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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Coluna Gente Fronteiriça - Manifesto Mestiço

Por Magnum Patrón Sória

Ulisses avista Fradique no mar!
Camões não entende que ele vem desesperado,
avisado por Malinche que a Guerra do Novo Mundo continua!
Sabe-se que já não se quer mais ficar na beira das tormentas:
Alfonsina recruta seu exército de sereias cantoras!

Sofrem os que dormem, sofrem os que suam, sofrem os que mestiçam vida na América!
Os crioulos, ou são os “criollos”?
São os filhos da terra, os filhos do céu, os filhos de?
Nossos filhos!

Fradique que nunca conheceu as fronteiras de Queirós perturba-se com os atuais Fradiques de hoje,
tão tolos em seu afã de impor fronteiras,
vêem suas bandeiras envermelhas,
não são mais as bandeiras do Sangue do Redentor,
São manchadas do sangue dos nossos filhos,
dos seus filhos que insistem em dizer que da pele vermelha primeira vieram,
Realizam hoje a mistura ameríndio-luso-afro das culturas, ordenando que bom é ser mistura, transcultural!
Bom é ser humano, de verdade, amorumanidade!

Avisem a Fradique: as rosas ainda falam na Metrópole,
Os tambores continuam tocando nas Antigas Colônias
A alegria da liberdade toma cores múltiplas.

Regressa rápido, belo Fradique, acompanhado do Velho do Restelo,
falando a ele das utopias de além-mar: porque a guerra é outra hoje!
Alfonsina está lhe esperando para o cerimonial das nereidas e ninfas:
vamos festejar a saudade com tambores,
gritar os bocages de Maputo,
beber os vinhos do Porto na Bahia de todos os Santos,
rezar as missas dos antepassados de Moçambique,
colher os milhos e os tomates da América, com as sobremesas de Santa Clara, em Macau!
É a mistura do além-mar, quebrando os estilhaços promovidos pela audácia colonial de Cortéz e Pombal,
É a língua que nos uniu, é a mistura que nos identificou...

Festejemos, festejai!

Edição de 14/10/2015 Ano VI nº 234





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