E não fazem mesmo. E nem falo do antigamente de Bethoven, Mozart,
Bach. Falo de um antigo mais recente, dos anos 50, 60 e 70. Falo
dessas vertentes inglesas do rock e por tudo que se fez nesses anos
mundo afora. Bastou me deter por alguns minutos nas reprises dos
shows de Queen e Rod Stewart no Rock in Rio, que a ficha caiu como
uma moeda saltitante na lataria de uma juke box. E eu ainda tive a
sorte de conhecer uma máquina dessas que tocava vinil, numa
sorveteria, em Montevidéu, como é bom ser velho. O vocalista que
jamais tentou substituir o insubstituível Freddie Mercury, Adam
Sandler, emocionou e deu gás ao legendário grupo timbrado pela
inconfundível guitarra de Brian May e às músicas do Queen,
enquanto Rod Stewart, por sua vez, enalteceu a participação das
mulheres em seu show, os bateristas charmozões, de ambas as bandas,
mostraram por que o rock ecoa gerações com a elegância de um dos
estilos de música e de vida mais clássicos da nossa história
recente.
Voltando
pros fones de ouvido e a madrugada que silencia, enquanto o Miles
observa os De Johnets da vida ou os MacLaughin fazerem misérias nas
campanhas harmônicas no jazz inevitável do trompetista, me ponho a
escrever sobre a riqueza e a seriedade com que se via e sentia a
música naqueles tempos. Hoje eu vejo muito isso em algumas bandas de
rock argentino ou alguns músicos amigos e hermanos nos circuitos em
qual circulo, mas de um livro que já citei, do André Midani, 'Do
Vinil ao Download' vem a triste realidade de exprimir a música da
atualidade, que se arrasta desde o fim dos 80, como uma música
banal, preguiçosa, quase inútil. Até as vezes comparo as
arquiteturas de séculos passados com a minimalidade atual. Mesmo
morando em caixas de pedra, madeira e vidro, que aparentam requinte e
modernidade, é na preguiça do artífice ou na monotonia do autor
que a arte vai morrendo.
E assim
vejo que a cada dia se comercializa mais a parada. Sem falar nos
recursos atuais que a tecnologia nos proporciona. Vai explicar um
caso desses pro Stevie Ray Vaughan. Só por que ele já se remexe no
caixão há muito tempo vendo tanta coisa ruim chamada rock. Como se
fosse a intrépida apropriação do funk setentista comparado com o
estilo bate estaca das periferias. Mas o povo quer dançar, a alegria
está em primeiro lugar, foda-se o rock, né? Nananinanana, o rock
sobrevive nas guitarras dos guitarristas infiltrados em bandas de
qualquer estilo, está estampado no suor dos bateristas boicotando a
serenidade de qualquer balada, no grito estonteante dos vocalistas
que reverberam a altura dos auto falantes, o rock não se veste de
rock, seu traje é um talagaço de uísque à moda caubói, sem gelo.
No
entanto, vá até o bar mais próximo e se estiver tocando rock
sinta-se no cenário ideal, o rock é o amigo de balcão, o rock é o
futebol do dia anterior, na canha, na cancha ou na torcida sempre tem
um ampli por perto.
Para
aqueles que querem entender um pouco mais sobre o que estou querendo
dizer, escute um disco inteiro do Queen, do Rod, do Deep Purple, de
preferência o Machine Head, um Herbie Hancock, ou o House of the
Holy do Led, o meu preferido, ou qualquer do Led. Põe na vitrola ou
no teu emepêtrês um ACDC, sente a energia. Mas se quiseres ouvir
rock brasileiro até um Raul serve, daqueles bem desprolixos e
barulhentos ou curte os cogumelos dos Mutantes, por que rock é uma
mistura de alma (blues) improviso (jazz) e energia (magnetismo).
Deixo uma
lista essencial para se criar no mundo do rock, para que no seas un
bolu de esos que gritan yeah.
Elvis,
Beatles, Stones, Cult, Van Halen, Secos e Molhados, Kiss, Guns,
Sabbath, Joe Cocker, Janis, Ten Years After, Pink Floyd, Metallica,
Iron Maiden, Police, Doors, Rush, Jetro Thull, James Brown, Fleetwood
Mac, Cream, Aerosmith, Dire Straits, David Bowie, Divididos, Red Hot
Chilli Peppers, entre inúmeros mitos vivos ou lendas vivas do
estilo.
Edição de 30/09/2015 Ano VI nº 232