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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Funcionários da Santa Casa de Jaguarão realizam novo ato de paralisação nesta sexta-feira


Os funcionários da Santa Casa de Jaguarão e a direção do hospital realizarão a partir das 8h desta sexta-feira (15) um novo ato de paralisação das atividades. O movimento visa sensibilizar a comunidade como um todo e chamar atenção do governo estadual para a grave situação em que a instituição vive, bem como para ressaltar a urgência de que o Estado cumpra o contrato que possui com o hospital.

Conforme definido em reunião, que aconteceu na tarde de ontem (13), durante o ato de paralisação nenhum serviço do hospital irá funcionar, com exceção do atendimento dos casos de emergência. Já os serviços de urgência serão encaminhados diretamente para Pelotas.

A suspensão de grande parte dos serviços da Santa Casa de Jaguarão já vem ocorrendo desde o dia 26 de fevereiro, quando a falta de repasses do governo do Estado e a limitação da prefeitura, que estava cobrindo o que deveria ser de responsabilidade do Estado, tornou a situação insustentável.  

Segundo a nova gestora presidente do hospital, Dolores Gaidarji, desde que ocorreu essa suspensão o Estado repassou, no dia 3 de março, R$ 49 mil referentes à parte do pagamento de janeiro, no dia 17 de março repassaram R$ 205.578,00, que corresponde a 70% do contrato, e que vem de recursos do governo federal. Nesse período o hospital ainda foi prejudicado com o desconto de R$ 27.598,48 devido à glosa de metas. “Esses foram recursos que utilizamos para pagamento de 60% da folha de pagamento geral do hospital e aquisição de medicamentos, materiais para manutenção dos serviços. Já os outros 30% que seria complemento do Estado e os incentivos estaduais não foram pagos”, explica a gestora, destacando ainda as incertezas com o futuro do hospital diante da dívida que se acumula. “Até o presente momento aguardamos o pagamento de uma dívida de mais de R$1 milhão de reais do Estado, que corresponde a atrasos de 2015 e 2016. Temos informação de que na próxima semana o hospital receberá R$ 507 mil, que correspondem ao ano passado, porém o cenário é incerto e não temos respostas sobre o restante da dívida, bem como o cumprimento do contrato assinado, que prevê os repasses mensais”, explica.

Ainda sobre a situação atual, Dolores ressalta que os problemas financeiros prejudicam e impossibilitam o pagamento de fornecedores, a aquisição de materiais e medicamentos, a aquisição de produtos alimentícios, mesmo com todo apoio da comunidade, a aquisição de materiais de limpeza e higiene, a manutenção de equipamentos e o cumprimento da folha de pagamento dos funcionários. “Os servidores ainda não receberam o salário do mês de março. O último pagamento foi o complemento da folha do mês de fevereiro com recursos da prefeitura via Plano Operativo”, conta.

Em relação a cirurgias gerais a gestora destaca que em 2014 o hospital produzia 60 e em 2015 com a falta de recursos, passou a realizar uma média de 20. Neste ano estão sendo feitas apenas cesáreas e cirurgias de emergência e desde dezembro de 2015 o número de cirurgias ambulatoriais é 0.  

A Santa Casa de Jaguarão possui 143 funcionários e é uma das mais importantes instituições de saúde da região, que atende uma média de 60.000 pessoas, pois  além de Jaguarão o hospital atende pacientes de Capão do Leão, Herval, Arroio do Padre, Arroio Grande, Cerrito, Pedro Osório e também de Rio Branco (UY), já que está localizado na fronteira.



ABRAÇO A SANTA CASA: Dentro da mobilização de sexta-feira (15) também está programado um grande abraço a Santa Casa. O ato está previsto para às 15h e a ideia é demonstrar de forma simbólica o carinho e o reconhecimento, de toda a comunidade, pela importância do  único hospital da cidade. Os funcionários convidam toda a população para se unir nesta luta e participar do abraço.


Requalificação da Praça Dr. Alcides Marques será tema de audiência pública nesta sexta


A prefeitura de Jaguarão e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional convidam a comunidade jaguarense para a Audiência Pública que irá tratar sobre o projeto de requalificação da praça Dr. Alcides Marques. Na oportunidade IPHAN e a empresa contratada para executar o projeto estarão presentes para realizar a apresentação do projeto inicial de requalificação do espaço.

A atividade está marcada para às 19h desta sexta-feira (15) na Câmara de Vereadores.




“O governo do Estado optou por reduzir repasses para a saúde e instaurou profunda crise no setor”, diz Zé Nunes


A situação da saúde no Rio Grande do Sul volta ao debate em audiência pública que será realizada nesta quinta-feira (14), no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa. O encontro é organizado pela Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. “A situação está dramática, o governo estadual precisa urgentemente colocar a saúde como prioridade”, alerta o deputado estadual Zé Nunes (PT), que coordena a Frente na Região Sul, e tem acompanhado de perto a situação dos municípios.

De acordo com o parlamentar, tem sido rotina em seu gabinete a presença de comitivas de hospitais apresentando suas dificuldades e lamentando que não conseguirão mais honrar seus compromissos. “O governo estadual optou por reduzir os investimentos na área. Em 2015 foram R$ 590 milhões a menos de investimento na comparação com 2014, e tem diminuído cada vez mais os recursos, chegando a uma média de R$ 40% a menos”, explicou.

De 2013 para 2014, o orçamento da saúde aumentou em 18% na Região Sul do Estado, envolvendo Atenção Básica e hospitais, enquanto que no primeiro ano do atual governo, reduziu em 33%. Por outro lado, alertou Zé Nunes, os recursos federais repassados não tiveram redução, se mantendo nos patamares do ano anterior, ainda com um acréscimo de 20%.
Segundo a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, o Estado deve R$ 72 milhões aos hospitais filantrópicos, referentes aos Programas de Apoio, dos meses de novembro e dezembro de 2015, ou seja, R$ 36 milhões por mês.

As casas de saúde são responsáveis por mais de 73% da atenção hospitalar ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Rio Grande do Sul.