Por Cleomar Ferreira
Tempos
Passados. (1855)
Na
história desta cidade, mesmo quando enfrentou os fatos que a
tornaram “Cidade Heroica”, não passou por um período de tantas
angústias, incertezas e desolações. – O período que enfrentou a
epidemia de “Cólera”, em Dezembro de 1855. - A velocidade de
propagação dessa doença era espantosa. –
Entrou
no Brasil pelo Estado do Pará, em 1855, vindo da Península Ibérica.
Só em Belém, em 35 dias, desde o seu aparecimento em 26 de Maio,
até 30 de Junho, adoeceram mais de 2.000 pessoas. Nessa época, a
população desta cidade era em torno de 10.000 habitantes.
Em
Porto Alegre, também houve um número bastante significativo de
vítimas, levando em conta que a população do Estado girava em
torno de 280 mil habitantes, morreram na capital, aproximadamente,
duas mil pessoas.
Os
meios de propagação desta epidemia foram as vias de transportes,
principalmente as fluviais.
Do
Pará, o “Cólera” estendeu-se para o Rio de Janeiro, e daí para
o Rio Grande do Sul.
Em
Outubro de 1855, a então Vila de Jaguarão, recebia um comunicado
que a população escrava, em uma província do Rio de Janeiro,
estava sendo dizimada pela doença. Neste mesmo mês, chegou a
Jaguarão, o “Dr. Ubatuba”, presidente da comissão de higiene
pública da Província. Este iria promover medidas sanitárias, a fim
de combater e prevenir a doença, caso esta chegasse a Vila, o que
acabou acontecendo.
Os
dois primeiros casos, deram-se em um soldado de cavalaria da Guarda
Nacional, e numa escrava. Claro que a população mais atingida no
início seria a população escrava, aquela que vivia em situação
mais precária.
A
falta de saneamento e limpeza pública, deixando as águas e
detritos depositados nas ruas, facilitavam o contágio e propagação
da doença.
Esta
epidemia coincidiu com o período em que a então Vila, foi elevada a
categoria de Cidade, 23 de Novembro de 1855.
Os
doentes foram aumentando. A doença atingia todas as classes sociais.
Um
boletim, publicado no jornal da época, “ O Jaguarense”, dava o
número de enfermos. Em apenas nove dias, 204 pessoas foram
acometidas pela doença, sendo que 46 morreram. A marcha dessa
doença, duraria dois meses na cidade.
Havia
aqui, um Hospital de Caridade da Câmara Municipal, que apesar o
atendimento bastante eficiente, não dava conta de tantos doentes.
Devido
ao acúmulo de mortes, os cadáveres eram transportados numa carroça,
que os depositava numa vala comum, aqueles menos favorecidos
economicamente, -ou levados ao Cemitério Municipal.
Esse
serviço era oferecido pelo governo da Vila. Haviam muitas
reclamações por conta que cadáveres estavam já em estado avançado
de putrefação esperando pelo sepultamento. Ainda havia o medo das
pessoas de mexerem e transportarem os cadáveres, o qual foram feitos
pedidos ao governo que colocasse “cal” sobre os túmulos, devido
ao mau cheiro, visto que era grande o número cadáveres.
Jaguarão
viveu dias terríveis. Algo que somente puxando pela nossa
imaginação, poderemos ter uma ideia do que a população viveu,
enfrentando esta calamidade pública. Com certeza, aí, surgiram,
heróis, que souberam conduzir a situação. Mais uma batalha
vencida, entre tantas.
É
isso aí, um abraço e até a próxima edição.
Fonte.
Imprensa local. Bibl.Públ.Mun. 1992)
Edição de 26/08/2015 Ano VI nº 227