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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Espaço do Mosqueteiro - Gás para vaga direta

Por Santiago Passos

Apesar da Arena do Grêmio estar lotada, com a torcida apoiando o tempo inteiro, o time gremista não conseguiu superar o Fluminense e passar para a próxima fase da Copa do Brasil.

O time carioca veio fechado e para jogar no erro do Grêmio, fazer um gol e segurar na defesa o resultado e foi justamente o que aconteceu. Com um passe forçado de Wallace para Edinho, que tinha três marcadores encima dele, o Fluminense fugiu no contra-ataque e conseguiu marcar o seu gol em um falha defensiva.

A equipe não conseguiu reagir, Douglas e Pedro Rocha fizeram uma partida abaixo da média, Luan não estava bem também. O jovem craque gremista , nas partidas capitais, parece que fica abalado e some do jogo. Aliás, parece que todo o time gremista se mostra nervoso nos momentos decisivos. Contra o São Paulo na Arena também deixamos escapar uma vitória que nos colocaria na segunda colocação do campeonato brasileiro e mais perto do líder Corinthians. Roger vai ter que trabalhar mais o psicológico dos jogadores para os momentos de decisão para que consiga ser campeão com esse grupo.

Pelo campeonato brasileiro empatamos com o Cruzeiro no Mineirão, não foi um resultado péssimo mas nos deixou a quatro pontos do Atlético Mineiro e distante da liderança. O time não está conseguindo manter a pegada, está mostrando sinais de cansaço.

O campeonato vai parar por 10 dias, a comissão técnica vai usar esse tempo para descansar os jogadores e conseguir aprimorar a parte tática nos treinamentos.


Esperamos que a equipe volte dessa parada com novo fôlego para dar um gás final e garantir pelo menos a vaga direta para a libertadores que é a competição mais importante para a próxima temporada.

Edição de 07/10/2015 Ano VI nº 233






Espaço do Saci - 9 rodadas para o G4

Por Marcos Sagrera

. O colorado deu adeus a Copa do Brasil na quarta-feira passada em São Paulo. Caiu de pé diante do Palmeiras. Fez uma boa partida e enfrentou de igual pra igual o adversário. Jogou melhor que os paulistas em sua própria casa e não merecia a derrota. Fez o que se esperava de um time do tamanho do inter. Perder é do jogo, mas os jogadores se impuseram, mostraram raça e vontade vencer, jogou melhor e perdeu por algumas falhas individuais. Reconquistou o respeito da torcida.

. Agora o foco é o campeonato brasileiro. Estamos na oitava colocação mas a dois pontos do G4. Faltando nove rodadas, o colorado precisará jogar tudo que não jogou no ano. Mas a luz no fim do túnel vem justamente da atuação contra o Palmeiras. Se mostrar a vontade e a personalidade que mostrou naquele jogo, poderá alcançar a vaga, que inclusive poderá classificar o quinto colocado.
Essa mudança de atitude não veio através de um passe de mágica, mas sim na mudança de escalação e na maneira de jogar proposta pelo técnico Argel. Nosso treinador se deu conta que não podemos jogar por uma bola e deixar o adversário propor o jogo todo o tempo. Com apenas uma mudança o time melhorou muito. Jamais podemos jogar com apenas um armador, seja ele Alex ou Dale. Ficam sobrecarregados e sempre estarão muito bem marcados pelos adversários, pois só deles poderia sair alguma jogada pensada do meio de campo colorado.

. Anderson começou como titular nos dois últimos jogos e o time melhorou muito. Todos sabemos que ele tem qualidade com a bola nos pés. O time ganhou mais um armador, de movimentação, inteligente e que chega na área do adversário. A consequência foi o que se viu, maior posse de bola , distribuição de jogo e várias chances de gol criadas.

. Agora teremos dez dias para aprimorar a forma física, acertar melhor taticamente o time e treinar muito. Nossa time ainda não está compactado, já melhorou, mas as nossas linhas precisam estar melhor ajustadas. Não podemos tomar gol de contra-ataque ganhando o jogo em casa como aconteceu diante do Sport no último domingo.

