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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Jaguarão Ontem, Hoje - Decálogo da Segurança

Por Cleomar Ferreira

Achei interessante esta matéria mandada publicar pela Prefeitura de Jaguarão em Setembro de 1970.

Estaria nossa cidade correndo risco de algum atentado ?? Ou seria obra da atual situação política nacional que levou à publicação dessa nota ?

1- Os terroristas jogam com o medo e o pânico. Somente um povo prevenido e valente poderá combate-los. Ao ver um assalto ou alguém em atitude suspeita, não fique indiferente, não finja que não viu, não seja conivente, - avise logo a policia ou o quartel mais próximo.
2- Antes de formar uma opinião, verifique várias vezes se ela realmente é sua, ou se não passa de influência de “amigos” que o envolveram. Não estará você sendo um inocente útil numa guerra que visa destruir você, sua família e tudo o que mais amas na vida?
3- Aprenda a ler os jornais, ouvir rádio e assistir televisão com certa malícia. Aprenda a captar mensagens indiretas e intenções ocultas em tudo o que você vê e ouve. Você vai se divertir muito com o jogo daqueles que pensam que são mais inteligentes do que você e estão tentando fazer você de bobo com um simples jogo de palavras.
4- Se for convidado, ou sondado, ou conversado sobre assuntos que lhe pareçam estranhos ou suspeitos, finja que concorda e cultive relações com a pessoa que assim o sondou e avise a policia ou quartel mais próximo.
5-Aprenda a observar e guardar de memória alguns detalhes marcantes das pessoas, viaturas e objetos na rua, nos bares, nos cinemas, teatros e auditórios, nos ônibus, nos edifícios comerciais e residenciais, nas feiras, nos armazéns, nas lojas, nos cabeleireiros, nos bancos, nos escritórios, nas residências, estações ferroviárias, nos trens, aeroportos, nas estradas, nos lugares de maior movimento ou aglomeração de gente.
6-Não receba estranhos em sua casa, mesmo que sejam da polícia, sem antes pedir-lhes a identidade e observá-los até guardar de memória alguns detalhes, nº identidade, repartição que expediu, roupa, aspecto pessoal, sinais especiais, etc. O documento também pode ser falso.
7-Nunca pare seu carro solicitado por estranhos, nem lhes de carona. Ande sempre com as portas de seu carro trancadas por dentro. Quando deixar seu carro em algum estacionamento ou posto de serviço, procure guardar alguns detalhes das pessoas que o cercam.
8- Há muitas linhas telefônicas cruzadas. Sempre que encontrar uma delas mantenha-se na escuta e informe logo a polícia ou quartel mais próximo.
9- Quando um novo morador se mudar para seu edifício ou para seu quarteirão, avise logo a polícia ou o quartel mais próximo.
10- A nossa desunião será a maior força do nosso “inimigo”. Se soubermos nos manter compreensivos, cordiais, informados, confiantes e unidos, ninguém nos vencerá.
Ficava garantido o anonimato à quem fizesse alguma denúncia às autoridades.

É isso aí, um abraço e até a próxima edição.
Fonte: imprensa local, 1970.

Edição de 17/06/2015 Ano VI nº 217




Mulheres de Fronteira: união em prol de conquistas

A violência contra a mulher, a necessidade da ocupação de espaços de decisão pelo gênero feminino, a independência econômica e a luta contra o patriarcado são algumas das pautas que unem mulheres de ambos os lados da fronteira em um coletivo denominado Mulheres de Fronteira/Mujeres de Frontera.

O primeiro passo para unificar as lutas deu-se durante a realização da 4° Marcha das Mulheres/ Semana Binacional da Mulher realizada este ano, onde aconteceu o primeiro encontro no Clube 24 de Agosto para tratar do tema. Desde então já foram três encontros e muitos sonhos e direitos a serem conquistados.

“Em Rio Branco recebemos de três a cinco denúncias por dia de violência doméstica, em Jaguarão essa realidade não é diferente. Precisamos criar mecanismos que acabem com essa prática”, defendeu Graciela Silva, coordenadora do Grupo Mujeres de Negro que trabalha com atendimento à vitimas de violência de gênero.

