Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Um espaço aberto para o leitor
terça-feira, 31 de março de 2015
Frutos do mar ao vermelho vulcânico | por vicentepimentero
Hoje volto a falar de cozinha, mas que fique claro, que a escolha por
frutos do mar, nada tem a ver com a síndrome da páscoa, onde as
pessoas lembram-se de comer peixe.
Esta receita carrego na alma como
um acalanto de outono, no vento polar de Montevidéu, onde a estação
é mais fria, cortante. Vi uma cozinheira chilena fazer esta receita
há uns 20 anos atrás e nunca mais me esqueci. Hoje a repito
incessantemente, e principalmente quando quero esquentar um coração.
Primeiro escolho uma porção de frutos do mar, lulas, polvo,
mexilhões, langostinos (lagostinhas), camarões, e um peixe firme.
Fervo o polvo e as lulas enquanto descasco vegetais vermelhos,
tomates gaúchos graúdos e bem maduros, pimentões, pimentas, e
ajíes. Numa caçarola, a mais velha, de ferro ou barro, de
preferência, frito a lume forte de um bom azeite de oliveira uma
abundante quantidade de cebolas em tiras ultra finas, quase
transparentes. Ao dourar jogo as lulas e o polvo previamente com seus
tentáculos cortados e acrescento à poção folhas de louro, talos
de aipo, e um macerado apurado de coentro em grãos e sal grosso.
Assim que a mistura precisar hidratação lanço um jorro de vinho
tinto encorpado, e deixo evaporar, logo continuo com os vegetais
cozinhando até desmanchar os tomates. Enquanto o vulcão entra em
erosão preparo um mix de folhas frescas na seguinte proporção, de
mais para menos, coentro, salsa, manjerona e hortelã. Acrescento às
borbulhas ferventes os langostinos, camarões, mexilhões e peixe,
nessa ordem, desligo e retiro da boca quente do fogo. No prato, sirvo
em cima de um arroz branco, de preferência carnealoni ou cateto,
para que fique mais empapadinho, e junto às ervas frescas, ralo um
parmesão na hora, e ainda um toque de noz moscada. Na mesa não pode
faltar uma boa baguete artesanal e o mesmo vinho que cozinhamos, o
que se sugere para harmonizar são vinhos estruturados como os
cabernet e merlot.
Para
entrada umas tapinhas de berinjela tostada com pasta suave de
cottage.
Hasta la
próxima comilança.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
CANAL DE COMUNICAÇÃO - Que Brasil mais rico
Por Arnoni Lenz
E
só aumentam os valores de roubos, desfalques, achaques e seja lá
como querem denominar essa patifaria toda. Só não pode chamar de
propina nem de repasse legal de campanha. Como é que o povo
brasileiro, inclusive eu em determinado momento, fomos cair nessa
esparrela de acreditar nessa gente? As pessoas mais cultas e mais
sórdidas vinham e vem governando nosso país já há doze anos. E a
coisa não para nunca, cada dia surgem novidades e nosso primeiro
ministro do governo Lula, José Dirceu, está em todas. Cheguei a
pensar que a Dilma de nada sabia, e mais uma vez hoje vejo como sou
ingênuo. Ela vem participando do governo, desgoverno, nos últimos
anos. Não pode sair ilesa. O Lula junto com o Dirceu são os grandes
arquitetos de tudo e pergunto: quem deles ou de parentes deles até o
trigésimo grau está pobre hoje? Garante um juiz que o roubo no BRDS
deve ser dez vezes maior que o da Petrobras. E para onde vai esse
dinheiro e para que querem tanto? Agora surge mais outro, o dos
fundos de pensões. Ronaldo Caiado denuncia que o fundo de pensões
dos funcionários dos correios esta sendo espoliado por um expert no
caso. Ele já terminou com os fundos de várias empresas e sempre bem
respaldado pelo governo e com as costas muy calientes.E assim a vaca
só pode ir para o brejo mesmo. Se a gente pensa sério no caso, não
acredita numa solução honesta e dá vontade de chorar. Depois dizem
que quem sonega impostos é desonesto. Vi um vídeo da Margaret
Teacher, que governou a Inglaterra por muito tempo, onde diz que não
existe dinheiro público. O dinheiro público que os governos falam
nada mais é que o dinheiro do povo. O dinheiro das arrecadações.
Que quanto mais imposto, mais pobre fica o povo e o governo não sai
da penúria. Cada um tem que avaliar quanto vai gastar para si, para
com a família e quanto vai gastar com o governo. Os governos têm
que avaliar que cada vintém arrecadado tem que ser bem aplicado em
benefício do povo, só assim esse povo pode enriquecer e melhorar a
situação dos governos. E aqui o que é que acontece? No mínimo as
coisas estão indo mais ou menos, enquanto deixarem o juiz Sérgio
Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal
trabalharem, parece que haverá pelo menos a busca de soluções. Sou
até capaz de começar a acreditar em rezas e fazer uma fezinha. O
diretor da Petrobras indicado pelo PT,Renato Duque e o tesoureiro do
PT Vaccari, hoje não são mais indiciados, hoje eles são réus.
Agora me digam uma coisa o que é que o Duque queria com a coleção
de quadros horríveis que vinha comprando? Com todo esse dinheiro
poderia pelo menos ter comprado alguma coisa bonita de ser apreciada.
Ladrão e ainda por cima de muito mau gosto. Nem dá vontade de
escrever mais, a sujeira e a porcaria é tão grande que dá para
perder o bom humor . A frase é própria para a ocasião: QUANDO A
PESSOA AMA O DINHEIRO, NUNCA ATINGIRÁ O SUFICIENTE .
Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
segunda-feira, 30 de março de 2015
Intervenção de professores de história já!
Por Andréa Lima
Nasci
no ano de 1985, com a retomada da democracia em nosso país.
Felizmente, aos 16 anos já me foi assegurado o direito de votar e
participar do processo de escolha dos representantes políticos do
Brasil. Era o ano de 2012 e com ele veio a eleição do Presidente
Lula.
Morava
na cidade de Fortaleza, no Ceará, cursava o 3º ano do Ensino Médio,
e lembro muito bem das aulas de história e, principalmente, do que
aprendemos estudando a história do Brasil.
Os
professores insistiam para que, enquanto jovens, não nos omitíssemos
da política e votássemos. Falavam sobre quanta luta foi necessária
para que pudéssemos ir às urnas e quantos morreram por fazerem
oposição ao Regime da Ditadura Militar, deflagrado com um golpe que
completa 51 anos no mês de abril.
Por
saber que, ainda hoje, temos mais de 300 desaparecidos políticos
somente em nosso país e tantos outros casos de gente que saiu às
ruas para combater as ditaduras militares latino-americanas e nunca
mais voltou para casa, jamais poderia estar nos protestos do dia 15
de março.
Vimos
no mesmo cortejo neonazistas e outros grupos da extrema-direita, fãs
de Feliciano, Eduardo Cunha e Bolsonaro, o desfile de muitos dos
políticos que mais disparam em processos que envolvem corrupção,
fundamentalistas diversos, e os autointitulados “cidadãos de bem”,
que não suportam mais ver o nosso país mudando a sua cara, com
oportunidades para sujeitos invisibilizados durante séculos de
história.
Assisti
a alguns vídeos das movimentações e confesso que fiquei triste com
a despolitização da maioria dos manifestantes e com toda a sorte de
imbecilidades que se proferiu.
Mesmo
quem foi para as ruas com a ideia de lutar contra a corrupção,
marchou ao lado de grupos enraivecidos com a perda das eleições,
que só sabiam gritar “Fora PT”, cantar o Hino Nacional e pedir o
“Impeachment”, sem nem saber ao certo como isto se dá e o que
implica.
Ver
cartazes e faixas, em português e inglês, pedindo intervenção
militar é digno de um imenso repúdio. Temos tantos estudos e
relatos, hoje, que nos comprovam o quanto este sistema foi corrupto e
perverso, que nem acredito que ainda exista quem o defenda.
Não
precisamos de uma nova intervenção militar! Precisamos de uma
intervenção urgente de professores de História! De uma carga
horária maior nas escolas para disciplinas como Sociologia e
Política, Filosofia, entre outras, e de projetos da área de humanas
que nos estimulem a pensar e agir para a construção da cidadania e
da justiça social!
Nunca
precisamos tanto de uma educação transformadora, engajada com a
luta anti-capitalista. Talvez ataquem Paulo Freire, porque hoje, mais
do que nunca, sua pedagogia de se faz necessária.
Voltando
aos protestos do dia 15, o mais vergonhoso, mesmo, foi ver a
manipulação da grande mídia, distorcendo dados nas chamadas
televisivas e nos jornais, e convocando o povo como massa de manobra
para as ruas, simulando a neutralidade, como quem dá a notícia em
primeira mão... Esta velha e conhecida Rede Globo, que apoiou e
financiou a Ditadura, há não muito tempo atrás.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Jaguarão. Ontem, Hoje - IMPRENSA LOCAL ( JORNAIS ) - 1850 - 1910
Nossa
cidade ainda era uma “vila” quando o cidadão Carlos Eugênio
Fontaine, requereu licença à Câmara Municipal para instalar uma
tipografia. Esta se incumbiria também de publicar um periódico
(jornal), com fins literários e comerciais. Era o “Comércio do
Litoral”.
A
licença foi concedida em 26 de Julho de 1854 e seu funcionamento foi
na Praça da Matriz, nº 16.
Em
08 de Outubro de 1855, surgiria um concorrente:- “O Jaguarense”,
editado por Pedro Bernardino de Moura & Cia, que obteve licença
para funcionar à Rua do Triunfo, hoje Rua Júlio de Castilhos,
esquina com a Rua Carlos Barbosa.
Este
jornal tinha a preferência através de contrato, para publicar os
atos da administração da Vila. Porém durou pouco tempo, a Câmara
deliberou e considerou nulo o contrato. Isto aconteceu porque o
redator não estava cumprindo o compromisso assumido com a Câmara e
ainda proferia injúrias e ofensas graves aos legisladores. Isso
ocorreu em Abril de 1856, quando foi suspenso o contrato.
Naqueles
tempos, era comum a publicação de artigos insultuosos contra as
autoridades constituídas ou visando pessoas de posição social mais
elevada.
Em 12 de Abril de 1875, saiu o primeiro número do
jornal denominado “A Égua”. Na verdade um panfleto, distribuído
gratuitamente, e segundo a história, de linguagem bem vulgar. Não
poupava nem as autoridades judiciárias e muito menos a população.
Em
1878, surgiu o jornal “A Pátria” – O Atalaia do Sul já era um
veterano, contava 16 anos de existência.
Parece
que Jaguarão teve no passado uma “vida jornalística” bastante
agitada. Isso se deduz pelo número de jornais que circulavam
simultaneamente. Em 1868 circulavam o “O Echo Jaguarense”, - “O
Argos”, - “O Onze de Julho”, - “O Santelmo do Sul”, e o
“Atalaia do Sul”.
