Um espaço aberto para o leitor

quinta-feira, 14 de maio de 2015

CANAL DE COMUNICAÇÃO - É muita cara de pau

Não tem jeito mesmo. Os governos só dizem da necessidade de economia, cortes aqui e ali, mas sempre é só no bolso dos mais fracos, do povo. Os aumentos nos impostos e em tudo o que é prestação de serviço são uma constante e a vida está cada vez mais difícil. Mas para eles, os mandatários e os “fazedores” de leis tudo é permitido. Agora nossos sábios e honestos deputados estaduais estão regulamentando uma lei que cria uma aposentadoria especial, só para eles. Sabem em quanto vai onerar os gastos no poder legislativo? É claro que não, mas vai ser a bagatela de quase quinhentos mil. E eles acham que é um direito, uma necessidade e não tem vergonha de aprovar essa nova cafajestada . Mas o governo corta aqui, corta lá e “de le” cortar, no dos outros. É preciso sim cortar serviços que nada produzem, autarquias que são só cabides de empregos de cupinchas que só estão lá para receber o salário, que nunca é pequeno, isso que muitos nem sabem onde fica seu local de trabalho. É preciso sim vender prédios do Estado, desocupados e se deteriorando e deixar de pagar altos aluguéis em outros que às vezes nem são tão úteis ou necessários. É preciso sim diminuir os cargos de confiança, CCs, as funções gratificadas, FGs , não permitir que salários que foram temporariamente aumentados, por exercerem uma função extra, sejam incorporados para todo sempre nos salários do funcionalismo. É preciso cortar com o salário vitalício de ex governadores ou de suas viúvas, isso é um absurdo, uma incoerência e uma sem-vergonhice. É preciso corrigir o que está errado, doa a quem doer. Mas para isso, como dizia o outro pilantra COLLOR, tem que ter aquilo roxo, e nem o fala mansa de Caxias, de quem muito esperávamos está tendo. Mas ainda é cedo e não perdi toda esperança nele. É preciso cortar as promessas eleitoreiras, os aumentos prometidos pela cara de pau do ex governador do PT Tarso Genro, que prometeu ou por que sabia que não iria ser reeleito ou porque já tina em mente nada cumprir. Hoje se vê que foi um péssimo governo e que só deixou problemas. Ainda penso que o SARTORI pode melhorar as coisas, que está tentando acertar, mas terá que contrariar milhares de pessoas. Só não pode dizer que não sabia onde estava se metendo e aí me surge uma dúvida atroz: será que todo candidato que briga para se eleger, que faz inimizades para ocupar o lugar do maior mandatário de um país, de um estado ou de um município, quer aquilo para realmente tentar administrar bem, acertar as coisas, ou o que é preocupante, só quer o cargo para se locupletar, para ter o poder nas mãos e para enriquecer pessoalmente?

A frase nada tem a ver com o assunto, saiu numa Zero Hora dessa semana, mas encerra muita filosofia: O CASAMENTO PARA A MULHER É TROCAR A ADMIRAÇÃO DE MUITOS PELAS RECLAMAÇÕES DE UM SÓ. 

Edição de 06/05/2015 Ano VI nº 211
 
 
 

Coluna Gente Fronteiriça - As políticas públicas para o patrimônio em Jaguarão - I

Grupo Americando após apresentação no 
Teatro Esperança, no Projeto Jaguar (1983)

Por Carlos José Maninho

As primeiras discussões em relação às políticas públicas para o patrimônio remetem ao início dos anos 80, conturbado período político-econômico, onde vivia-se os últimos anos da ditadura militar. Não se pode dizer o mesmo com relação ao debate das políticas patrimoniais, pois o Brasil, sofreu uma influência positiva dos debates sobre o Patrimônio oriundos da ONU e do Ano Europeu do Patrimônio (1975).

Dentro deste contexto nacional na década de 70, os debates fomentados pela sociedade civil em Jaguarão gestaram projetos que levaram adiante ações que resultaram no levantamento arquitetônico dos prédios da cidade, na forma de inventário, com vistas à preservação do patrimônio. O projeto considerado “pioneiro”, desenvolvido no começo dos anos 80, denominado “Jaguar”, englobou diversas ações além do inventário, entre elas a utilização de espaços culturais como o Teatro Esperança e a valorização das ruínas da Enfermaria Militar. 

Nesta longa caminhada, os primeiros registros de uma preocupação com o Patrimônio histórico e arquitetônico da cidade se dão neste período e contaram com mobilizações e movimentos da sociedade civil que chamavam a atenção para a necessidade de revitalização de nossos prédios, espaços públicos e locais de interesse cultural. 

