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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Não ao retrocesso: Luta Antimanicomial é marcada pelo debate da manutenção de conquistas


O dia 18 de maio é considerado o dia nacional da Luta Antimanicomial. Em todo o país houve manifestações em defesa dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) e contra os manicômios e prisões manicomiais. O Movimento da Luta Antimanicomial teve seu início marcado em 1987, em continuidade a ações de luta política na área da saúde pública no Brasil por parte de profissionais de saúde que contribuíram na própria constituição do SUS. Naquele ano a discussão sobre a possibilidade de uma intervenção social para o problema da saúde mental, especificamente, dos absurdos que aconteciam nos manicômios ganhou relevância, permitindo o surgimento específico deste movimento. Desde então a participação paritária de usuários de serviços e seus familiares se tornou característica deste movimento.

Dentro deste contexto nasce em 1995 o CAPS Sitio Renascer em Jaguarão, que hoje atende cerca de 80 usuários com um trabalho voltado a reinserção social. Quem lá procura ajuda recebe atendimento de psicólogo, psiquiatra, assistente social e arte terapeuta. A arte inclusive é um dos motivadores para que os usuários não abandonem o tratamento. O Sítio Renascer possui um coral chamado Asas da Liberdade, que recentemente teve seu trabalho registrado em um cd. O grupo realiza apresentações em diversos eventos na cidade e em lugares vizinhos.

Para o Secretário de Saúde do município, Celso Caetano, o trabalho desenvolvido pelo CAPS Sitio Renascer vem quebrando as barreiras do preconceito na cidade. “É um trabalho espetacular que a cada ano se supera e queremos continuar avançando cada vez mais”. Ele lembra que além do CAPS há uma rede de atendimento às pessoas que sofrem com algum tipo de problema mental. “O arte terapeuta Gilberto Isquerdo realiza oficinas terapêuticas na UBS da Pidorama todas as quintas-feiras pela manhã”, ressalta.

Celso também lembra que o governo Tarso avançou em políticas públicas para a saúde mental que tiveram reflexo em Jaguarão “Tivemos uma ampliação de leitos para o tratamento de pacientes com problemas mentais e também investimento em ações de redução de danos”, conta.

Na contramão, Governo Sartori ameaça conquistas e avanços na área de saúde mental do Estado

Há 24 anos, o Rio Grande do Sul adotou a lei da política nacional de saúde mental brasileira contra a internação compulsória e a criação de uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), com atendimento dentro da própria comunidade, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A lei garante que os pacientes com problemas de saúde mental devam ser atendidos em liberdade e apenas serem internados por curtos períodos, quando estiverem em surto ou com quadro agudo que exija hospitalização.

O atual coordenador de Saúde Mental do RS, Luis Carlos Coronel (antigo gestor do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre) acredita na internação por longos períodos em determinados casos e retirou os investimentos do governo a projetos alternativos de reabilitação dos pacientes na sociedade. As posições do governo são consideradas um retrocesso na Luta Antimanicomial, de acordo com o Conselho de Saúde do Rio Grande do Sul (CES/RS). “Não vamos aprovar qualquer ação ou proposta de políticas que representem um retrocesso na Saúde Mental”, afirmou Célia Chaves, presidente do CES/RS, na Audiência Pública ocorrida no dia 29 de abril na Assembleia Legislativa. 

Em sua fala durante a audiência pública, Luis Carlos Coronel deixou clara a posição do governo, bem como dos deputados estaduais da base, de apoio à institucionalização dos pacientes em saúde mental e usuários de drogas. Para ele, os dependentes químicos são cidadãos infratores e devem estar nos hospícios ou cadeias. “Nossa prioridade é combater o crack e outras drogas com as melhores armas do governo”, declarou.

Para o Secretário Celso Caetano que faz parte do COSEMS\RS (Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul) a posição é de que não haverá retrocesso neste processo. “Nenhum direito a menos é nosso lema. Não permitiremos esse retrocesso, assim como o Conselho de Saúde do Estado também não”, concluiu.

Edição de 20/05/2015 Ano VI nº 213


 




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