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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Coluna Gente Fronteiriça - Tempo de Fronteira

Por Magnum Sória

O tempo que tudo eterniza é o mesmo que tudo fenece! Na fronteira, o “dom” tempo é marcado pelas tempestades de raios e ventos - pelos “Santa Rosas”, pelo Minuano gélido, pelas robustas e cristalinas geadas, pelas cerrações concentradas de belas gotas com ar de mistério e transcendência ou pelo tórrido vento Norte do verão. Que terra é esta de contrastes e embates da natureza tão abruptos? Lugar aonde, dos quatro graus se vai aos trinta, aos quarenta em segundos? Será que isso é um determinante do tempo do humano coração fronteiriço que bate e rebate contra o Tempo da vida? 

O que sei é que ainda o tempo determina uma fronteira meteorológica: é encantador saber que se chegou no sul do sul ao sentir o frio vindo de más allá ou no calorão perfumado de Madresilvas ou Damas da Noite plantadas nos beirais das largas calçadas. Que se chover na primeira terça do mês, vai chover o mês inteiro! Que se molharem as imagens dos velhos santos, choverá torrencialmente no final do dia! Que a chuva inspira bolo fritou da vó ou torta frita da madrinha. Tomar um mate “saboreando” o ouro solar na beira do cais ou mirar de Rio Branco a beleza dos velhos casarões sombreados e cobertos de azul anil, que de tão belo, inspira poesia e encanta os que de longe vem estudar nestes pagos.

O tempo é marcador das personalidades: somos meteorológicos na essência! Porque ainda se nos apetecem as termitas castelhanas, os ponchos tramados de jacar, as mantas penduradas em plenos quarenta graus nas ruas antigas. Fugir do contratempo do dia e tomar um banho de prata da Laguna Mirim, escutando o vento batendo sibilante nas árvores do pequeno balneário. Voltar de “bolanta”, já foi... elas partiam antes do sol dormir. 

O tempo... antigo e novo! Tudo se mistura quando a chuva cai nas eiras e beiras. A força do tempo inspira o homem da fronteira a ser um SOBREVIVENTE! Sim, aqui apenas viver não é o código de existência. Na fronteira do tempo, na fronteira dos climas o verbo é sobreviver se assim se quiser ser substantivo concreto! Isso é vida na fronteira heróica! É existência de teimosos e porque não dizer um "maravilloso placer"!!!

Edição de 09/09/2015 Ano VI nº 229
 
 
 
 


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