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terça-feira, 31 de março de 2015

Frutos do mar ao vermelho vulcânico | por vicentepimentero

Hoje volto a falar de cozinha, mas que fique claro, que a escolha por frutos do mar, nada tem a ver com a síndrome da páscoa, onde as pessoas lembram-se de comer peixe. 

Esta receita carrego na alma como um acalanto de outono, no vento polar de Montevidéu, onde a estação é mais fria, cortante. Vi uma cozinheira chilena fazer esta receita há uns 20 anos atrás e nunca mais me esqueci. Hoje a repito incessantemente, e principalmente quando quero esquentar um coração. 

Primeiro escolho uma porção de frutos do mar, lulas, polvo, mexilhões, langostinos (lagostinhas), camarões, e um peixe firme. Fervo o polvo e as lulas enquanto descasco vegetais vermelhos, tomates gaúchos graúdos e bem maduros, pimentões, pimentas, e ajíes. Numa caçarola, a mais velha, de ferro ou barro, de preferência, frito a lume forte de um bom azeite de oliveira uma abundante quantidade de cebolas em tiras ultra finas, quase transparentes. Ao dourar jogo as lulas e o polvo previamente com seus tentáculos cortados e acrescento à poção folhas de louro, talos de aipo, e um macerado apurado de coentro em grãos e sal grosso. Assim que a mistura precisar hidratação lanço um jorro de vinho tinto encorpado, e deixo evaporar, logo continuo com os vegetais cozinhando até desmanchar os tomates. Enquanto o vulcão entra em erosão preparo um mix de folhas frescas na seguinte proporção, de mais para menos, coentro, salsa, manjerona e hortelã. Acrescento às borbulhas ferventes os langostinos, camarões, mexilhões e peixe, nessa ordem, desligo e retiro da boca quente do fogo. No prato, sirvo em cima de um arroz branco, de preferência carnealoni ou cateto, para que fique mais empapadinho, e junto às ervas frescas, ralo um parmesão na hora, e ainda um toque de noz moscada. Na mesa não pode faltar uma boa baguete artesanal e o mesmo vinho que cozinhamos, o que se sugere para harmonizar são vinhos estruturados como os cabernet e merlot.
Para entrada umas tapinhas de berinjela tostada com pasta suave de cottage.


Hasta la próxima comilança.

Edição de 25/03/2015  Ano IV nº 205


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