O
Jornal denominado “A Lei”, publicado em 1862 era dirigido pelo
Conselheiro do Império, Dr. Henrique d´Ávila, com uma publicação
de feições distintas e estilo elevado.
Existiram
ainda “A Ordem”, um importante jornal que circulou de 1875 à
1904.- Tanto este jornal como também o “Diário Jaguarense” que
circulou de 1885 à 1910, pertenceram à Pedro Maria Carriconde.
Outro
que pertenceu ao grupo dos importantes, foi a gazeta “O Comércio”,
criada e dirigida pelo jornalista Eduardo Lacombe. Circulou de 1895 à
1911, um diário de grande formato e bem cuidada matéria de redação.
Entre
os mais de 130 jornais que circularam no passado, ainda podemos
citar, - “A Situação”, porta voz oficial do Partido
Republicano, - “A Razão”, “A Tribuna do Povo”, mantido pela
dissidência republicana.
Tivemos
ainda de 1866 à 1887 editado pela Biblioteca Juvenil um semanário
denominado “A Instrução” e uma revista publicada pelo Ginásio
Espírito Santo, em 1908, intitulada “O Ginasial”.
Ainda
há muitas coisas a ser falado sobre a imprensa local de antigamente
para uma próxima oportunidade.
É
isso aí, um abraço e até a próxima edição.
Fonte:
Bibliot. Publ. Mun.- Impr. Local 1971
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Concursados da Segurança Pública no Estado reivindicam nomeação
Uma
audiência pública na manhã de segunda-feira (23) na Assembleia
Legislativa do Rio Grande do Sul lotou as galerias do Teatro Dante
Barone com integrantes de sindicatos e associações relacionados à
Brigada Militar, à Polícia Civil, ao Corpo de Bombeiros, à
Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e ao
Instituto-Geral de Perícias (IGP), bem como de profissionais que
foram aprovados no último concurso da categoria.
A pressão para que o governo do Estado estabelecesse um cronograma
de convocações gerou frutos. Durante a tarde, foi agendada uma
reunião dos representantes dos concursados com o chefe da Casa
Civil, Márcio Biolchi.
Após
serem chamados pelo ex-governador Tarso Genro (PT) e até mesmo
passarem por exames admissionais, os 2.650 aprovados em concurso
público não puderam assumir seus postos, pois o atual governador,
José Ivo Sartori (PMDB), cancelou o chamamento.
A
audiência pública foi organizada pela Comissão de Segurança e
Serviços Públicos da Assembleia. O encontro foi proposto pelos
parlamentares Manuela d’Ávila (PCdoB), Bombeiro Bianchini (PPL),
Stela Farias (PT), Jeferson Fernandes (PT) e Pedro Ruas (P-Sol).
O
secretário estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini, não
compareceu na audiência e não justificou sua ausência. Entretanto,
mandou seu representante, o tenente-coronel Luiz Porto, diretor de
Gestão e Estratégia da pasta. “Temos que construir uma solução,
e essa solução está começando aqui na audiência, com diálogo,
ouvindo os deputados e a comissão”, afirma Porto.
A
reivindicação da categoria de que um cronograma de nomeações seja
formulado, porém, não parece estar no horizonte do governo do
Estado.
“Seria
no mínimo leviano da nossa parte dizer que vai haver um calendário,
isso ou aquilo. Nós construiremos a solução com muita
tranquilidade, seriedade e sobriedade, levando em conta as
dificuldades financeiras do Rio Grande do Sul, mas também o direito
das pessoas a esse emprego e a necessidade dos gaúchos de mais
segurança”, destacou Porto.
O
concurso chamaria, ao todo, 650 policiais civis e 2 mil policiais
militares, sendo 1,6 mil para policiamento ostensivo e 400 para o
Corpo de Bombeiros.
Aposentadoria
de servidores aumenta déficit; 1.200 aguardam resposta do pedido de
benefício
O grande
ponto alardeado pelas entidades é o fato de que a defasagem dos
efetivos das corporações aumenta a cada dia. Na Brigada Militar, a
estimativa é de que faltem 14,5 mil policiais. Na Polícia Civil, o
desfalque seria de 5,7 mil.
Esse
número se refere a agentes que se aposentaram nos últimos anos e
não foram repostos. Com a decisão recente do governo de proibir que
a tropa faça horas extras, muitos profissionais que já estavam
aptos a se aposentar solicitaram a reserva.
Conforme
o deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), 200 policiais militares e 120
policiais civis se aposentaram desde o início do ano, e 1,2 mil
pediram para se aposentar. O diretor da Secretaria Estadual de
Segurança Pública (SSP) garantiu que a aposentadoria dos servidores
preocupa o Estado, mas que o governo teve pouco tempo para criar
soluções.
Segundo a
deputada Manuela d’Ávila (PCdoB), a necessidade de recuperação
do efetivo, que, com o concurso, supriria somente um quinto do
déficit, torna a convocação urgente. “A realidade mostra que, se
o governador acha que são necessários cortes, na área da segurança
e da saúde eles não podem acontecer”, pondera. A parlamentar
revela que há uma perspectiva de que metade do efetivo da Polícia
Civil possa se aposentar nos próximos seis anos.
Comparado
ao que o governo anterior investia em segurança pública, houve um
corte de 18% nos gastos. Em relação ao que estava previsto para a
pasta em 2015 antes do anúncio de cortes de 21% em cada setor, a
redução foi de 31%, o que representa R$ 193 milhões a menos no
orçamento.
