Não temos muita
informação sobre essa cultura de comer na rua, mas nos filmes de
época já podemos ver que desde a Roma Antiga descolar uma refeição
honesta virou rotina de quem faz das calçadas seu ritual
gastronômico.
Os norte americanos,
como sempre, deram um jeito de pincelar o "negócio", à
moda marketing-global, naquilo que os asiáticos e europeus também
já faziam e muito bem. Transformaram as tendas e os tabuleiros de
comida que antes resolviam a necessidade de se alimentar
economicamente entre uma jornada e outra, num incrível formato
capital gourmet, explorando e pulverizando o novo bussines numa febre
cultural que se espalha mundo afora.
No Brasil, onde há uma
forte tendência para copiar quase tudo do estrangeiro, não foi
diferente, a Comida de Rua vinda de carona com culturas
colonizadoras, teve em cada região um estilo, ou pelo clima ou pelas
mesmas questões históricas que escrevem as confusas lendas e
verdades do país. Em Salvador, por exemplo, as bancas de acarajés
além de ser um patrimônio turístico representam toda a cor e o
sabor da Bahia num bolo frito de feijão servido num guardanapo,
prato de plástico ou saquinho. E assim em todo o território, a
pamonha, o pão de queijo, o churrasco grego, o cheesse burguer, o
crepe, a pipoca, o churros, o doce, o sorvete, o amendoim, as
guloseimas, os algodões doces, as maçãs verdes, e a lista quase
infinita de lanches, refeições e iguarias que resolvem em minutos a
pressa cotidiana do transeunte.
Mas daí vem o termo
Food Truck, em quinze anos pra cá, os caminhões, kombis, ou
híbridos de carcaças de qualquer espécie de veículos sobre rodas
vem ganhando as ruas.
Em qualquer esquina
qualquer botequim, saída emergente de desempregados ou sucursais
kits de empreendimentos imóveis, os carros temáticos oferecem toda
uma linguagem visual que se diversifica em estilos de comida viajando
por inúmeras culturas resumidas num prato prático e convidativo ao
bolso.
O fenômeno cresce de
tal maneira que de coadjuvante de feiras e congressos os Food Trucks
passaram a ser protagonistas nos seus próprios encontros, dividiram
comida e bebida numa epidemia de cerveja artesanal e os mais diversos
segmentos da gastronomia. Pizzas, hambúrgueres, frios, hot dogs,
veganos, sorvetes, cafés, entre outros pratos menos comuns nas ruas
como sushis, massas e caldos fazem a alegria das novas juventudes que
hoje frequentam em massa esses encontros diurnos de comes e bebes.
Aqui no extremo sul a
reverberação chegou em grande estilo, nos últimos três anos em
Pelotas e agora em Jaguarão, os festivais de Comida de Rua vem
ganhando força e um público exigente que faz do seu sarau dominical
o ócio para desfilar seu modelito e compartilhar um momento saudável
com os amigos. Regados à música os eventos de rua se estendem pelas
tardes à noitinha e deixam um ar pitoresco nas ruas das cidades, sua
maneira cult de deixar uma sequela de festa junina ou quermesse
encanta as mais ecléticas gerações. A Comida de Rua veio pra
ficar, propiciar um encontro e um bate papo informal com um estranho,
unidos apenas pelo prazer de saborear um prato urbano nas lidas do
dia-a-dia.
Receitinha de
hamburguer de rua
75 g de carne moída
misturada com as mãos em 15g de farinha de farinha integral
peneirada, 1 cebola pequena bem picada, tomilho, pimenta preta do
reino moída na hora, sal, azeite e micro cubinhos de toucinho.
Formar o hamburguinho com formato mais grosso do que fino e selá-lo
em frigideira muito quente. Num pãozinho novo à sua escolha molhar
suas folhas interiores com maionese de oliva, e mostarda de Dijon,
esperar com uma salada de broto de alface, tomate assado, e pimentões
salteados. Antes de acrescentar o hambúrguer ao pão, mandá-lo para
o forno com uma fatia de queijo coalho até derreter e terminar de
cozinhar a carne, uns 12 minutos. No pão, servir com um ketchup
picante.
Edição de 16/09/2015 Ano VI nº 230