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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O que você pensa sobre a redução da maioridade penal?

Por Andréa Lima

Nosso cenário político e diversos espaços sociais têm sido palco de debates sobre a redução da maioridade penal. Isto por conta de pautas e propostas legislativas que preveem a alteração da Constituição Federal, de forma a permitir que jovens maiores de 16 e menores de 18 anos respondam por seus delitos e sejam punidos como adultos, no sistema prisional.

Atualmente, a partir dos 12 anos, qualquer adolescente é responsabilizado por atos cometidos contra a lei. Entretanto, isto se dá de acordo com o que está previsto no ECA, através de medidas de caráter sócio-educativo. Neste sentido, são previstas seis possibilidades de ação: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. A ideia é que, assim, os jovens possam recomeçar e ter chances de aprendizagem, para que não repitam o ato infracional, considerando, ainda, sua imaturidade psíquica.

E, apesar de diversas falhas existentes, dados disponíveis apontam que as chances de reincidência no sistema sócio-educativo estão abaixo de 20%, enquanto que nas penitenciárias as chances giram em torno de 70%.

Lendo à respeito e buscando informações sobre o assunto, este é um dos dados que considero dos mais importantes. As prisões e a punição não diminuem os índices de violência, principalmente quando se trata da juventude. Nos Estados Unidos, por exemplo, país em que foram aplicadas em adolescentes penas previstas para adultos, os jovens voltaram a delinquir, e de forma ainda mais violenta. Não restam dúvidas de que as prisões, da forma como funcionam, são verdadeiras escolas para o crime.

Por que então, ao invés de querer simplesmente julgar e punir, não pensamos em combater a série de motivos e mazelas sociais que levam a juventude ao caminho do crime? Enfrentando a desigualdade social, com investimentos em educação e cultura e, principalmente, fazendo valer seus direitos, o que é muito mais eficaz, tenho certeza, do que criminalizar e punir.

Tem mais. O Brasil possui a 4ª maior população carcerária do mundo e a maior parte de suas prisões enfrenta a superlotação. Estamos longe, ainda, de boas experiências de ressocialização e, neste cenário, como vamos reeducar e integrar jovens infratores à sociedade?

Até junho de 2011, no Brasil, cerca de 90 mil adolescentes cometeram infrações. Embora seja um número significativo, estamos falando de 0,5 %da população jovem do Brasil, que conta com 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos.

Já os dados de homicídios de crianças e adolescentes brasileiros são alarmantes e refletem um crescimento nas últimas décadas. É estarrecedor, mas entre 1981 e 2010, mais de 176 mil jovens foram mortos. Só em 2010, contabilizamos 8.686 crianças e jovens assassinados, ou seja, quase 24 por dia!

Elas são vítimas da violência do tráfico, de balas perdidas nas comunidades ditas pacificadas, da violência dos lares, do abandono nas ruas e de uma sociedade omissa, que prefere punir quem já tem sido punido, muitas vezes, desde que nasceu.

Antes de sair por aí reproduzindo que, se os jovens já podem votar aos 16 anos, também poderão ser julgados e punidos como adultos, avalie se, realmente, as prisões terão a capacidade de diminuir a violência e os problemas que nosso mundo vem enfrentando.

Leia, informe-se e contribua com o debate: o que você pensa sobre a redução da maioridade penal? Eu, particularmente, digo NÃO!

Fonte de informações: Campanha “As 18 Razões CONTRA a Redução da Maioridade Penal”.

Edição de 01/04/2015  Ano IV nº 206




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