sexta-feira, 8 de maio de 2015
Fragmentos de um Abril despedaçado por vicentepimentero
No Chile
Calbuco desperta e anuncia, do outro lado da esfera o inevitável, o
irreversível, o desastre de Nepal. Não que uma coisa tenha a ver
com a outra mas explosões e rachaduras na Terra são normais e
simultaneamente o globo balança entre tufões de Xanxerê e
deslizamentos em Salvador. Nada que se possa fazer, mesmo respeitando
a natureza e aclimatando o efeito estufa, somos parte de uma biosfera
com vida e morte, que pulsa e também sangra. As vítimas nossas
impotentes condolências.
Galeano, agora Abujamra. Morrem também os intelectuais, o que resta
entre os escombros da genialidade é a eterna sabedoria implicante
que deixam estes ensaiadores da contracultura e do teatro da vida
real.
No Sul,
em meio ao caos da violência que começa a se comparar com o centro
do país, o Governador brinca de transparência, se adona de termos
alheios e pinta a cara do povo de palhaço. Mas no manual das
eleições ausentaram-se suas propostas, mesmo assim, o povo gaúcho
preferiu a prática fascista do anti petismo sem medir consequências.
Sartori e Tiririca, mera coincidência.
Execuções
na Indonésia e nos Estados Unidos, por tráfico e por racismo,
consequentemente. O Mundo e suas contradições batem cabeça em leis
antigas desamparadas, e o pior, copiadas de um país dominador.
Entenda-se o retrocesso na lei anti maconha, anti aborto, e anti
casamento homo afetivo.
Para
finalizar, enquanto o mundo apresenta essas belezas, os brasileiros
comemoram os 50 anos do câncer que assola o país na antessala da
ditadura, e na ditadura que hoje se fantasia de democracia. Assim
vamos de mal a pior, enquanto a cegueira continua desmatando a
natureza e a identidade da alma a turma grita gol, o funk da
periferia estoura seus foguetes, a prostituta se apaixona e o
traficante se vicia, vale a pena rir de novo. A propósito, em Cuba
tudo bem, Fidel vivinho da Silva, levando aos States vacinas contra o
Câncer. O que ninguém vê.
Edição
de 29/04/2015
Ano VI nº 210
Espaço do Mosqueteiro - Apatia castigada
Por
Santiago Passos
Acabou o Campeonato
Gaúcho, título merecido ao Internacional, ganhou o time com mais
qualidade técnica e com jogadores decisivos. O time do Grêmio
entrou em campo para assistir ao rival jogar, os jogadores apagados,
dormindo em campo. As melhores oportunidades vieram do inter, que
buscava o gol a todo momento. A equipe gremista mostrava resignação
com o resultado de 0 x 0, esperava o jogo acabar para tentar ganhar a
partida nos penais. E como o time que entra para empatar, perde, deu
o óbvio.
Com poucos minutos de jogo, o colorado abre o placar com
Nilmar. Grohe já havia aplicado dois milagres em lances anteriores,
quase aplicou o terceiro. O gol parecia ter acordado o time gremista.
Só parecia. Após um momento de pressão, Felipe Bastos coloca a
bola no ângulo da meta colorada, mas colocou tão bem, que a bola
bateu no travessão e voltou para o seu pé e, com a bola dominada,
de uma maneira incrível, o mesmo Felipe Bastos erra um passe de dois
metros e entrega a pelota para o Nilmar puxar contra-ataque veloz,
com o time do Grêmio só olhando, ele escora a bola para Valdívia
empurrar para a rede. 2 x 0 aos vinte minutos do primeiro tempo. O
torcedor gremista tentava acreditar, mas no fundo sabia que era
difícil, com o meio de campo pouco inspirado e com um atacante que
não consegue dominar a bola, fazer uma parede ou chutar a gol, que
seja o empate, era muito pouco provável. Mas é o que o torcedor
gremista faz, acredita, todo o ano acreditamos que será diferente,
apoiamos, cantamos, empurramos o time, mas nos momentos decisivos, na
hora que os jogadores tem que retribuir é a mesma coisa de sempre,
apáticos em campo, sem sangue, sem técnica, pensando no churrasco
que vão fazer após a partida. A única obviedade aqui é que
Wallace e Mamute devem ser titulares nesse time enquanto não
contratarem alguém de qualidade para o ataque. Felipe Bastos pode
ser negociado ou devolvido para o Vasco, jogador que comete uma falha
daquelas em Grenal não pode mais fardar. Lincoln tem que ter mais
oportunidades, no lugar do Douglas especialmente. Éverton gelou
novamente, não está preparado ainda.
