Está começando na
cidade, como parte do programa do Ponto de Cultura Trocando Ideia, a
oficina de Web Rádio e Streaming. As atividades oportunizarão aos
jovens da nossa fronteira o contato e o conhecimento necessário para
o trabalho com ferramentas livres, a fim de democratizar a
comunicação e facilitar a divulgação das manifestações
culturais da região.
Trata-se de uma
iniciativa do Instituto Trocando Ideia, que iniciou sua trajetória
na Porto Alegre dos anos 90, construindo e articulando a cena da
cultura Hip Hop na cidade. Hoje este grupo atua também em Jaguarão,
a partir do acesso a um edital público do governo do Estado, lançado
no ano de 2012, que culminou na formação da Rede RS de Pontos de
Cultura.
Esperamos que a
comunidade abrace esta oportunidade e se engaje no processo de
transformação social, que nossa região tanto necessita. Sabemos
que as mudanças que queremos passam, necessariamente, pela
construção de novas formas de comunicação.
Enfrentamos hoje no
país graves problemas gerados pelos monopólios na mídia, como a
manipulação das informações, e este problema se reflete, também,
na situação das cidades.
Falando
especialmente das rádios, são muitos os veículos comerciais e
poucos os equipamentos comunitários. Isto desfavorece o interesse
público e, muitas vezes, a qualidade da programação das emissoras,
que são utilizadas principalmente para anúncios e a venda de
produtos, tratando os ouvintes como consumidores. Musicalmente
falando, a maior parte das entidades acaba por reproduzir aquilo que
o mercado comanda, em detrimento do cenário alternativo, de novos
artistas e da diversidade de gêneros.
Lidamos, ainda, com
outro grave problema: existem muitas rádios com a roupagem de
equipamentos comunitários, habilitados a partir de concessões
públicas, mas que, na verdade, operam como veículos comerciais. O
serviço de radiodifusão comunitária é voltado para associações
e fundações sem fins lucrativos e não pode ser explorado
comercialmente, mas, na prática, não é o que acontece.
Neste cenário, a
Web Rádio, também conhecida como Rádio via Internet ou Rádio on
line, apresenta-se como uma possível alternativa. Seu custo de
criação geralmente é bem inferior ao custo de criação de uma
rádio tradicional.
Investindo em
comunicação alternativa, em processos colaborativos de formação e
em equipamentos comunitários teremos espaço para driblar as
distorções das informações veiculadas pela mídia, oferecendo,
assim, outras visões de mundo, que dialoguem com a nossa própria
realidade.
Começamos a
entender, também, o sentido de que, enquanto cidadãos e cidadãs,
temos o direito à informação, mas não somente enquanto
receptores, mas também como protagonistas, na emissão e difusão de
conteúdos. Afinal, também temos voz.
Edição
de 10/06/2015
Ano VI nº 216