O
presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf),
Leonel Lucas, que representa os policiais militares, ressalta que a
entidade está preocupada, pois o governo, até o momento, não havia
acenado com nenhuma oferta.
“Mesmo
durante a audiência pública, o governo trouxe apenas uma pessoa da
Susepe, uma da SSP e um único deputado da base do governo, de uma
bancada de 55 parlamentares, em que a base é maioria. Isso demonstra
uma total falta de responsabilidade de Sartori com a segurança
pública”, critica. A categoria prometeu acampar em frente ao
Palácio Piratini e procurar o Ministério Público e o Tribunal de
Justiça, a fim de buscar medidas legais para a situação.
Segurança
também foi pauta dos prefeitos da Azonasul
Foto: Vanderlei Porto/PMP |
Eduardo afirmou que a pauta da reunião com o governador será
basicamente a mesma que havia sido entregue aos candidatos no período
eleitoral, mas reduzida, para que haja concentração de esforços.
Sobre a segurança, um dos temas prioritários para os prefeitos,
será solicitada a nomeação dos concursados da Brigada Militar, a
imediata suspensão da remoção de servidores da Região Sul para
outras regiões, o retorno para a região dos policiais já removidos
e a devolução das horas extras para compensar a falta de servidores
no primeiro momento.
A reunião na Azonasul contou com a participação do novo comandante
regional da Brigada Militar, Coronel Vedana, que tratou da crise na
segurança vivida no Estado. Apenas na região sul há um déficit de
928 servidores – 1.354 efetivos para suprir uma necessidade
estimada em 2.282. No Estado esta defasagem chega a 14.500. Vedana
relatou ainda que a redução do efetivo tem sido sistemática, já
que a cada ano cerca de 1.250 policiais se aposentam. O comandante
explicou que a diferença costumava ser compensada com horas extras,
porém o problema se agravou após determinação para que estas
fossem reduzidas em 40%.
Câmara
dos Vereadores de Jaguarão realizou Audiência Pública para tratar
do tema
No dia 18
de março o vereador Ariom Moreno (PT) foi proponente de uma
Audiência Pública para debater o tema. Na ocasião foi feita uma
moção ao governador José Ivo Sartori solicitando a nomeação
imediata de todos os candidatos habilitados para ingressar nas
Corporações da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia
Civil.
Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
sábado, 28 de março de 2015
Coluna Gente Fronteiriça - Um Brasil Que Se Revela
Por Lau Siqueira*
Sinceramente gostaria muito de ter
participado da manifestação do último dia 15. Caso fosse mesmo uma
manifestação popular e espontânea contra a corrupção. Estaria
nas ruas se não corresse o risco de encontrar alguém segurando uma
faixa pedindo a volta da ditadura. Afinal, as ditaduras apenas
escondem a corrupção. Estaria onde as pessoas não estivessem
majoritária e contraditoriamente vestidas com a camisa da corrupta
CBF. Também iria se não fosse para encontrar tantos políticos
acusados de corrupção. Se não se tratasse de uma manifestação
seletiva que foca apenas na corrupção da Petrobrás. Se não fosse
uma manifestação tragicamente ressentida de quem tinha certeza que
o Aécio Neves (citado na operação Lava-jato) venceria as eleições.
No dia 15 o Brasil acordou estranho.
Muito estranho. O Partido dos Trabalhadores é o maior partido da
América do Sul. Um dos maiores do mundo. Uma agremiação cheia de
mazelas, com algumas administrações descaracterizadas. Seja pela
mesmice conservadora, ou pela mediocridade. Mas, como negar as
virtudes? Como negar os avanços sociais e econômicos do país? Dói
na alma associarem o PT ao comunismo. O PT não tem absolutamente
nada de comunista. É um partido fundamentado na velha social
democracia europeia, transformando excluídos em consumidores. Isso é
puro capitalismo!
Todavia está difícil criticar o PT
neste momento. Basta um grama de bom senso para verificarmos que o
desafio é outro. Pois do outro lado estão movimentos que se dizem
apartidários, mas rezam nas piores cartilhas. Movimentos que sequer
fazem questão de esconder seus reais interesses. A estar desse lado,
sem qualquer noção da história do nosso país, prefiro apenas
defender a legitimidade de uma presidente eleita pelo voto livre e
direto. Afinal, a democracia é a maior conquista do povo brasileiro.
O Brasil que se revela manipulado e
raivoso não se contrapõe aos petistas ou não petistas envolvidos
em corrupção. Se iguala. Mais parece um país de pessoas revoltadas
porque não estão levando vantagem. É um país que quer um
impeachment apenas para voltar para a frente da televisão e assistir
novos casos de corrupção, de impunidade, de violência, enquanto
espera a novela das oito. O Brasil que foi para as ruas no dia 15 é
um país que quer mudança no governo, mas não quer mudar uma
vírgula da história. Um país de pessoas que não merecem vencer
porque não sabem perder. Um país de pessoas que se dizem
apolíticas, mas cujas atitudes são eminentemente políticas. Um
país despetalando raivosamente o futuro. Mas, as manifestações do
dia 15 também são fruto da democracia. Ainda bem, pois só a
democracia nos permitirá seguir em frente.
*
Lau Siqueira, jaguarense radicado em João Pessoa. Poeta, ativista
cultural, atualmente ocupa o cargo de Secretário de Cultura do
Estado da Paraíba.
Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Semana de Turismo
Turistas uruguaios encaram imensa fila para ingressar no Brasil pela fronteira de Jaguarão
Neste sábado pela manhã , 28 de março, véspera do inicio da Semana de Turismo no Uruguay,imensa fila de turistas do país vizinho aguardavam liberação da Polícia Federal, no setor de imigração, para ingressar no Brasil pela fronteira de Jaguarão.
Certamente, além de um destino repleto de atrações e destino preferido da maioria dos turistas do Mercosul, o valor em queda do real em relação ao dólar e ao peso uruguaio é um atrativo a mais para os turistas que visitam o País.
É de se perguntar se não seria conveniente por parte dos Ministérios do Turismo e Justiça estudar uma forma de agilizar as formalidades de ingresso ao país por parte de turistas oriundos do Mercosul. Talvez uma declaração de entrada no País que possa ser efetuada pela internet, evitando assim o transtorno e atraso para milhares de turistas em nossas fronteiras. Afinal, o Mercosul existe para integração e eliminação de barreiras, muitas delas , burocráticas. E o incremento do turismo beneficia de sobremaneira a economia.
O CAMINHO DE FERRO
Por Jayme Langlois
Pirez Lameiro
Turismo Universidade Federal do Pampa
Seis horas da manhã
soava o apito do trem no tilintar do sino que dava a partida deixando
para trás a estação, devagar rufada do vapor e sonidos ringindo
pelos trilhos no caminho de ferro. A plataforma alta, com dezenas de
pessoas acenando para quem partia. Lentamente seguia o trem. Podia
ver a cidade que ficava pouco mais distante, suas luminárias ainda
cobertas pela cerração desenhavam um outono úmido. Logo o agente
de terno e quepe marinho, vinha equilibrado pelo encosto dos
assentos, ticket-ticket nos boletos de passagem.
Na curva do capão
reúno, pela janela do trem, os campos exibiam uma áurea de
luminosidade, sinal que o dia amanhecia. O alambrado corria do lado
dos vagões parecendo viajar junto. As coxilhas da ramada esverdeavam
a paisagem que, a os poucos deixava o sol nascer. Na primeira parada,
estação Joaquim Caetano, o negrinho Floriano abraçado ao cesto de
vime entre um vagão e outro, andava de pés descalços vendendo
rapadurinhas e pasteis, havia sempre alguém que o conhecia da cancha
reta de carreira bem acima do corte nos trilhos. Os capins davam
sinal que, há muito tempo deixaram de correr cavalos e petiços aos
domingos. A tapera do rancho que sorvia aguardente no balcão do
boliche permanece há tempos na sombra das acácias.
O galpão sem palhas
mostrava o esqueleto do sustento nas varas de eucalipto que cobria
seu teto, e o trem dava partida...
A Caixinha d’água,
como era conhecida, suspensa por estacas de madeira pintadas na cor
negra, esguichava pela manga que mais parecia um elefante abastecendo
o reservatório da máquina a vapor. Ficava bem a os fundos do campo
de meu avô. Muitos foram às vezes por ali à tardinha, corriam
pelos campos entre macega alta e carquejas para ver o trem voltar
outro dia.
A trilha do caminho,
sinuosa e estreita, fazia a vegetação bater na janela dos vagões,
hora podia estar alguns pontilhões cruzando vertentes dos cerros que
se aproxima.
O sol já ia alto,
quando na estação Mauá, parava o comboio em estilhaços de ferro
pelos trilhos. A velha figueira entrelaçada por ervas daninha
parasitas deixava cair folhas pelo chão. Muitas foram às vezes nos
dias quentes de verão, acolheu na sua sombra viajante a espera do
trem.
Desponta entre o mato a
pequena Capela do padre Neves, branca do cal e amarelada pelo tempo,
deixando em seus registros batizados e casamentos, entre alguma missa
e outra, a benção pelo campo. Plantações e pomares com galhos
secos dão sinal outonal. A ponte de pedra e o ferro sobre os
dormentes da madeira, ainda mostram sinal de firmeza quando
lentamente se passava para não descarrila ladeira a baixo, pois o
penhasco inclinava na vegetação baixa podendo ver o musgo.
Trabalhadores
ferroviários à beira dos trilhos debruçam nos piques do alambrado
o suor esticado pelo tempo. Das pequenas casas de madeira pintadas de
amarelo queimado, crianças e mulheres acenam em alvoroço. Humildes
quadros e retratos enfeitam salas com pequenas mesas cobertas de
toalhas estampadas.
A porteira estava
aberta sobre a encruzilhada, ao longe se via o corredor sumindo entre
a sanga e o curral. Chaves gigantes no cruzamento dos trilhos e algum
vagão boiadeiro, esperando a carga dos animais.
As folhas já começaram
a cair, sopra o vento mais forte. São quatro horas mais ou menos. O
Sol deve estar bem por cima do morro e, se há brisa, as ondulações
do açude estarão vibrando nos seus reflexos... Os paraísos
cresceram muito nestes últimos anos. Alguma coisa mudou, mas ainda
podia sentir-se o perfume e o sabor do butiá maduro por toda a Vila
Basilio. Pelo caminho da estreita ruazinha, cachos caídos pelo chão,
verdes, maduros e outros apodrecendo.
O Caminho de Ferro
chega ao destino de sua baldeação. Esperava agora o próximo trem.
Cai a tarde. Encostado num banco de madeira com pregos crivados a
martelo, fazia mirar ao longe o crepúsculo da noite sumindo
vagarosamente entre as árvores.
