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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Jaguarão. Ontem, Hoje - O Maior Inimigo que Jaguarão já enfrentou

Por Cleomar Ferreira

Tempos Passados. (1855)

Na história desta cidade, mesmo quando enfrentou os fatos que a tornaram “Cidade Heroica”, não passou por um período de tantas angústias, incertezas e desolações. – O período que enfrentou a epidemia de “Cólera”, em Dezembro de 1855. - A velocidade de propagação dessa doença era espantosa. –

Entrou no Brasil pelo Estado do Pará, em 1855, vindo da Península Ibérica. Só em Belém, em 35 dias, desde o seu aparecimento em 26 de Maio, até 30 de Junho, adoeceram mais de 2.000 pessoas. Nessa época, a população desta cidade era em torno de 10.000 habitantes.

Em Porto Alegre, também houve um número bastante significativo de vítimas, levando em conta que a população do Estado girava em torno de 280 mil habitantes, morreram na capital, aproximadamente, duas mil pessoas. 
 
Os meios de propagação desta epidemia foram as vias de transportes, principalmente as fluviais.

Do Pará, o “Cólera” estendeu-se para o Rio de Janeiro, e daí para o Rio Grande do Sul.

Em Outubro de 1855, a então Vila de Jaguarão, recebia um comunicado que a população escrava, em uma província do Rio de Janeiro, estava sendo dizimada pela doença. Neste mesmo mês, chegou a Jaguarão, o “Dr. Ubatuba”, presidente da comissão de higiene pública da Província. Este iria promover medidas sanitárias, a fim de combater e prevenir a doença, caso esta chegasse a Vila, o que acabou acontecendo. 
 
Os dois primeiros casos, deram-se em um soldado de cavalaria da Guarda Nacional, e numa escrava. Claro que a população mais atingida no início seria a população escrava, aquela que vivia em situação mais precária.

A falta de saneamento e limpeza pública, deixando as águas e detritos depositados nas ruas, facilitavam o contágio e propagação da doença.

Esta epidemia coincidiu com o período em que a então Vila, foi elevada a categoria de Cidade, 23 de Novembro de 1855.

Os doentes foram aumentando. A doença atingia todas as classes sociais. 
 
Um boletim, publicado no jornal da época, “ O Jaguarense”, dava o número de enfermos. Em apenas nove dias, 204 pessoas foram acometidas pela doença, sendo que 46 morreram. A marcha dessa doença, duraria dois meses na cidade. 
 
Havia aqui, um Hospital de Caridade da Câmara Municipal, que apesar o atendimento bastante eficiente, não dava conta de tantos doentes.

Devido ao acúmulo de mortes, os cadáveres eram transportados numa carroça, que os depositava numa vala comum, aqueles menos favorecidos economicamente, -ou levados ao Cemitério Municipal.

Esse serviço era oferecido pelo governo da Vila. Haviam muitas reclamações por conta que cadáveres estavam já em estado avançado de putrefação esperando pelo sepultamento. Ainda havia o medo das pessoas de mexerem e transportarem os cadáveres, o qual foram feitos pedidos ao governo que colocasse “cal” sobre os túmulos, devido ao mau cheiro, visto que era grande o número cadáveres. 
 
Jaguarão viveu dias terríveis. Algo que somente puxando pela nossa imaginação, poderemos ter uma ideia do que a população viveu, enfrentando esta calamidade pública. Com certeza, aí, surgiram, heróis, que souberam conduzir a situação. Mais uma batalha vencida, entre tantas. 
 
É isso aí, um abraço e até a próxima edição.

Fonte. Imprensa local. Bibl.Públ.Mun. 1992) 

Edição de 26/08/2015 Ano VI nº 227
 
 
 


 

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