Mangela Britos, presidente do Sindicato das Domésticas de Rio Branco, crê no empoderamento das mulheres em todas as áreas. “ Em nossa fronteira enfrentamos muitas dificuldades na inclusão no mundo do trabalho, na educação, saúde, etc. É imprescindível conscientizarmos a sociedade das necessidades que temos em nossa fronteira. A criação deste coletivo nasce justamente desta necessidade, de criarmos um espaço para organizar, capacitar e debater estratégias de luta”.

Andréa Lima, secretária adjunta de Cultura e Turismo de Jaguarão e ativista feminista, ressalta a importância de pensar políticas públicas integradas para atender as demandas e fortalecer as ações nas duas cidades gêmeas. “Temos muitas lutas em comum, por isso é preciso pensar em ações comuns, que tenham um olhar sobre as mulheres que habitam a fronteira, com todas as particularidades que isso implica”.

O coletivo conta também com a participação da representante do Instituto Nacional de Mujeres (INMujer) Victoria Pereira. Para ela é muito importante que a institucionalidade acompanhe o processo que está em construção. “Tem sido muito enriquecedor estes encontros, saímos sempre com muitas tarefas, com muitas coisas para seguir buscando e informando e fazendo chegar a informação do que acontece em nosso país e nessa zona fronteiriça onde há as vezes muitas dificuldades e uma diferente forma de se abordar os assuntos”.

O grupo já tem um próximo encontro marcado, para o dia 26 de junho, na Biblioteca Pública de Jaguarão a partir das 18h30, onde será construído um diagnóstico da realidade de ambas cidades, das principais demandas e ações para avançar na construção de políticas públicas voltadas para as mulheres. Também esta sendo planejada a primeira Conferência Binacional das Mulheres que será realizada ainda este ano.

Edição de 17/06/2015 Ano VI nº 217





CANAL DE COMUNICAÇÃO - Assuntos sobre os quais escrever

Por Arnoni Lenz 

Às vezes me perguntam, sempre tens assunto para dissertar? Ao que respondo que é o que mais existe, mas penso que vou mudar um pouco. Pouco ou quase nada adianta andar me indispondo com pessoas com as quais me relaciono ou não, mas com as quais tenho divergências capitais. Escrever sobre a situação de desgovernabilidade do país ou do estado é muito fácil, mas e adianta? Escrever sobre o abandono de nossa cidade que um dia sonhou em ser uma cidade turística, ou sobre o excesso de funcionalismo na prefeitura local, ou sobre a falta de dinheiro que dizem ser a culpa de tudo, adianta?-Nada. Posso até agradar alguns, mas também vou me hostilizar com outros. Escrever sobre os absurdos que estão fazendo os políticos, as aberrações na justiça onde os juízes que são muito bem remunerados estão se pagando auxílio moradia, auxílio alimentação, e querem efeito retroativo onde cada um receberá mais de 35 mil pela comida que já comeu e que já foi paga, adianta? Só para conseguir por parte deles uma ação, pois eles podem fazer isso. E tudo isso num país onde os governantes não fazem economia nenhuma, aumentam seus próprios salários e garantem que não existe dinheiro para nada. Não existe para o assalariado que recebe de salário o mesmo que os outros recebem de auxílio alimentação. Não se sabe a quem recorrer, pois a corrupção está em todos os setores, inclusive na justiça, na polícia, nos órgãos de segurança, em todo lugar. Então por que vou estar me expondo. Às vezes me dá vontade de chorar quando se vê coisas acontecerem e nada de mudanças. Escrever sobre o coitado do meu Grêmio, que ainda sonho vê-lo em melhores condições, adianta? Nada. Escrever sobre a corrupção que existe nos órgãos que dirigem o esporte mundial ou nacional, adianta? Nada. Então resolvi mudar, vou passar a ser mais light. Vou escrever sobre flores, sobre as belezas da natureza, sobre mulheres bonitas, sobre viagens, sobre assuntos que não comprometem, mas que me mantém fazendo a mente trabalhar, pois se essa para, o meu amigo Alzheimer pode se apossar da mesma e isso seria muito triste. Dizem que para que não advenham problemas cerebrais, a mente precisa ficar ocupada, trabalhando, fazendo palavras cruzadas, jogando cartas, lendo muito, escrevendo e assim por diante. Vou também tentar para a próxima semana trocar a foto que acompanha meu artigo, tenho recebido reclamações que esta que aí está é do tempo que se amarrava cachorro com lingüiça e que tenho que assumir minhas rugas e meus cabelos brancos. Então vamos fazer isso.Por outro lado, escrevo por que gosto de fazê-lo e me bazeio na frase que diz: FAÇA O QUE GOSTAS, PARA GOSTARES DO QUE FAZES.

