Por
Andréa Lima
Acompanhei,
na noite desta segunda-feira, a audiência pública voltada para a
apresentação e o debate do diagnóstico do Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A atividade, que aconteceu
na Biblioteca, foi uma realização da Prefeitura Municipal, através
da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, em parceria
com uma equipe multidisciplinar da Azonasul.
O
evento possibilitou aos presentes um maior conhecimento da realidade
que enfrentamos hoje em Jaguarão, no que diz respeito à gestão e à
destinação dos resíduos que produzimos, sejam eles recicláveis ou
orgânicos, entre outros.
Para
quem não sabe, está em curso uma política nacional, amparada em
legislação no país, estados e municípios, que atribui à toda
sociedade a responsabilidade pela segregação dos resíduos, bem
como seu reaproveitamento e a implantação de projetos de
reciclagem. Isto quer dizer que não basta pensarmos, de forma
cômoda, que o somente o poder público é responsável por dar conta
daquilo que descartamos, mas precisamos entender, de uma vez por
todas, que também somos agentes deste processo.
Observando
os dados, também vimos que em nosso município são coletados, em
média, 400 toneladas/mês de resíduos sólidos domiciliares.
Considerando a população urbana de 27.942 habitantes, teremos a
média de geração de 171.8 Kg/habitante/ano, e uma geração per
capita de 0,47kg/habitante/dia.
Para
onde vai o que jogamos fora a partir de nossas casas?
Após
a coleta para a estação de transbordo, este material é
transportado até o Aterro Sanitário Metade Sul, em Candiota. Desde
2009, contamos, também, com a coleta seletiva, com os trabalhadores
e trabalhadoras organizados através da Cooadesps, que é contratada
pela Prefeitura Municipal. É estimado que este serviço abranja
cerca de 80% do Município, mas ainda pode e deve ser ampliado.
No
que diz respeito aos tipos de materiais que descartamos, os estudos
demonstraram que, em termos de volume, 50% são rejeito (papel
higiênico, fraldas, etc), 33% recicláveis e 17% orgânicos.
Tratando
da parte financeira, são alarmantes os recursos públicos que
precisamos aplicar para a coleta, transbordo e destinação final do
lixo. Somente em 2014, foi aplicado mais de um milhão de reais
nestes serviços.
Pensando
um pouco nos números, é possível perceber que poderíamos reduzir,
e muito, o nosso lixo, ao invés de pagarmos para mandá-lo para
outra cidade. Em boa medida, isto poderia ser feito com medidas
simples.
Outro
dia assisti em um programa, por exemplo, uma experiência super
bacana implantada em São Paulo. Lá, a Prefeitura construiu uma
política pública para o incentivo da compostagem caseira, com um
programa chamado Composta São Paulo.
Com
o cadastro de interessados a partir da internet, foram distribuídos
kits simples de compostagem para cerca de duas mil pessoas. Estas
também receberam formação para a correta transformação dos
resíduos orgânicos em adubo, que passaram a ser utilizados como
fertilizantes naturais para o cuidado com as plantas e o cultivo de
hortas domésticas. Quem recebeu os kits, passou a disseminar o
aprendizado para os amigos e vizinhos mais próximos e, assim,
formou-se uma rede de pessoas envolvidas com a popularização desta
prática.
Os
dados não deixam dúvidas sobre seus benefícios: passados seis
meses do início do projeto, mais de 250 toneladas de resíduos
orgânicos foram compostados e dados coletados de mais de 1.500
domicílios demonstram que, além de uma alternativa viável, a
compostagem é uma poderosa ferramenta de educação ambiental e
promoção da qualidade de vida.
Eu,
ainda que tardiamente, comecei a implantar aqui em casa. A produção
de lixo caiu para bem menos da metade. Imagina se esta conta fosse
multiplicada para todos os lares?
Edição
de 03/06/2015 Ano VI nº 215