@pimenterojazz
Não é de hoje que o continente brasileiro, por assim definir a
imensidão do território nacional e suas diversas culturas, etnias,
e formações de identidades, vive em caos de contradição com sua
própria evolução. Desde todo o sempre a independência do povo
deixa a desejar e se auto flagela pondo-se em xeque quando o assunto
trata-se de interesses, sejam eles políticos, sociais ou da própria
formação de sua identidade. Se formos analisar profundamente, o
brasileiro confunde-se ao citar a música que o representa, o biotipo
e o protótipo que o caracteriza, e ainda, o que quer, para onde vai
e o porque? Isto se deve à imponente área que ocupa, sua
diversidade climatológica e principalmente, pela história peculiar
de cada região, até aí, é de se entender. Numa terra de ninguém
ou de muitos alguns, a pátria amada adormece sem saber o dia de
amanhã.
Num episódio recente, pudemos ter certeza disso, depois de
uma eleição à presidência, nos deparamos com o circo das
incertezas, mostrando que as afirmativas citadas nas primeiras linhas
deste texto tudo tem a ver com a discrepância de um povo que não
tem medo de fumaça, como diz a canção, mas tem medo de si próprio
e as mesmas incertezas que o acalantam no coração da América
Latina. A meu ver, o Brasil não vai pra frente, por que o brasileiro
impede e se boicota no dia a dia, seu comportamento, sua contradição
e seu desentendimento consigo mesmo, fazem, vagarosamente, pôr por
água abaixo todas as conquistas conseguidas no decorrer de sua
história. Inúmeros pensadores, artistas, cientistas, entre gente
sem celebridades que construíram o Brasil a pele, osso e pelo.
Qualquer assunto que venha à tona sempre terá um gás de
negatividade por conta da sua imensa gama de comunidades, sejam elas
reais ou perigosamente virtuais, nos dias de hoje, sempre haverá um
freio de mão puxado quando se sobe a ladeira do progresso.
Assim é
quando se fala em homo afetividade, na legalização da maconha, e da
legalização do aborto, e na escravatura, ainda escondida pelas
sombras da sociedade. Recentemente um dos nossos vizinhos pulou essa
etapa e caminha para frente. Quando se fala em política social,
ainda uma prática contemporânea na Terra Brazilis, parte de um
grupo da sociedade, viciado em políticas retrógradas de exclusão,
vem à tona questionar tão absurdo comportamento, pois a seu ver,
temos ainda que eternizar a cultura de domínio que nos precedeu na
triste história do país. Ainda nesta semana, pudemos assistir em HD
uma cena deplorável, pela tv e pelas redes sociais, no episódio de
uma apresentadora de uma tal rede televisiva, onde, depois de ser
convidada a se retirar de uma universidade do Rio de Janeiro,
voltamos no tempo, e num piscar de olhos assistimos à uma
reconstituição da triste história da escravidão, onde uma
assessora acompanhava-a segurando um guarda sol, trazendo à vida
real, um pouco dos tempos de Sinhá. Mas o que mais entristece nessa
cena, é que não trata-se de um caso isolado, em pleno século XXI,
a escravidão física e mental está a serviço de uma nação com
mais de duzentos milhões de habitantes, isso é de embebedar
qualquer um, contrapondo-se ao progresso.
Na cachaça surreal da
mídia também existem frontes políticos, pois o jornalismo falido
do país do futebol e do carnaval é um dos principais formadores de
opinião daquelas pessoas complacentes com antigos métodos de
governar. Se por um lado, há uma parte da sociedade, indignada com
alguns aspectos da política, principalmente com a corrupção, mas
levemente colorindo a miscigenação das ideias, por outro lado
alimenta-se uma parcela de cães raivosos intelectual e radicalmente
falando, pois somos os responsáveis em harmonizar a tensão, com
ideias práticas, de reformas, não só políticas, mas de seres
humanos. Prova disso é o ódio que cria-se em torno a um país que
se diz de braços abertos, onde o desrespeito e a liberdade de
expressão, venenosa, letal, ou nociva, comprova que, se realmente
Deus existe, está longe de ser brasileiro. Embora devamos respeitar
a soberania de cada país, não pode se admitir que um jornal da
relevante importância como O Globo, no dia internacional da mulher
publique uma afronta como publicou na charge de Caruso, diminuindo a
então Senhora eleita Presidenta da República a uma vítima do
terrorismo, mais uma vez comprova-se o ódio que se alimenta, por
parte da sociedade. Há uma versão de que o chargista tenha escrito
pelas mesmas linhas tortas de Deus, mas perdeu a oportunidade de
ficar imune às críticas, ou foi oportunista, o que afirma as duas
versões. Essas e outras posturas de grande parte da classe média e
das caronas doentias de parte da população, é que fazem
contradizer um país que deveria ser exemplo para as Américas e para
o Mundo. Em parte já o é, pelas vitórias internacionalmente
reconhecidas que conseguiu nestes últimos 20 anos, amenizar nas
tensões prioritárias, principalmente a fome.
Contudo, arma-se uma
passeata sem diretrizes, aparentemente sem partidos e empresas que
assumam, embora financiem, monetária ou intelectualmente, um golpe a
si mesmo. Os revolucionários do panelaço de apartamento sairão
para desaprovar uma porção de coisas, sem ter conhecimento do foco
cívico ou das vias em que correm os problemas e as soluções.
Aqueles que compactuam com a sórdida lâmina da vingança
adormecida, onde seu voto não vingou, sem conseguir mudar o Brasil
ao seu jeito e agora não consegue ver o jeito, do seu jeito de
governar, e que me caiba a redundância, e de igual a igual, que
custe o que custar. Ainda há de relevar que as indignações e as
culpas jorradas sobre um eventual partido político, sobressaem e
caem na responsabilidade de vários partidos políticos também,
inclusive dos pseudo militantes da vez, mas a ignorância é vizinha
da maldade e profetizando o dia de amanhã, vou citar novamente
Sartre, depois de me citar, O POVO SOMOS NÓS, O INFERNO SÃO OS
OUTROS. A todos um bom domingo de descanso e reflexão, aos que
realmente amam a pátria e se orgulham do direito democrático de
escolher aqueles que nos fazem bem.
Edição
de 11/03/2015 Ano IV nº 203