Os matizes cambiantes
do outono, bancos de estações, trabalhadores e suas famílias, fez
retornar... Com a chegada do frio, pelos baixos do clima já se podia
sentir constantes madrugadas geladas e ver o campo esbranquiçado,
desfalecida, bem invernal. Janelas fechadas, vidros embaçados pela
chuva fria que caía no amanhecer, o fogão a lenha, aquecem, criando
um clima especial e nostálgico na simplicidade dos casarios. Fez
muito tempo, as férias de julho. Corriam agasalhadas na cobertura da
estação, arteiras gurizadas esperando o trem.
Entre um potreiro e
outro as flores do campo. Passarada ecoando tons de primavera cruzava
o céu azul. As flores nos jardins davam nova forma de vida, até a
própria figueira à beira do caminho, vestia-se de um manto verde
acre para a sombra do verão. Nisto o viajante observa que o campo a
vida fica mais exposta sobre o caminho de ferro, ele resume tudo,
porque além da geografia privilegiada, é a vida que renasce.
Nesta breve pintura,
quando o verde das coxilhas ao longe, prende-se ao horizonte.
Revela-se o matrimônio insólito, entre o momento preciso das
estações e a suavidade da paisagem.
O Caminho de Ferro
podia mostrar a possível contribuição da atividade turística para
a preservação paisagística, histórica e poética de uma região,
e isto ocorrendo possa ser de extrema relevância, pois muitas
paisagens possuem valores simbólicos sobre a história, a cultura e
o modo de vida de um povo.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
sexta-feira, 27 de março de 2015
Espaço do Mosqueteiro - Um futuro promissor
Cinco
vitórias, dois empates e apenas um gol sofrido. Esse é o time do
Grêmio nos últimos sete jogos. Felipão conseguiu definir um
esquema tático no 4-2-3-1. A equipe finalmente encontrou o
entrosamento, é a defesa menos vazada do campeonato e o segundo
melhor ataque. O meio de campo formado por Ramiro, Maicon, Douglas,
Giuliano e Luan (Cristian Rodriguez) é consistente, jogando
compactado e pressionando o adversário na saída de seu campo ,
forçando o erro dos defensores.
Ramiro voltou de lesão voando e é
o motor da equipe, cobrindo os laterais e chegando ao ataque com
qualidade, parece até que tem dois pulmões o guri. Desempenha um
papel tático muito importante no setor. O volante Maicon, que na sua
segunda partida vestindo a camiseta tricolor conseguiu me deixar com
Alzheimer, pois não consigo lembrar de um jogador chamado Felipe
Bastos que dizem que ainda está no Grêmio. Melhorou e muito a saída
de bola da defesa para o ataque e parece estar em sintonia com o
restante dos seus companheiros apesar do pouco tempo de conjunto.
Assim, deixa o Douglas mais a vontade para armar as jogadas perto da
área. O D10 tem se mostrado combativo e dando carrinho para
conseguir recuperar a bola na intermediária. Outra atitude que
mostra o comprometimento dele é que já perdeu 5 kgs desde que
chegou no começo da temporada ficando mais leve. E tem também o
Giuliano, o homem do jogo. Finalmente o jogador que o Grêmio
contratou desembarcou em Porto Alegre. Na última partida, marcou
dois gols e mostrou muita disposição, tanto marcando, quanto
atacando, chamando a responsabilidade e indo para cima da defesa
adversária na jogada individual, e junto com o Cristian Rodriguez e
o Douglas, municiando o Braian Rodriguez. O ataque gremista tem tudo
para brilhar nesta temporada.
Da
defesa não preciso nem falar. Na lateral esquerda, o polivalente
Marcelo Oliveira, uma indicação de Felipão e saído das penumbras
do Palestra Itália é firme na defesa, sem brincadeiras no desarme e
que chega com muita qualidade no ataque. Na lateral direita, Matias
Rodriguez firmou-se como titular com carrinhos precisos e
aparecendo sempre com perigo no ataque. Finalmente não sinto mais
saudades do Pará.
É Claro que os pessimistas dirão que o
Gauchão não é parâmetro, o nível técnico é muito baixo, os
times são muito ruins. Concordo, mas sendo assim o que se espera do
time é que se imponha contra os times do interior, coisa que vem
fazendo, um bom sinal. Os otimistas dirão, temos um dos melhores
elencos do país, certo que iremos ganhar a Copa do Brasil. Calma, eu
digo, ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa, mas estamos
no caminho certo. O futuro não se mostra tão negro como a sete
jogos atrás.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Espaço do Saci - A sombra de Celso Roth ronda o Beira Rio
Por Marcos Sagrera
O internacional
conseguiu um resultado satisfatório pela libertadores no Equador
contra o Emelec. O empate na cidade de Manta contra os Equatorianos
fez com que passe a depender apenas de suas forças para conseguir a
vaga as oitavas da libertadores com uma vitória em casa no último
jogo no beira-rio contra os bolivianos. Ainda pode ser o primeiro do
grupo se vencer também a LaU no chile que vai jogar a vida pois
ainda pode somar nove pontos e conseguir a classificação nos
critérios de desempate.
Apesar do resultado
aceitável e dos desfalques de Dalesandro e Nilmar, a sensação que
ficou foi a de derrota. O adversário teve um jogador expulso aos dez
minutos do segundo tempo e no lance seguinte o colorado empatou o
jogo em uma jogada de escanteio. O time do técnico Diego Aguirre
teve quase quarenta minutos para virar o jogo e quando todos
esperavam que o colorado iria pra cima, o que se viu, foi justamente
o contrário.
