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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Ponte Internacional Mauá é considerada primeiro patrimônio cultural do Mercosul

Ministro da Cultura do Brasil Juca Ferreira e Ministra da Cultura do Uruguai Maria Julia estiveram na cidade no sábado para firmar o reconhecimento do bem


Jaguarão respirou ares latino-americanos durante intensos três dias. A cidade foi sede da XI Reunião da Comissão de Patrimônio Cultural do Mercosul, onde recebeu representantes da Colômbia, Equador, Uruguai, Paraguai, Venezuela e Chile, além é claro do Brasil e do Itamaraty. Durante o encontro houve vários momentos em que Jaguarão foi destaque, tanto pela apresentação de sua cultura imaterial e de memória, como por exemplo o caso do Clube 24 de Agosto, primeiro Clube Negro a ser reconhecido como Patrimônio Cultural do RS, como pelo seu legado charqueador e fronteiriço, através dos fortins na zona rural. Outro momento de extrema importância foi a apresentação, pelo diretor do DNIT (órgão responsável pela construção da segunda ponte e também do restauro da Ponte Mauá), do projeto de restauração da Ponte Mauá. Um projeto complexo e que passará por uma segunda licitação, já que a primeira deu deserta, tamanha a grandiosidade da obra.

O prefeito Cláudio Martins destacou com orgulho o fato de Jaguarão ser uma referência em cultura fronteiriça e fez referências às ações dos governos brasileiro e uruguaio, direcionadas às cidades de fronteira. “O governo do Brasil e o governo do Uruguai têm tido esforços extraordinários para que se possa efetivamente aplicar políticas sólidas, efetivas e eficazes para avançar na qualidade de vida e no fortalecimento da integração cultural dos povos fronteiriços”, disse.

Cláudio lembrou ainda dos tempos em que a maior parte dos recursos federais desta área era encaminhada para o eixo Rio-São Paulo, ignorando as ações em pequenas cidades. “Hoje as verbas do Ministério da Cultura e os investimentos em patrimônio são distribuídos para diversas cidades. Jaguarão é um exemplo desta política de valorização e tem muito a agradecer por estes investimentos que estão contribuindo com a preservação da nossa história, o resgate da memória do nosso povo e o desenvolvimento de nosso Município”.

O diretor do Departamento de Patrimônio Material do IPHAN, Andrey Schlee, destacou a importância do impacto das políticas de valorização do patrimônio e citou o caso de Jaguarão. Segundo ele, hoje o município se recria a partir de todas estas ações voltadas a cultura, a amizade, a integração fronteiriça, sobretudo durante a administração do prefeito Cláudio Martins.

O diretor do IPHAN observou ainda que Jaguarão está renascendo a partir de uma vocação natural, que vem trazendo um salto de qualidade e garantido mais qualidade de vida para as pessoas. “Apostamos na cultura, no patrimônio, e considero certa a escolha de Jaguarão para sediar este evento, pois aqui temos bons exemplos do que o Brasil e a presidenta Dilma querem para todas as cidades históricas: a valorização e investimentos que garantam qualidade de vida para nossa população”, afirmou.

Jaguarão é um ícone, um ponto de partida”

Foto Fernanda Barbier
"Pretendo construir uma política cultural para fronteira e Jaguarão é um ícone, um ponto de partida para isso", afirmou o Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, no sábado (30) durante atividade na Biblioteca Pública Municipal.

Uma série de propostas sobre uma política cultural para as fronteiras foi apresentada pelo ministro em Jaguarão. O evento, uma roda de conversa chamada Diálogo da Fronteira, contou com as participações de artistas, gestores, produtores e fazedores de cultura locais.

A iniciativa prevê o lançamento de um edital específico para pontos de cultura nas fronteiras. A ministra da Educação e Cultura do Uruguai, Maria Julia Muñoz, participou do debate e fez parte da agenda que Juca Ferreira cumpriu em Jaguarão.

O ministro defendeu a construção, na fronteira, de um território de "amizade, parceria, vivência cultural e integração com países irmãos". O anúncio do lançamento do edital para pontos de cultura nas divisas, já em 2016, foi recebido com entusiasmo pelos participantes da roda de conversa.

"É preciso ser uma política que dê conta da diversidade presente nessas regiões e que, ao mesmo tempo, estimule a integração e as parcerias. Pensem no ministério como um parceiro para apoiar esse processo que vocês já vivem", destacou.

A proposta recebeu apoio da ministra da Educação e Cultura do Uruguai. "Vamos estar sempre atentos a fomentar a cultura de fronteira. Ela nos une. Nossos povos têm sonhos em comum", afirmou Maria Julia Muñoz.

Pontos de Cultura

Em Jaguarão, o ministro ressaltou a importância dos Pontos de Cultura para o fomento da cultura de base comunitária no país. "Historicamente, as comunidades acharam uma forma de qualificar seu ambiente e superar a ausência do Estado. Muitas vezes, em um ambiente degradado e submetido à violência, as pessoas produzem um ambiente mágico que só a arte e a cultura são capazes de fazer", comentou.
Ferreira enfatizou, ainda, que os Pontos de Cultura são "parte insubstituível" da Cultura brasileira, presentes em todo o país, desde a periferia até as comunidades indígenas. "É preciso reconhecer o direito do povo brasileiro de ter apoio do Estado para que se desenvolva. Nós vamos trabalhar para ampliar essa experiência", frisou.

Outras demandas

Ao longo do evento, participantes puderam expor seus pontos de vista e fazer demandas. Luta contra a intolerância religiosa, maior acesso à cultura, investimentos para o setor do audiovisual da região e a cultura vista como vetor de integração e de desenvolvimento regional foram alguns dos temas tratados.

Outro pedido de destaque foi a necessidade de descentralização na distribuição de recursos para a área cultural. Em relação a esse aspecto, mais uma vez, o ministro foi enfático ao defender a reforma da Lei Rouanet.

"A lei Rouanet representa 80% do dinheiro que o governo tem para aplicar na cultura. É mal aplicado porque, em última instância, quem define o uso é o departamento de marketing da empresa. E a empresa se associa a quem pode dar retorno de imagem a ela, então, a restrição é imensa", lamentou.

Além de Juca Ferreira e da ministra da Educação e da Cultura do Uruguai, estiveram presentes à roda de conversa o prefeito de Jaguarão, Cláudio Martins, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, e o diretor do departamento de Relações internacionais do MinC, Gustavo Pacheco, entre outros.

Foto Fernanda Barbier
Cerimônia de reconhecimento da Ponte Barão de Mauá

Após a roda de conversa, na Biblioteca Pública, a comitiva seguiu para a cerimônia de reconhecimento da ponte Barão de Mauá como patrimônio cultural.

Juca Ferreira afirmou que "referendar a ponte como patrimônio cultural é um momento importante para o MinC . É um momento simbólico de reconhecimento de uma integração que já existia e de uma ponte que foi grande elo de ligação e que continua sendo."

Edição de 03/06/2015 Ano VI nº 215








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