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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Uma outra economia é possível por Andréa Lima

No sábado participei, ao longo de todo o dia, da Feira de Economia Popular e Solidária de Jaguarão. A manhã nasceu ensolarada e com um clima propício para a instalação das bancas na Praça Alcides Marques, que foi ocupada de um lado a outro, pela Avenida 27 de Janeiro, por artesãos, artistas, produtores rurais e outros empreendedores.

Trabalho como gestora e, por isso, acompanhei junto aos colegas de trabalho, desde o começo, o processo de organização da Feira, que acontece mensalmente desde fins de 2014. Mas também me vejo envolvida com ela como participante e expositora, pois desde o ano passado costuro bonecos e bonecas de pano, e acho que é uma ótima oportunidade para divulgá-los.

Faz parte da minha trajetória ter sobrevivido da confecção de artesanato ao longo de praticamente todo o período da faculdade, quando estudava Artes Visuais em Pelotas. Por isso, reconheço a importância do incentivo a quem se sustenta e mantém a família com este tipo de produção e acho fundamental que se estabeleçam políticas públicas de fomento.

Voltando à organização das atividades, a ideia inicial seria a de realizar uma Feira de Antiguidades, Artes e Artesanato, mas depois percebemos que seria interessante agregar outros trabalhadores do campo e da cidade ao projeto, pois temos produtos de excelente qualidade que são provenientes da agricultura familiar, por exemplo, e que aqui, assim como em outros lugares, ainda têm pouca visibilidade e escoamento.

Foi ampliado o leque para a construção da Feira da Economia Popular e Solidária de Jaguarão, cuja ideia logo foi se espalhando e chamando a atenção de diversos interessados. Participam e protagonizam a feira, hoje, além de associações e grupos organizados, como o das artesãs e dos produtores rurais, diversos trabalhadores e trabalhadoras que atuam em técnicas como o crochê, o tricô, o artesanato em couro e com pelegos, biscuit, EVA, customização, tingimento de tecidos e também com venda de livros, além dos tradicionais brechós e brics.

Na Feira também ganha muito destaque a venda de cactos, temperos e outras plantas, bem como os doces caseiros, pães e outras iguarias da culinária artesanal.

Estes grupos estão atuando na organização do Fórum Municipal da Economia Solidária, que pretende articular, além dos empreendedores da Feira, uma rede de trabalhadores e grupos como os profissionais da reciclagem, já organizados em cooperativa, pescadores, agricultores, quilombolas e entidades de assessoria, da gestão pública e do campo da educação.

Quero muito que esta organização cresça e se consolide e que, aos poucos, vá se formando uma nova consciência em torno do comércio justo, das formas de produção associativas e cooperativadas e da economia criativa em nossa fronteira, que tenha por base os princípios e bandeiras de luta da economia popular e solidária. Além da construção da autonomia e empoderamento dos trabalhadores, é uma das formas de se combater as desigualdades do sistema capitalista de produção, com atenção à qualidade das relações entre as pessoas. Precisamos, sem sombra de dúvida, avançar em muitas pautas que culminem na construção de um novo modelo de geração de renda mais justo e humano em nosso país. Vida Longa!

Edição de 08/04/2015  Ano IV nº 207







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