Por Magnum Patrón Sória
Ulisses avista Fradique
no mar!
Camões não entende
que ele vem desesperado,
avisado por Malinche
que a Guerra do Novo Mundo continua!
Sabe-se que já não se
quer mais ficar na beira das tormentas:
Alfonsina recruta seu
exército de sereias cantoras!
Sofrem os que dormem,
sofrem os que suam, sofrem os que mestiçam vida na América!
Os crioulos, ou são os
“criollos”?
São os filhos da
terra, os filhos do céu, os filhos de?
Nossos filhos!
Fradique que nunca
conheceu as fronteiras de Queirós perturba-se com os atuais
Fradiques de hoje,
tão tolos em seu afã
de impor fronteiras,
vêem suas bandeiras
envermelhas,
não são mais as
bandeiras do Sangue do Redentor,
São manchadas do
sangue dos nossos filhos,
dos seus filhos que
insistem em dizer que da pele vermelha primeira vieram,
Realizam hoje a mistura
ameríndio-luso-afro das culturas, ordenando que bom é ser mistura,
transcultural!
Bom é ser humano, de
verdade, amorumanidade!
Avisem a Fradique: as
rosas ainda falam na Metrópole,
Os tambores continuam
tocando nas Antigas Colônias
A alegria da liberdade
toma cores múltiplas.
Regressa rápido, belo
Fradique, acompanhado do Velho do Restelo,
falando a ele das
utopias de além-mar: porque a guerra é outra hoje!
Alfonsina está lhe
esperando para o cerimonial das nereidas e ninfas:
vamos festejar a
saudade com tambores,
gritar os bocages de
Maputo,
beber os vinhos do
Porto na Bahia de todos os Santos,
rezar as missas dos
antepassados de Moçambique,
colher os milhos e os
tomates da América, com as sobremesas de Santa Clara, em Macau!
É a mistura do
além-mar, quebrando os estilhaços promovidos pela audácia colonial
de Cortéz e Pombal,
É a língua que nos
uniu, é a mistura que nos identificou...
Festejemos, festejai!
Edição de 14/10/2015 Ano VI nº 234