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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Futebol, os três clássicos mais importantes da América - Por vicentepimentero


Em menos de um mês jogaram-se os três principais clássicos da América, e não me venhas com fla-flus ou peladas paulistanas que na tríplice aliança os grandes clássicos do Mercosul ficam aqui, pra estas bandas cisplatinas. 

Não fosse a depredação de algumas cadeiras de alguns torcedores gremistas no Beira Rio, o clássico Gre-Nal ficou para a história por ter sido a primeira final com torcida mista. Pioneiros no mundo, os gaúchos se superaram em civilidade, além de mostrar um bom futebol. O inter vive um grande momento e dominou o primeiro tempo podendo liquidar aquele jogo que o Grêmio dificultou na segunda parte do certame mas que não pode sustentar a boa fase colorada. Dois elencos dispares, mas como todo clássico, nivelados pelo peso das camisas vermelhas e azuis. No final do jogo um espetáculo proporcionado pelo belo estádio mundialista e pela torcida do Inter, podendo comemorar o título de campeão gaúcho, que contracenou na bela iluminação do grande caldeirão vermelho.

Semanas depois se jogaria o clássico Argentino, já haviam se jogado dois River e Boca pelo campeonato argentino, mas este último, que ficou para história, infelizmente pela incitação à violência, era, também, pela Libertadores. Embora a punição do Boca Júnior, já que o jogo foi na Bombonera, esteja muito suspeita por parte da Conmebol, o clube e seus torcedores pagarão pela astúcia de um torcedor apenas, ou de uma facção organizada onde o crime está em primeiro lugar, e não o futebol. Isso criará um âmbito de desconfiança e incentivará a denúncia quando hajam atitudes suspeitas de um baderneiro. Para quem flutua na leitura explico que durante a saída para o segundo tempo, foi lançado no túnel do adversário River Plate uma substância similar a gás de pimenta onde feriu com queimaduras aos jogadores millonários, como são chamados os jogadores do River, e depois de quase uma hora o jogo foi suspenso e a classificação dada ao time visitante. Uma pena, uma vergonha vista a olho nu por todos os amantes do futebol.

Em Montevidéu a coisa foi distinta, do outro lado do charco, a segurança pública organizou um esquema invejável. Peñarolenses em sua maioria, por serem locatários, tiveram acesso ao Estádio Centenário por diferentes avenidas do que seus adversários. Não havia, em um perímetro de mais de dez quarteirões, como encontrar um torcedor rival. A entrada foi vagarosa por causa da mesma polícia que liberava as multidões aos poucos. Cinquenta mil torcedores puderam assistir a um dos clássicos mais antigos da América, e as torcidas fizeram a festa, como de costume no futebol uruguaio. Um empate de 1 a 1 também deixou o público morno ao final do encontro, evitando aglomerações tensas e a saída ocorreu tranquila e civilizadamente. O clássico uruguaio valia pela décima segunda rodada do campeonato clausura, e graças a outros empates no campeonato deixou o Peñarol perto do título do segundo turno, o que já aponta umas duas finais com o campeão do primeiro turno, justamente o Nacional. Teremos supostamente mais dois clássicos, enquanto no Brasil Inter e Grêmio devem se encontrar pelo brasileirão, não sabemos quando poderá acontecer novamente na Argentina. O que fica é o alerta, enquanto no Uruguai e no Rio Grande do Sul fizeram campanhas de boas vizinhanças, no país da Kirchner a poeira levanta num povo que ainda não soube separar a paixão pelo esporte, da insana rebeldia de usar a violência como rivalidade. A todos uma boa reflexão, ame seu time não odeie o outro.

Edição de 20/05/2015 Ano VI nº 213

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