Um espaço aberto para o leitor

sábado, 22 de agosto de 2015

Salve a vida!

Por Andréa Lima

Escrevo este texto do leito 9A, da Maternidade da Santa Casa de Jaguarão. Hoje completo uma semana de internação, com expectativa de alta, e me recupero de uma complicação grave que tive em minha terceira gestação, que poderia ter custado a minha vida e a da minha filha, conhecida como descolamento de placenta.

Escrevo cansada, mas com a alegria de quem nasceu de novo, nasceu mãe, pela terceira vez. Meu sentimento de gratidão se completa por minha filha ter sobrevivido e estar saudável, pois, mesmo muito pequena, precisou lutar para estar aqui.

E agora vivencio um momento de paz e tranqüilidade, ao vê-la dormir enrolada em seu cobertor rosa, saciada pela amamentação.

Passei bem durante toda a gravidez, mas ao chegar às 36 semanas fiquei com a pressão alta e tive orientação médica para fazer repouso. Estava, inclusive, alimentando a expectativa de ter um parto natural, depois de já ter passado por duas cesáreas. Li e me informei muito durante toda a gestação para evitar uma cirurgia desnecessária, mas neste caso ela foi fundamental e permitiu, em tempo, a nossa sobrevivência.

Tudo começou na semana passada, na terça-feira, onde durante todo o dia senti algo diferente, como se a bebê tivesse mais agitada e empurrando, de leve. Como já estava em idade gestacional avançada, achei que fosse um sintoma normal, pois, afinal, estava se aproximando a hora.

Quando fui dormir, notei que estava sangrando e só deu tempo de pegar a bolsa e correr para o hospital.

No caminho o sangramento se acentuou e, ao chegar à maternidade, já estava acompanhado de fortes dores, enjôo e da sensação de que iria desmaiar.

Como se tivesse combinado, encontrei minha obstetra à postos, de plantão. Ela logo diagnosticou o descolamento e fomos às pressas para o bloco cirúrgico.

Quando ocorre um descolamento, o suprimento de oxigênio e de nutrientes para o bebê fica comprometido e pode ocorrer um sangramento grave, perigoso para a mãe e para a criança.

Nos casos mais severos, como foi o meu, avaliadas as condições de prematuridade, o bebê deve ser retirado imediatamente do útero. Tive que ser submetida a uma anestesia geral, sem poder assistir ao nascimento da minha filha e sem saber ao certo se, ao acordar, iria encontrá-la viva.

Passada a cesárea e estancado o sangramento, acordei escutando um chorinho de bebê na sala. Ela nasceu praticamente inerte e passou por um momento de sofrimento, mas foi reanimada.

Quando fui para o bloco de recuperação, já a levaram para o meu lado e logo começamos a estimulá-la a mamar, ao que respondeu prontamente. A batizamos com o lindo nome de Isabela.

Durante o período em que estou aqui aconteceram muitas coisas... um dos meus rins  quase parou de funcionar, mas já está voltando ao normal, fiz transfusão de sangue, precisamos submeter minha filha a dezenas de exames, o leite demorou para descer, por conta da cesárea, mas, aos poucos, tudo vem dando certo e a vida pulsa e brota, voltando ao normal.

Os dias difíceis foram brindados pela alegria de ter o meu companheiro e a minha família sempre presentes, bem como o apoio de muitos amigos e amigas que, em alguns momentos, chegaram a encher o quarto do hospital.

Também quero destacar que, mesmo passando por uma severa crise desencadeada pelo não pagamento dos repasses assumidos pelo Governo do Estado, durante todo este tempo fui atendida com excelência pelas equipes da Santa Casa de Caridade de Jaguarão, com internação pelo SUS.

Meu agradecimento especial a minha obstetra, a Dra. Eunice, e a Dra Lélia, que vem acompanhando a família por vários e vários anos. Ao cumprimentá-las, agradeço o carinho de cada uma das enfermeiras, técnicas e de todos os trabalhadores e trabalhadoras dedicados da saúde. Valeu mesmo, de coração!

Edição de 12/08/2015 Ano VI nº 225





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