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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A epidemia de cesáreas no Brasil

Por Andréa Lima
Tenho um filho e uma filha e, nas duas gestações, por conta de uma complicação chamada “pré-eclâmpsia”, não pude optar pelo parto normal. Diagnosticada com a pressão alta nos últimos meses de espera, sem possibilidade de escolha, fui obrigada a passar pelo procedimento cirúrgico da cesárea, como forma de prevenir riscos para mim e para os bebês.

Os dois partos foram diferentes, sendo um deles realizado em Jaguarão e o outro na cidade de Pelotas. Ambos tiveram em comum a recuperação lenta, a dor do corte abdominal e alguns sintomas ocasionados pela anestesia, que não são nada agradáveis para quem quer e precisa cuidar de um recém-nascido.

Na cidade de Pelotas, no Hospital São Francisco de Paula, na tarde em que tive minha filha, mais de 20 cesáreas aconteceram. O ritmo dos médicos e enfermeiros era acelerado e, na sala de parto, eles sequer dirigiam a palavra às gestantes. Ao menos assim foi comigo. Enquanto vivia um dos momentos mais importantes da minha vida, eles conversavam sobre a rotina hospitalar, a movimentação do feriado e assuntos de toda a natureza.

O momento emocionante foi quando ouvi um deles dizer, “Nossa, que baita guria!”, e então soube que era a minha filha que finalmente havia se apresentado ao mundo, logo ouvindo seu chorinho.

Mostraram-me ela muito rapidamente e levaram para os procedimentos comuns em outra sala.

Apesar da insistência, não permitiram que meu companheiro entrasse comigo na sala de parto, ferindo um direito assegurando pela Lei Federal Nº 11.108, que garante às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde – o SUS, legislação esta que as maternidades corriqueiramente descumprem.

No meu caso, as cesáreas aconteceram por questões de saúde, mas em diversas situações é uma escolha da mãe, pautada por uma pressão médica, quando seria desnecessária.

Sabemos que, financeiramente, os médicos ganham muito mais com este tipo de parto e alguns ficam satisfeitos por não terem que esperar por horas e horas o momento de nascimento, podendo planejar suas férias, chegar em casa sem problemas na hora do jantar e organizar a agenda, de uma forma muito mais prática e cômoda.

Por estes e outros motivos que cerca de 80% dos partos da saúde complementar (aquela que é coberta por planos) no Brasil são cirúrgicos.

Visando estimular o parto normal e combater o que pode ser considerado uma “epidemia de cesáreas” no país, o Ministério da Saúde publicou no começo de janeiro uma resolução normativa, com uma série de medidas para dar maior segurança para a decisão sobre o parto entre o médico e a gestante, que estará melhor orientada sobre possíveis riscos de uma cesárea desnecessária.

Segundo dados disponíveis, a cesariana, quando não há indicação médica, aumenta em 120 vezes o risco de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Os médicos, a partir de agora, terão que apresentar obrigatoriamente um documento chamado partograma, onde estarão registradas todas as etapas do trabalho de parto da gestante.
As operadoras de planos de saúde só poderão realizar o pagamento dos procedimentos médicos mediante a apresentação do documento completo. A adoção do partograma deve forçar os médicos obstetras a esperar o início do trabalho de parto. "Parto não é evento que se marque. Normal é o parto normal", afirmou o Ministro da Saúde, Arthur Chioro.

É isso aí, Ministro, que ninguém nos tire a dor e a delícia de nos tornarmos mães de acordo com nossas próprias escolhas, como a natureza quer e permite!

Edição de 21/01/2015



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