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quarta-feira, 8 de julho de 2015

Conselho das Secretarias de Saúde do RS representa junto ao MP por atraso nos pagamentos do Estado

foto: Charles Vilela /CBR
Entidade alerta que situação poderá gerar um colapso no sistema de saúde

O presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS), Marcelo Bósio, ofereceu representação ao Ministério Público Estadual pedindo providências quanto ao atraso pelo Estado nos repasses da área da Saúde às Secretarias Municipais de Saúde (SMSs), além do não pagamento da competência maio. De acordo com a entidade, se a falta de pagamento persistir, há sério risco de o sistema entrar em colapso.

Bósio e o secretário da Saúde de Porto Alegre, Fernando Ritter, foram recebidos pelo subprocurador-geral de Justiça para assuntos institucionais Fabiano Dallazen. “Se o Estado não organizar a regularidade dos repasses, há o sério risco da descontinuidade de serviços básicos em unidades de saúde, SAMU, UPAs, urgências e emergências, CAPSs, entre outros”, disse. “Os municípios chegaram ao seu limite e não têm mais como suprir os recursos que são devidos pelo Estado.”

Bósio solicitou o acompanhamento do Ministério Público junto ao Estado para que seja reorganizado o planejamento financeiro, sob pena de gerar uma situação de desassistência aos usuários do SUS e também da rede privada.

Jaguarão

“Estamos procurando manter todos os serviços em funcionamento, mas não está fácil, os fornecedores estão querendo receber. A administração municipal tem feito um esforço gigantesco pro tamanho do nosso orçamento a fim de dar continuidade ao atendimento, junto nessa conta entra também ajuda financeira para o nosso hospital, que também não recebe do estado, e acaba recorrendo ao município. Desde o ano passado os recursos para a Santa Casa somam um total de R$ 300.000,00”, conta o Secretário de Saúde Celso Caetano.

Ele lembra que a situação de todos os municípios é crítica e dá o exemplo de Porto Alegre, onde o Secretario de Saúde Fernando Ritter anunciou o fechamento dos serviços de saúde na capital. “Nossa intenção frente a secretaria de saúde é que todos os serviços que temos continuem em andamento, mas não poderemos garantir se essa situação de incerteza de recebimento de recursos continuar. Não podemos prometer que ali a frente não tenhamos de fechar serviços como alguns municípios já estão fazendo”.

Para o Gestor Presidente da Santa Casa João Cláudio Pedroza, a situação atual é bastante crítica, pois além dos cortes anunciados nos recursos do hospital, de contrato firmado e em vigor, o Governo do Estado tem adotado a estratégia de realizar outros cortes nos repasses alegando não atingimento das metas contratualizadas, o que segundo ele não procede. “Pelo segundo mês consecutivo o Estado descontou do repasse do hospital valores referentes a competências anteriores, neste último mês realizou desconto referente às metas de janeiro/2015, de maneira errada, erro já assumido pela SES, mas sem previsão de correção e depósito dos valores descontados indevidamente. Com isso, dos valores previstos em contrato hoje para recebimento fixo pelo hospital, foi recebido aproximadamente 50% dos valores, o que prejudica sobremaneira a prestação do serviço a nossa comunidade”, salienta.

Por conta dos atrasos nos repasses do Governo do Estado a instituição acumulou dívidas com prestadores de serviços e fornecedores em mais de R$500 mil reais. São meio milhão em dívidas que foram adquiridas por não ter sido realizado o repasse contratual com o Estado. “Diante dessa situação, já não esta sendo possível realizar compras de insumos básicos para a prestação dos atendimento e realização das cirurgias, tais como medicamentos, alimentos e materiais hospitalares. Até mesmo a folha de salários hoje está comprometida, o que sempre foi uma preocupação da Direção, não sendo possível afirmar se o pagamento dos salários não sofrerão atrasos”.

Medidas de contenção de despesas deverão ser adotadas nos próximos dias, tais como redução dos atendimentos eletivos, fechamentos de leitos do SUS, readequação dos serviços a serem prestados ao SUS, entre outros. Além de medidas de redução de gastos, também serão realizados eventos por parte dos colaboradores do hospital e de outras pessoas interessadas em ajudar, o que servirá além de arrecadar fundos, de conscientização da comunidade acerca da situação da Santa Casa.

Edição de 02/07/2015 Ano VI nº 219





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