Edição
de 11/03/2015 Ano IV nº 203
Um espaço aberto para o leitor
quinta-feira, 19 de março de 2015
Jaguarão. Ontem, hoje - Tempos Passados 1800 – 1860
Por Cleomar Ferreira
Em
13 de Agosto de 1847 uma sociedade constituída por pessoas da então
“Vila” de Jaguarão, pretendiam construir um Teatro. O local
escolhido foi em frente a Praça da Matriz, hoje a nossa praça
central. O terreno escolhido, foi, onde ficava um quartel, o 4º
Regimento de Cavalaria de 1ª Linha. Esse quartel esteve situado na
3ª quadra da rua da Palma, atual Gen. Osório.
O
terreno estava abandonado, e poucos vestígios existiam deste
aquartelamento. Embora houvesse licença para erguer o referido
teatro, um militar comandante (Tenente General Andréa ) ordenou
botar abaixo a obra. Este fato foi informado pelo presidente da
Câmara Municipal, em 11 de Abril de 1851.
Por
falar em Câmara Municipal, vale lembrar que nossos antigos
legisladores, prestavam também como acontece ainda hoje, um
compromisso regimental, ao assumirem seus cargos.
O
comprometimento solene englobava a obrigação de comparecerem às
sessões, sob pena de multa, nas faltas não justificadas. Ao que
tudo indica, eram pessoas já um tanto idosas, pois as faltas eram
sempre justificadas por problemas de saúde. Houve um caso em que um
vereador pediu licença de 30 dias, pois estava abalado com a morte
do sogro.
Mas
quando tomavam parte nos trabalhos da Câmara, faziam-no
dedicadamente, procurando solucionar os casos levados à sua
apreciação, sem se afastarem dos preceitos estabelecidos pelo
Código de Posturas, que norteavam suas atividades.
Dentro
deste trabalho dedicado dos antigos legisladores, cabe dizer, por
exemplo, que as crianças expostas, ou seja os recém nascidos
abandonados pelas mães, nas portas das casas, ou mesmo nas ruas,
eram entregues na Câmara Municipal, e esta a entregavam a
particulares que as criavam, sob sua fiscalização e mediante o
pagamento mensal de 16 Mil Réis por cada criança, isso por volta de
1865. Havia uma verba destinada para esse fim.
Sobre
o embelezamento da cidade, foi feito uma proposta em 1856, para que
fossem plantadas árvores nas praças da vila, porém, que fossem de
qualidade e não soltassem folhas no inverno.
Nos
bons tempos da vila, não havia barulho noturno depois das 21:00Hs.-
momento em que era dado o toque de silêncio. Isso era levado tão a
sério que a administração municipal adquiriu um sino de bronze em
28 de Abril de 1856. Na verdade havia dois. Um ficava no pátio da
Câmara, e cabia a um funcionário tocar o sino ao meio dia e às
nove da noite. Essa história do sino, começou em Janeiro de 1849,
quando os administradores da Vila e o Vigário estabeleceram um
acordo, segundo o qual, o Sacristão da Matriz daria no sino da
Igreja os sinais do meio dia e da Ave Maria, cabendo a um dos guardas
municipais bater os avisos das nove da manhã e das nove da noite.
Tudo correu normalmente, quando em 1850, o Vigário, queixou-se que o
guarda encarregado, quebrou o sino !!! Foi o fim do acordo. !!
Vou
buscar mais detalhes desta história do sino para repassar aos
senhores leitores numa próxima edição.
É
isso aí, abraço à todos.
Fonte:
imprensa local – 1971 – Bibl. Púb.Mun.
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