Assim começa a tomar corpo a ideia de revitalização de Jaguarão. Podemos citar o Plano Diretor da cidade de 1979 que definia a preservação do entorno da Praça Alcides Marques, mas se resumia a esta área. Efetivamente, as primeiras movimentações neste campo vão se dar através de ações não governamentais como o Projeto Jaguar, no ano de 1982, movimento que irá influenciar muitas pessoas e entidades da comunidade. Após a primeira eleição depois da Ditadura (1985), o prefeito eleito, Fernando Correa Ribas, entusiasmado com a movimentação deste projeto, institucionaliza algumas atividades e começa a organizar a revitalização das Ruínas da Enfermaria, acarretando a criação de um parque no local. Com a morte deste prefeito em um acidente automobilístico o parque acabou levando seu nome. Porém na década de 90 as novas gestões acabam gerando um novo e forte abandono deste local. Contudo, importantes frutos do Projeto Jaguar germinaram nas últimas duas décadas do século XX. Apresentarei este processo na minha próxima participação nesta coluna.

Edição de 06/05/2015 Ano VI nº 211
 




A cozinha essencial por vicentepimentero

Uma cozinha essencial não se faz de um dia pro outro, pois não bastaria você construir um espaço apenas, seja doméstico ou comercial, muni-lo de apetrechos, maquinarias e insumos, e até um bom cozinheiro, e representar o que uma cozinha sovada pelo tempo significa. 

Uma cozinha essencial se constrói aos poucos, nas andanças de lumes e temperaturas, no cheiro das estações, e na fusão e preparos de alimentos elaborados ali ou trazidos de outras receitas. A cozinha essencial é aquela que coleciona panelas, que pendura frios, que seca iguarias, que cura feitiços à base do tempo. O tempo, o segredo infalível das cozinhas essenciais, o que curte, o que dora, o que desperta sabores e aromas genuínos daquela espera, daquele ciclo. Numa cozinha essencial estamos o tempo todo transformando, marinando, congelando, descongelando, aproveitando cada teor, cada prova, cada resto, cada sobra, cada milímetro. Para o mundo dos frutos, frutas, vegetais, legumes, hortaliças e tudo que vem da terra, é sempre fundamental respeitar a natureza das estações. 

Saudável e economicamente falando, preferir esses alimentos geram uma cadeia produtiva e necessária criando assim um loooping na vida e na cozinha de qualquer gourmet ou bon vivant. Os talos, as folhas e os brotos utilizam-se para sopas, bases, os chamados fundos, caldos. Se faz fundamental comprar quantidades e separá-las em congelados, em kits de sopas, com alimentos previamente descascados e ou lavados, estar sempre pronto para as visitas esperadas ou inesperadas é uma das artes do cozinheiro essencial. Aquele que se importa com agradar a todos, com generosidade e qualidade, isso faz de um cozinheiro essencial trazer à tona sua malícia e picardia de apaixonar qualquer paladar, qualquer estômago, acalentar no abraço dos sabores qualquer corpo de alma anêmica. 

Ainda estes vegetais devem se utilizar em escabeches, que nada mais são do que conservas à base de azeite e especiarias, para servir de acompanhamentos na hora de um petit comité, aperitivo, entrada, tapas, ou como queiram chamar o ritual das ante salas. Com as frutas a mesma coisa, ou as compotas, doces, marmeladas, que darão uma vida longa àquela fruta específica, perdurando o tino das estações num cardápio anual, destemperado de conceitos, mas harmonizado com a culinária de essências. A secagem é outra alternativa para preservar e dar durabilidade a qualquer iguaria, seja doce ou salgada transformar um insumo em bálsamo vivo é questão de praticidade e continuidade. É assim que nascem os tomates secos, foi dessa técnica que surgiu a carne de sol, e logo o charque. E por aí vão, os bacalhaus, os defumados, e os cozimentos crus, como o peixe no limão e o tomate em molho com a fermentação do açúcar. Ah cozinha infinita e essencial. 

As ervas aromáticas e seus mitos curandeiros que sugiro sempre comprá-los em dois exemplares de cada, na geladeira, guardadas bem sequinhas à vácuo ou num saco zip, podem durar várias semanas, com o outro exemplar, sugere-se pendurá-las de cabeça para baixo e deixá-las secar naturalmente, aos poucos teremos ervas secas que, armazenadas corretamente em potes fechados, podem durar meses, ou seja, o que nos impede de termos um mix de ervas secas? Já pensou? Orégano, Menta, Hortelã, Cardamomo, Manjericão, Manjerona, Tomilho, Alecrim, Salsa, Ciboulette, Estragão, e a página fica pequena para a variedade de especiarias que podemos incluir. 

Uma cozinha essencial é cheia dessas coisas, de sais, pimentas, temperos exóticos. Uma cozinha essencial está sempre com feijões na pressão e massas de pão caseiro fermentando. Uma cozinha essencial é uma cozinha de vó, e embora eu seja uma avó em corpo de homem, na minha cozinha jamais vai faltar o amor que ronda o melhor lugar da casa, onde as crianças pedem pipoca, as namoradas bolos de mel, os adultos carnes recheadas e temperadas, onde os mais velhos aperitivam um queijo e um salame da colônia e os lariquentos roubam uma colherada de doce de leite caseiro. Uma cozinha essencial é uma cozinha repleta de gente, de cheiros, de provas, de gula, de pecados. Onde o exótico é dar sentido ao paladar, logo à vida.

Edição de 06/05/2015 Ano VI nº 211