. Outra mudança foi o posicionamento de Lisandro Lopes. Um baita centroavante que vinha sendo sacrificado, jogando fora de posição e tendo que marcar o lateral para o inoperante Rafael Moura poder jogar. O argentino jogou na posição que mais sabe jogar e deu uma resposta muito positiva. Fez dois gols nas últimas partidas, deu opção de movimentação na frente e brigou muito como de costume. Espero que a partir de agora o treinador não invente moda e mantenha a mesma estrutura para a sequência do campeonato.

. Mudando um pouco para o lado da segunda divisão, mais uma vez o ex-rival que não ganha nada de importante a quinze anos, caiu em casa para um time em crise. Passará mais um ano sem levantar taça. Todo o ano é a mesma coisa, chega na hora da decisão e bate a tremedeira no time da OAS, e a desculpa é sempre a mesma: Estamos nos ajustando para o próximo ano. Faz quinze anos que a desculpa é a mesma e tudo respaldado pela imprensa azul da aldeia.


. Pra terminar, dia 30 de setembro, completou 70 anos de hegemonia colorada em grenais. Isso senhores, não é rivalidade, mas sim, uma paternidade absoluta e incontestável. Os números não mentem jamais.

Edição de 07/10/2015 Ano VI nº 233



Coluna Gente Fronteiriça - Câmbio flutuante

Por Jorge Passos

Para quem é um fronteiriço genuíno, as oscilações cambiais da moeda não surpreendem de maneira nenhuma. Lá pelos anos 60 do século passado morávamos no Rio Branco, onde meu pai tinha loja, a Casa Azpiroz. Naquela época, não se falava em dólar, o que interessava mesmo era a cotação do peso em relação ao cruzeiro. Mas o Tio Ruivo, homem da campanha e que tinha vindo morar conosco, pois já não estava em condição de ficar sozinho no seu rancho no Telho, era mais resistente às modernidades. Lembro que era muito arisco para o banho mensal, o que, apesar dos seus protestos, minha mãe havia estipulado como mínimo. Volta e meia me pedia para comprar gasolina para se afumentar as pernas. Eu ia na venda do Seu Libório, que ficava ali perto do Liceo velho, onde hoje tem uns quiosques de lanches. “Essa gasolina é santo remédio para a coceira” dizia ele, fazendo o palheiro. Quando o assunto era dinheiro, o termo utilizado por meu velho tio avô ainda era réis. Tantos réis pra cá, tantos contos de réis pra lá! “Isso é um disparate! Sabes quanto está uma caixa de goiabada no Oscar Amaro? 200 réis!”

Minha mãe prezava os horários. Almoço ao meio dia, sempre. Depois, à uma hora, todos nós ficávamos em silencio absoluto pois o pai começava a escutar o informativo da Rádio Carve de Montevidéu cuja parte mais importante era a cotação do peso. Nós sabíamos que disso dependia o movimento da loja. Apesar da nossa ignorância em relação às variáveis econômicas, sabíamos que da palavra “movimento” e suas alterações de direção, para cima ou para baixo, dependiam nossos maiores desejos de ser presenteados com um brinquedo novo da Casa Cosmos, do Seu Eurídio, ali na esquina da XV de Novembro com a Carlos Barbosa em Jaguarão. Meu sonho de consumo, depois de ter visto o Ben Hur, era uma quadriga de cavalos com penachos, igual à do Charlton Eston, protagonista e herói do filme de romanos. Era de madeira torneada, ainda não tinha surgido o brinquedo de matéria plástica e eram todos caríssimos. “Quando as coisas melhorarem” tu ganhas, dizia meu pai.

Nos tempos de crise, quando já não vinham os compradores de Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e até os de Jaguarão escasseavam, nas mesas de exposição das mercadorias da loja, já não se viam cobertores Aurora, blusas Burma ou lanas del Uruguay. Ali, luziam flamantes, abóboras, espigas de milho verde, mugangos, melancias e melões, produtos trazidos da chácara do Telho. E assim era, até a próxima flutuação do câmbio, peso caindo, movimento subindo, quando voltavam as viagens a Montevidéu para buscar novidades e lançamentos. Vida de fronteiriço.


Edição de 07/10/2015 Ano VI nº 233