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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Reduzir, Reutilizar e Reciclar

Por Andréa Lima

Acompanhei, na noite desta segunda-feira, a audiência pública voltada para a apresentação e o debate do diagnóstico do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A atividade, que aconteceu na Biblioteca, foi uma realização da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, em parceria com uma equipe multidisciplinar da Azonasul.

O evento possibilitou aos presentes um maior conhecimento da realidade que enfrentamos hoje em Jaguarão, no que diz respeito à gestão e à destinação dos resíduos que produzimos, sejam eles recicláveis ou orgânicos, entre outros.

Para quem não sabe, está em curso uma política nacional, amparada em legislação no país, estados e municípios, que atribui à toda sociedade a responsabilidade pela segregação dos resíduos, bem como seu reaproveitamento e a implantação de projetos de reciclagem. Isto quer dizer que não basta pensarmos, de forma cômoda, que o somente o poder público é responsável por dar conta daquilo que descartamos, mas precisamos entender, de uma vez por todas, que também somos agentes deste processo.

Observando os dados, também vimos que em nosso município são coletados, em média, 400 toneladas/mês de resíduos sólidos domiciliares. Considerando a população urbana de 27.942 habitantes, teremos a média de geração de 171.8 Kg/habitante/ano, e uma geração per capita de 0,47kg/habitante/dia.

Para onde vai o que jogamos fora a partir de nossas casas?

Após a coleta para a estação de transbordo, este material é transportado até o Aterro Sanitário Metade Sul, em Candiota. Desde 2009, contamos, também, com a coleta seletiva, com os trabalhadores e trabalhadoras organizados através da Cooadesps, que é contratada pela Prefeitura Municipal. É estimado que este serviço abranja cerca de 80% do Município, mas ainda pode e deve ser ampliado.

No que diz respeito aos tipos de materiais que descartamos, os estudos demonstraram que, em termos de volume, 50% são rejeito (papel higiênico, fraldas, etc), 33% recicláveis e 17% orgânicos.

Tratando da parte financeira, são alarmantes os recursos públicos que precisamos aplicar para a coleta, transbordo e destinação final do lixo. Somente em 2014, foi aplicado mais de um milhão de reais nestes serviços.

Pensando um pouco nos números, é possível perceber que poderíamos reduzir, e muito, o nosso lixo, ao invés de pagarmos para mandá-lo para outra cidade. Em boa medida, isto poderia ser feito com medidas simples.

Outro dia assisti em um programa, por exemplo, uma experiência super bacana implantada em São Paulo. Lá, a Prefeitura construiu uma política pública para o incentivo da compostagem caseira, com um programa chamado Composta São Paulo.

Com o cadastro de interessados a partir da internet, foram distribuídos kits simples de compostagem para cerca de duas mil pessoas. Estas também receberam formação para a correta transformação dos resíduos orgânicos em adubo, que passaram a ser utilizados como fertilizantes naturais para o cuidado com as plantas e o cultivo de hortas domésticas. Quem recebeu os kits, passou a disseminar o aprendizado para os amigos e vizinhos mais próximos e, assim, formou-se uma rede de pessoas envolvidas com a popularização desta prática.

Os dados não deixam dúvidas sobre seus benefícios: passados seis meses do início do projeto, mais de 250 toneladas de resíduos orgânicos foram compostados e dados coletados de mais de 1.500 domicílios demonstram que, além de uma alternativa viável, a compostagem é uma poderosa ferramenta de educação ambiental e promoção da qualidade de vida.

Eu, ainda que tardiamente, comecei a implantar aqui em casa. A produção de lixo caiu para bem menos da metade. Imagina se esta conta fosse multiplicada para todos os lares?

Edição de 03/06/2015 Ano VI nº 215






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