Edição de 17/06/2015 Ano VI nº 217


Cardozo diz que reduzir maioridade penal provocará caos no sistema penitenciário

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta terça-feira (16) que o governo defende maior tempo de internação para jovens que praticarem crimes hediondos, com violência ou grave ameaça, como alternativa à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Cardozo disse ainda que a redução da maioridade penal é um equívoco e pode provocar caos no sistema penitenciário, que já tem déficit de 300 mil vagas.

De acordo com o ministro, o prazo máximo seria de oito anos. A medida seria cumprida em estabelecimentos especiais ou em espaços reservados nas unidades socioeducativas, de forma separada dos jovens que cometeram crimes de menor gravidade. Cardozo também defendeu o agravamento da pena de adultos que usam crianças para cometer crimes.

Para o ministro, que participou hoje de audiência pública sobre o tema na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a proposta “responde ao que a sociedade quer, ao que os especialistas recomendam e não tem o efeito colateral que todos os estudos mostram a respeito da redução da maioridade. Me parece que esse é um caminho bom para debatermos”, afirmou.

Ele explicou que essas propostas estão de acordo com o projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que aumenta a punição para adolescentes no caso de crime hediondo. Ontem (15), o senador José Pimentel (PT-CE) apresentou parecer favorável ao projeto.

“Ao se mudar a redução da maioridade penal, teremos um caos no sistema penitenciário brasileiro. As medidas socioeducativas deixarão de ser aplicadas, a lei penal comum incidirá e teremos então uma absorção impossível de ser feita, já que o déficit é de 300 mil vagas”, informou o ministro. Segundo ele, o tempo médio para construção de uma unidade prisional é de quatro anos.

Na audiência pública, o ministro reafirmou a posição contrária do governo à redução da maioridade penal, lembrando a inexistência de estudos comprovando que a mudança reduz a violência. Para o ministro, o governo entende que a maioridade penal é uma cláusula pétrea da Constituição. Por isso, não pode ser alterada por meio de emenda constitucional.

O vereador paulistano Ari Friendenbach, pai de Liana, assassinada com o namorado aos 16 anos por um adolescente, também defendeu a adoção de penas mais severas para jovens que cometem crimes de estupro, homicídio, latrocínio e sequestro.

“Nesses casos, as penas seriam menores que as aplicadas aos adultos e os jovens cumpririam o tempo de reclusão em unidades específicas para crianças e adolescentes. Eles jamais seriam colocados em presídios comuns. É preciso que se pense em unidades que realmente ressocialize esses jovens”, acrescentou o vereador.

Ari Friendenbach defende que os jovens que cometem crimes graves sejam examinados por psicólogos e psiquiatras para verificar se eles têm consciência do ato praticado. Os que tiverem problemas como psicopatia deverão cumprir a internação separadamente.

O ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas, apresentou dados mostrando que os atos infracionais praticados por adolescentes são principalmente roubo, seguido por tráfico e homicídios.

Para Vargas, reduzir a maioridade penal agravará o problema. “Colocar o jovem de 16 anos dentro de um sistema prisional para adultos levará esse jovem a ser aliciado por facções criminosas. Ao sair do sistema prisional, ele não terá outra alternativa que não continuar aliciado por essa facção.”

Corregedor do Ministério Público de São Paulo, Paulo Afonso Garrido de Paula, que manifestou-se contrário à redução da maioridade penal, disse que a mudança não resolverá o problema da violência. Ele defendeu uma reforma no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Para Garrido, há uma descrença na efetividade do ECA. Por isso, é preciso recuperar a credibilidade do sistema socioeducativo. “Será que colocar esses jovens no sistema penal resolverá nosso problema de violência ou é mais importante apostar num sistema socioeducativo com mais credibilidade?”.

O corregedor também propõe que os adultos que usem jovens para cometer crimes tenham pena maior prevista no Código Penal. “Ele receberá uma pena até maior que a do crime que praticou”.

Edição de 17/06/2015 Ano VI nº 217