Agora
o que resta é focar na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro,
tentar qualificar o time, não fazer terra arrasada, aquela coisa
toda que se fala quando se perde. Resta saber se o time do Grêmio
irá fazer isso, torcer para que consiga fazer as contratações
certas. Felipão continua lá, firme do lado, tirando leite de pedra,
pois com o time que temos não merecíamos nem chegar na final do
Gauchão, o Campeonato Brasileiro irá trazer fortes emoções aos
nosso torcedores, vai ser um teste para muitos corações se não
mudar algo. Mas iremos apoiar, acreditar, torcer... é o que nos
resta.
Edição
de 06/05/2015
Ano VI nº 211
Espaço do Saci - Pentacampeão sem muito esforço
Por Marcos Sagrera
Como já era esperado
pela comunidade nacional e internacional de todo o planeta, neste
domingo passado, o colorado sagrou-se penta campeão gaúcho passando
por cima do seu antigo rival como uma patrola. Não foi preciso muito
esforço. Em 20 minutos na tarde chuvosa e fria de Porto Alegre, o
gigante vermelho definiu o jogo e deu um chocolate na equipe azul que
disputava sua copa do mundo.
No segundo tempo, a
equipe vermelha apenas se poupou para o duelo de quarta-feira pela
libertadores. Fechou os espaços na defesa e nem se o jogo durasse
mais três dias, o time pequeno do Humaitá teria empatado. Apesar de
jogar quase todo campeonato fazendo experiências no time e sem dar
muita importância ao certame, o colorado foi a melhor campanha da
competição e mais uma vez saiu de campo consagrado como campeão,
aliás, pentacampeão estadual. Agora são 44 títulos regionais, seu
adversário mais próximo tem 36 conquistas. É uma paternidade
absoluta que ninguém neste país ousa falar em rivalidade. Faz muito
anos que o colorado procura desesperadamente um rival.
No primeiro tempo do
jogo, o time do técnico Diego Aguirre parecia a Alemanha contra o
Brasil na copa. A equipe azul não via a cor da bola e chegou ao
cúmulo de mesmo precisando fazer dois gols, passou todo o primeiro
tempo amorcegando o jogo para não tomar mais outra goleada em final
de campeonato.
Valdivia, Sasha e
Nilmar voavam pelos lados do campo sob o comando de Aranguiz e
Dalessandro. Rodrigo Dourado desarmava e saía jogando de cabeça
erguida. Willian apoiava tranquilo como se estivesse caminhando na
ponte Mauá à tardinha numa tarde de verão. O primeiro tempo todo
foi assim e só não se transformou em uma goleada porque o goleiro
azul evitou o fiasco, assim como já tinha acontecido no segundo
tempo da primeira partida.
O colorado é o
primeiro campeão do novo Beira-rio, assim como foi o último campeão
do estádio olímpico, assim como já tinha sido o primeiro vencedor
em clássicos na Arena e no Beira-rio.
Partindo para o que
interessa agora, a equipe vai sem Nilmar e Geferson lesionados para
BH pelo primeiro duelo das oitavas da libertadores. Temos grupo e
podemos chegar lá e vencer o galo. Basta manter o espírito com que
se vem jogando e enfrentar os mineiros de igual pra igual, não
abdicando de atacar.
Por
último, queria deixar meus parabéns ao técnico Luiz Felipe Scolari
que conseguiu perder duas copas do mundo em menos de um ano. Parabéns
e fica Felipão.
Edição
de 06/05/2015
Ano VI nº 211
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