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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Saúde no RS - O drama que se repete

Por Luiz Carlos Folador*

Muitas pessoas devem se lembrar do filme “Feitiço do Tempo”. Na produção, um repórter vai a uma cidadezinha americana acompanhar o Dia da Marmota, festa tradicional no país. Só que ele acaba em uma situação bizarra: fica preso no tempo, vivendo os mesmos eventos todos os dias. No Rio Grande do Sul, acompanhamos algo parecido. Aqui, no entanto, não há marmota, nem o glamour do cinema. Os atores são os cidadãos dos nossos municípios, presos à repetição quase permanente de um drama: o atraso nos repasses para a saúde.

Em março, mais uma vez isso aconteceu. O Governo do Estado não depositou as verbas devidas para o setor – R$ 21 milhões, relativos a fevereiro, e mais R$ 12 milhões, correspondentes à terceira parcela de recursos não pagos às prefeituras em 2014 e 2015. 

Somando tudo, o débito do Piratini com as comunidades chega a R$ 300 milhões.

No final de 2015, obtivemos um importante avanço com o Palácio Piratini. Atendendo ao pedido da Famurs, foi acertado o pagamento, em 24 parcelas, de R$ 291 milhões atrasados para os municípios em saúde. O primeiro depósito, que deveria ter sido feito até 31 de janeiro, só entrou em fevereiro. E, agora, novamente o valor não veio na data prevista.

Em algumas cidades, serviços estão sendo suspensos pela falta de dinheiro. Há registros de paralisação de ambulâncias, demissão de funcionários da Estratégia de Saúde da Família e carência de medicamentos em postos de saúde. Temos ainda 14 Unidades de Pronto Atendimento fechadas no RS. Um cenário que pode se agravar com novos atrasos.

Compreendemos a situação complicada do Estado diante da crise. No entanto, pedimos a compreensão de nossa realidade. Os municípios, há muitos anos, sofrem para fechar suas contas. Mas estamos no limite de nossas forças.

A saúde não pode parar. Esperamos que o Governo do Estado seja solidário com as comunidades, regularizando os repasses e garantindo o atendimento à população. Somente assim teremos um final melhor para esse drama dos gaúchos – que se repete todos os dias.

*Presidente da Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul) e prefeito de Candiota




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