Por
Antônio Escosteguy Castro*
A
situação da Segurança Pública no Rio Grande do Sul está ficando
crítica. Desde o início de seu governo, Sartori vem acumulando
erros e trapalhadas. Primeiro cortou as diárias e as horas extras;
depois reduziu a gasolina das viaturas; depois anunciou que iria
suspender ou mesmo eliminar os reajustes negociados no Governo Tarso
a serem pagos aos poucos, durante anos, de modo a melhorar um pouco a
penúria salarial das polícias. Frustrados, centenas de brigadianos
estão abandonando os quadros da PM e como os novos concursados não
são chamados, o déficit de policiais aumenta rapidamente. Por mais
honrada e competente que seja a nova cúpula das polícias, é muito
difícil reverter a queda no moral da tropa com todos estes ataques.
Os
resultados destas políticas míopes já se fazem sentir. As gangues
do tráfico de drogas se agigantaram, impuseram toque de recolher em
algumas vilas e vimos nos últimos tempos uma sucessão de execuções
por acertos de contas que faria inveja à Máfia siciliana. Um
especialista da área disse ao Sul21 que “no tempo do Tarso, o
anúncio de um toque de recolher faria a Brigada ocupar a comunidade
e revertê-lo. Como nada disso houve, o tráfico ganhou confiança”.
Há
poucos dias vimos um arrastão cinematográfico num edifício de luxo
do bairro Rio Branco , em Porto Alegre. Outro analista disse ao Sul21
que “ no Rio Grande do Sul não há ninguém com tal capacidade
logística. É gente de fora, que veio atraída pela atual
inoperância da polícia”.
Não
bastasse isto, agora os jornais trazem a notícia de que uma operação
policial secreta foi previamente vazada na internet, possibilitando a
fuga de seus alvos. Sem comentários.
A
blindagem midiática segura o Governo. Se o Grupo RBS tratasse o
Governo do Estado, durante um mês, com a mesma rigidez com que trata
o PT e Dilma , Sartori derreteria mais rápida e intensamente que
Beto Richa no Paraná. No caso acima citado do vazamento prévio da
Operação Arquipélago, o tom da matéria de Zero Hora poderia ser
resumido na seguinte frase : “ Gente, que interessante. A operação
vazou antes. Isto pode acontecer com qualquer um, né?” E depois
tenta culpar a Justiça. Se algo parecido tivesse acontecido num
governo do PT não haveria menos que uma sucessão de colunistas
esbravejando no Jornal do Almoço e pedindo a renúncia do
governador.
Mas o que
me assusta tanto ou mais que a crise na segurança é o tamanho da
fatura política que virá desta blindagem total. No Rio Grande do
Sul, os Grupos RBS e Gerdau comandam, política e organicamente, o
empresariado local. Premidos, agora, pela sombra bilionária da
Operação Zelotes, que tem potencial para abalar profundamente mesmo
estes gigantes, devem acelerar sua voracidade sobre o estado. A
extinção da Uergs ( com a liberação de milhares de matrículas
para as universidades privadas); o pedagiamento das estradas federais
e estaduais (que criam mega-empresas que faturam à vista e gastam a
prazo); a concessão do tratamento do esgoto à iniciativa privada
(retirando da CORSAN algo bem mais lucrativo que o tratamento da
água) e ainda o fatiamento da CEEE (aproveitando o processo de
renovação da concessão que está em curso este ano) bem como
outras medidas desta natureza podem
Sartori
deve apresentar nesta semana sua “agenda positiva” e adiou para
junho o anúncio dastrazer bilhões ao meio empresarial gaúcho,
alcançando todos que tenham porte , crédito e relações para
integrar os grupos de beneficiados.
O
desmonte do estado do Rio Grande do Sul pode ser a salvação da
lavoura para um empresariado tacanho e normalmente avesso à
inovação.Com a RBS e a Globo a justificar e propagandear, este
desmonte pode ser apresentado à opinião pública como a salvação….
do estado. “medidas de ajuste”. O lobby continua, bem como a
blindagem. Meu medo é que o Rio Grande , além de falido, seja
estraçalhado.
Antônio
Escosteguy Castro é advogado
Edição de 27/05/2015 Ano VI nº 214