemplo, estão em curso ações para responsabilizar os culpados e vários deles estão sendo processados ou já estão na cadeia.

No Brasil, mesmo pequenos mas importantes passos, como a Comissão Nacional da Verdade, sofrem com o bombardeio daqueles que não tem interesse de que nada se resolva e principalmente, com o esquecimento daqueles que são a principal vítima de uma ditadura: nós, o povo.

E enquanto assim for, não estaremos livres de presenciar o verdadeiro show de horrores como aqueles assistidos durante recentes manifestações no país, pedindo golpe militar para resolver problemas que foram imensamente agravados durante a ... ditadura militar!

Conheçamos nossa história, para que nunca mais nossas consciências sejam violentadas, para que nunca mais um assassino conhecido por “Carlinhos Metralha” seja abraçado por jovens, como aconteceu em São Paulo no último dia 15 de março. Jovens quase da mesma idade daqueles que o abraçaram foram torturados e mortos por ele na ditadura.

“Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”!

Lauro Borges – Professor estadual em Jaguarão




Ditadura Nunca Mais


Jaguarão. Ontem, Hoje - Praça Comendador Azevedo e arredores

Por Cleomar Ferreira

Já foi chamada de Praça do “Doze” em referência a existência do 12º Regimento de Cavalaria, ali localizado por volta de 1872 a 1878. Depois, Praça do Nono, pois defronte também esteve o 9º Regimento de Cavalaria Independente (9º RCI). Mais tarde chamada de Campo de Harmonia, pois ali jogou durante algum tempo os atletas do Sport Club Harmonia e ainda “Campinho do IPA” (Instituto Porto Alegre), quando este terreno esteve emprestado a este estabelecimento. Além de todos esses nomes, foi chamada Praça Dom Afonso, denominação esta, recebida em 24 de Março de 1846.

Depois com o tempo, receberia o nome atual:- Praça Comendador Azevedo: Médico e político que prestou relevantes serviços à cidade como vereador e por diversas vezes presidente da Câmara Municipal. Era natural da Bahia e chegou em Jaguarão como oficial do Exército. Esteve na Guerra do Paraguai.

Junto a esta praça, está o “Arco do Triunfo” que recorda os heróis da cruenta luta travada em 27 de Janeiro de 1865.

Ao seu redor estão as ruas “Vinte e Quatro de Maio”,(antiga Rua da Colina) em referencia à segunda Batalha de Tuiuti, Rua Carlos Alberto Ribas (antiga rua Formosa ou Aquidabã),Rua Mal Deodoro ( antiga Rua das Fontes, Rua das Flores ou Rua do Imperador ). Logo adiante está a Rua 7 de Abril, que já foi chamada de Rua Dom Pedro II, nome este que lhe foi dado em 13 de Janeiro de 1854. A Rua Venâncio Aires um pouco mais adiante, era a antiga Rua da Imperatriz (Teresa Cristina – Esposa do Imperador Dom Pedro II ).

Entre a Rua 7 de Abril e a atual Rua 24 de Maio, com a frente para a Av. 27 de Janeiro, existiu o quartel de Cavalaria, construído por volta de 1857, e que mais tarde em 1939, parte desse quartel seria demolida para dar lugar a obra de construção da Escola Joaquim Caetano da Silva.

Na outra parte do terreno, seriam construídas as casas populares que estão nos fundos da escola. Estas casas foram construídas no governo do Prefeito Graciliano Jeronimo de Souza.

Você Sabia?
O Código de Posturas do Município promulgado em 1898, estabelecia em seu artigo 159, que todos os carroceiros que se empregavam em vender água eram obrigados a conservarem durante a noite as pipas cheias e ao toque de “fogo”, acudir com elas ao lugar do incêndio, sob pena de Dez Mil Réis de multa. Já o Artigo 160, oferecia um prêmio de igual valor a primeira carroça com pipa que chegasse ao lugar do sinistro.

É isso aí!! Um abraço e até a próxima edição.
Fonte: Imprensa local – 1971- Bibl.Púb.Mun.

Edição de 01/04/2015  Ano IV nº 206