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terça-feira, 16 de junho de 2015

O Direito à Comunicação

Por Andréa Lima

Está começando na cidade, como parte do programa do Ponto de Cultura Trocando Ideia, a oficina de Web Rádio e Streaming. As atividades oportunizarão aos jovens da nossa fronteira o contato e o conhecimento necessário para o trabalho com ferramentas livres, a fim de democratizar a comunicação e facilitar a divulgação das manifestações culturais da região.
Trata-se de uma iniciativa do Instituto Trocando Ideia, que iniciou sua trajetória na Porto Alegre dos anos 90, construindo e articulando a cena da cultura Hip Hop na cidade. Hoje este grupo atua também em Jaguarão, a partir do acesso a um edital público do governo do Estado, lançado no ano de 2012, que culminou na formação da Rede RS de Pontos de Cultura.
Esperamos que a comunidade abrace esta oportunidade e se engaje no processo de transformação social, que nossa região tanto necessita. Sabemos que as mudanças que queremos passam, necessariamente, pela construção de novas formas de comunicação.
Enfrentamos hoje no país graves problemas gerados pelos monopólios na mídia, como a manipulação das informações, e este problema se reflete, também, na situação das cidades.
Falando especialmente das rádios, são muitos os veículos comerciais e poucos os equipamentos comunitários. Isto desfavorece o interesse público e, muitas vezes, a qualidade da programação das emissoras, que são utilizadas principalmente para anúncios e a venda de produtos, tratando os ouvintes como consumidores. Musicalmente falando, a maior parte das entidades acaba por reproduzir aquilo que o mercado comanda, em detrimento do cenário alternativo, de novos artistas e da diversidade de gêneros.
Lidamos, ainda, com outro grave problema: existem muitas rádios com a roupagem de equipamentos comunitários, habilitados a partir de concessões públicas, mas que, na verdade, operam como veículos comerciais. O serviço de radiodifusão comunitária é voltado para associações e fundações sem fins lucrativos e não pode ser explorado comercialmente, mas, na prática, não é o que acontece.
Neste cenário, a Web Rádio, também conhecida como Rádio via Internet ou Rádio on line, apresenta-se como uma possível alternativa. Seu custo de criação geralmente é bem inferior ao custo de criação de uma rádio tradicional.
Investindo em comunicação alternativa, em processos colaborativos de formação e em equipamentos comunitários teremos espaço para driblar as distorções das informações veiculadas pela mídia, oferecendo, assim, outras visões de mundo, que dialoguem com a nossa própria realidade.
Começamos a entender, também, o sentido de que, enquanto cidadãos e cidadãs, temos o direito à informação, mas não somente enquanto receptores, mas também como protagonistas, na emissão e difusão de conteúdos. Afinal, também temos voz.

Edição de 10/06/2015 Ano VI nº 216





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