O treinador sacou Réver
do time e poderia ter colocado Anderson no jogo, abandonando o 3-5-2
e voltando ao 4-4-2 , seguindo com os dois volantes e segurando os
laterais. Alex e Anderson seriam os meias e Vitinho e Sasha os
atacantes. Manteria o time equilibrado e não abdicaria de atacar.
Diego Aguirre preferiu colocar outro zagueiro e depois sacou Alex
para a entrada de Anderson. Errou feio, o time piorou e só não
perdeu o jogo porque o adversário errou quatro gols na cara do
goleiro Alisson.
A pressão sobre o
técnico continua forte por parte da torcida e imprensa, pois o
colorado ainda não tem um padrão de jogo definido. O treinador
colorado segue fazendo testes no time durante o gauchão e observando
jogadores. Essa é uma clara orientação da direção para colocar
jogadores na vitrine e tentar vender algumas dessas uvas para algum
cego comprar.
O principal problema da
equipe, como todos sabem, continua sendo as laterais. Contra o
Emelec, o lateral Fabrício conseguiu tomar ao menos quatro bolas nas
costas mesmo sem sequer subir uma vez ao ataque. Deve ser o jogador
mais displicente e descompromissado da história do internacional.
No time que vem jogando
o campeonato regional, três gratas surpresas vem surgindo da base.
Alisson Farias, Taiberson e Rodrigo Dourado. Este último é
atualmente o melhor volante do grupo colorado. Joga de cabeça
erguida, ganhou velocidade e aperfeiçoou o poder de marcação. Faz
o desarme na bola e sai jogando com qualidade. Com um pouco mais de
experiência e personalidade, será titular logo ali na frente. É
por essas questões que tem que colocar a gurizada pra jogar no
ruralito mesmo. Fazer testes pra ver com quem se pode contar para o
resto do ano e ainda vender jogadores que se sabe que não serão
úteis no futuro. Mesmo com o time não jogando nada em nenhuma
dessas competições, poderá terminar a primeira fase como líder em
ambas.
Um
mês é o tempo que tem o treinador para definir um esquema e uma
escalação até o próximo jogo da libertadores. Se é que terá
esse tempo, pois a imprensa insiste em sua demissão e na volta de
Celso Roth. Aguardemos.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Brechó na Garagem da Casa Paroquial da Imaculada Conceição
Acontece,
dia 28 de março na Garagem da Casa Paroquial da Imaculada Conceição,
Brechó a partir das 14:00 horas. Será realizado um Brechó somente
de roupas, onde serão trocadas peças de roupas por alimentos. Não
serão vendidas.
Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
Neste sábado tem Loirinha do Forró na LP Eventos
Nos Intervalos: DJ Jerri, DJ Chiquinho com os melhores hits do Momento!
Antecipados: Tabacaria Prietsch, Tabacaria Rodrigues, Fotos Jonas, Comercial Cid Morales e com Derli
Edição de 25/03/2015 Ano IV nº 205
quinta-feira, 26 de março de 2015
quarta-feira, 25 de março de 2015
Em letras e números, o lado escuro do terceiro turno - por vicentepimenetero
O
oportunismo imediato de uma minoria derrotada pelo PT junto à luta
de classes em mais uma eleição, não mediu forças, inteligência,
e muito menos argumentos cognitivos à sua revolta. Numa trapalhada
estratégia de pressionar o governo tentando atiçar a força popular
e a camada pensante da sociedade, que não é pouca, utilizou-se da
implacabilidade quase letal da mídia, e do financiamento
empresarial/partidário, fazendo alarde e levando às ruas um
inexpressivo número de pessoas, tratando-se da gigantesca população
de habitantes da velha República das Bananas. Um para duzentos e
dois, na língua das apostas. O passado domingo vai ficar para a
história do deboche contracultural, mas não evitará que mais
adiante alguns governos venham a elevar esta data como forma de
vitória, como assim o fizeram em datas vergonhosas que comemoramos
até hoje, com esmero e dedicação. O que se viu no domingo passado
foi um reality show que misturou, a programação nobre da tv
sensacionalista, entendam-se como as três maiores emissoras
televisivas no arquivo confidencial e a novela do tititi da vida,
juntamente com o resgate do brasilianismo, movimento gerado lá nos
anos 30, quando a academia científica norte americana enviou seus
jovens para deliberadamente começar a implantar seu ímpeto de
domínio através de suas espionagens perante a soberania de
resguardo da cultura nacional, e por fim, uma parcela esquizofrênica,
típica dos vivos mortos que habitam os centros das grandes
metrópoles na claustrofóbica prática de venerar o sistema. Contudo
ali, também nascia a manipulação da maneira de ver nossas próprias
culturas, numa alquimia da americanização das coisas, isso,
notoriamente, até os dias de hoje (busque brasilianismo não se
acanhe).
