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quinta-feira, 30 de julho de 2015

A cultura do Happy Hour - por vicentepimentero


Desde que me conheço por gente o termo happy hour, que notoriamente se refere à hora mais feliz do dia, criou-se para exaltar o fim de tarde, o momento de afrouxar a gravata e relaxar na dose de uma boa bebida, petisco e companhia.


Aqui no sul e principalmente nas cidades do interior, o happy hour é um evento, não se entende como momento informal de fim de tarde, onde as pessoas confraternizam numa passada rápida pós-expediente para um bate papo e logo um desprender dos compromissos diários, um momento único para atravessar o portal do descanso e do relaxamento.

Nestas culturas provincianas, ainda as reuniões sociais soam como saraus à moda antiga, eventos genuinamente formais, onde existe o olho exigente da mesma sociedade que julga a postura ou os bons costumes morais, aquele dogma antiquado das velhas épocas. Igualzinho.

É necessário aplicar o happy hour com a índole que marcou a cultura dos navios europeus, que desafogavam seus marinheiros com horas livres para a prática de esportes ou o ócio ao ar livre. Hoje as empresas apostam em proporcionar ambientes holísticos para melhor desenvoltura dos seus funcionários. Para uns a meditação é o mais apropriado, para outros o velho e bom happy hour dos bares sugere um conforto físico e mental, ainda há os que primam pelo condicionamento físico e é nas academias que liberam todas essas energias acumuladas e canalizadas no decorrer do dia.

A essência do happy hour é no pulo rápido a um bar próximo da oficina ou do local de trabalho. É a conversa fora jogada com o vizinho de plantão, o comentar do cotidiano durante a hora do rush, enquanto as pessoas voltam para casa depois de uma jornada árdua de trabalho e dedicação.

O happy hour fica entre o caminho do trabalho e o de casa, jamais o contrário. Existe um intervalo entre as obrigações laborais e domésticas. Esse é o intervalo do Happy Hour, um convite à ociosidade da mente, da alma. Onde por instantes, mesmo em meio à voracidade urbana, damos uma pausa no elementar do nosso físico, nosso bio ritmo, onde deixamos que a apneia da nossa linha cronológica fique um tanto espacial, num trecho inimaginável do nosso tempo, o tempo para o relaxamento, uma lacuna, e, principalmente na maneira de ver, praticar, pensar e viver as coisas. A todos um excelente happy hour!!

Edição de 22/07/2015 Ano VI nº 222


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