Enquanto
se construía e se constrói, ao longo destes últimos 12 anos, um
Brasil com invejáveis avanços sociais, o que a priori revelava um
país representado pelas inúmeras desigualdades, uma massa, porém
pequena para o tamanho do povo brasileiro, urge em descontrole
intelectual pelas ruas do país, contraditoriamente, batendo cabeça
no mais sórdido financiamento midiático que já se viu. Nas
principais avenidas e costeiras de algumas cidades e em algumas
partes do território nacional, perceberam-se as infinitas sequelas
deixadas pelos matizes cinzas da trágica história que nos precede,
reverberou entre as épocas coloniais, a ditadura militar dos anos 60
e 70, e o covarde golpe capital, selvagem e voraz da neo liberação
que hoje resulta na parte mesquinha de uma nação. Mas nos lineares
da história recente e paulatinamente, escreveram-se os capítulos
mais lindos e impossíveis, jamais lidos no livro da vida dos
brasileiros, onde um povo, cansado de sofrer com a hegemonia
ditatorial da escravidão e o preconceito, manifestou-se de verdade e
mudou uma história que adormecia a mais de 500 anos.
Desde os
anos oitenta em meio ao turbilhão e a intoxicação que meio capital
tomava, à deriva de trotes desenfreados, nascia o PT, o mesmo que
hoje é aclamado como vilão dos partidos, vinha naquele então,
mudar a história de um país em decadência moral, onde a fome o
punha no mapa do quarto mundo, sucumbindo à miséria. Pois bem que
se diga, a construção de uma nova ordem social e um novo modelo
político de inclusão foi criada por esse mesmo PT, um socialista de
vanguarda com forte apelo popular que articulou-se entre as
traumáticas lembranças da ditadura e que viria a repartir igualdade
para mais de 50 milhões de brasileiros, 50 vezes mais que o público
de domingo passado. Estamos falando de mais de cinquenta milhões de
famintos e indigentes, contra um milhão de pessoas que nunca
estiveram na faixa da miséria, apenas da pobreza (de espírito)
cinquenta para um, na língua e na síntese das comparações.
Entretanto e não mais tanto, mas voltando a aberração do dia 15,
tivemos por parte do público participante um festival de
contradições que demonstra não só para nós, mas sim para o
mundo, de como somos ignorantes, no alto da palavra, pois mesmo com
uma vergonha alheia semelhante ao tamanho da pátria, tivemos que
participar, mesmo que indireta ou contrariamente, da exposição, ao
cume do ridículo. A população de pseudo manifestantes que tiraram
sua bunda do sofá e saíram a abençoar suas cabecinhas pelo clero,
não contentou-se em vestir a camiseta que não vestiu na copa, a da
CBF, instituição publicamente torrada pela corrupção, e gritou
contra a corrupção, mas também gritou com muito orgulho à volta
da ditadura, enquanto procurava-se desesperadamente pela miscigenação
das raças, mestiços, pardos, negros, sararás, latino brasileiros,
por que será? Será que há de se pensar, ou é pura implicância?
Total né, o que importam os genocídios que criaram o braço forte
da identidade do país né?
Enquanto
isso crianças carregavam faixas e cartazes com a mesma falta de
ortografia dos pais, e misturavam frases que não faziam sentido que
até pro Paulo Freire sobrou, e pro Aguinaldo Rossi. Dispensa
comentários, os curiosos que procurem no google. Mas os gritos que
mais se ouviam, além do fora PT, eram entrelaçados pela volta do
regime militar e a democracia, sem dar-se de conta que um não casa
com o outro, se não houvesse democracia e houvesse regime, estariam
todos presos pelas besteiras, pelas ofensas e pela singela e ingênua
liberdade de expressão facebookeana. Logo torturados, logo, isca de
tubarão. Mas os absurdos não param por aí, houve tenebrosos grupos
de apoio à passeata, e os mesmos candidatos eleitos em prol da
homofobia entre outros pré-conceitos estavam lá, então quando se
levanta uma bandeira está se apoiando a passeata toda, entre
cúmplices que se entendam. Não se viu uma bandeira sequer
implorando pela falta de água, o ouro cristalino não entrou na
lista das exigências, que raro não? Chorou-se por gasolina, mas não
caiu uma lágrima quando o assunto era fome, não importa. Esse é o
povo do terceiro turno, o povo que inventou uma forma de não sair
perdendo, o povo que, quer fazer que todos, até os vitoriosos
percamos. O terceiro turno foi o mais visto, acompanhado, foi o mais
pop, foi um ato político, social, de revolta, de certezas e
incertezas. O terceiro turno tinha cara de gol, de grito final, de
revanche, de vingança, de prato frio. Mas voltando aos números...que
coisa linda, os números, num melhor de 3 é que nem jogo de truco,
la primera en casa, depois é só matar a segunda, num terceiro turno
não chega nem a ser amistoso, é voto nulo, perdeu playboy, em tua
língua? Game Over.
Edição
de 18/03/2015 Ano IV nº 204
Mexeu com uma, mexeu com todas!
Esses dias li uma frase
que me chamou muito a atenção, estava escrita em uma faixa de uma
Marcha de Mulheres da Amazônia, se não me engano, e dizia: “as
mulheres são como as águas, crescem quando se encontram”. Pura
verdade. E também dialoga muito com outra que diz que é fácil
reconhecer mulheres fortes, que são aquelas que buscam ajudar e
estar unidas a outras mulheres, ao invés de vê-las como inimigas.
Parece coisa simples,
mas para pôr em prática, se faz necessária a desconstrução de
tudo que nos é ensinado e incutido de diversas formas ao longo da
vida. A educação e a cultura em nossa sociedade, pautadas pelo
patriarcado, durante longa data nos ensinaram a competir e a ver em
outras mulheres adversárias. Na televisão, por exemplo, e
principalmente nas novelas, são corriqueiras as tramas e cenas em
que uma mulher “puxa o tapete” da outra, sente inveja, trai, fala
mal, chantageia e isso, infelizmente, faz parte da nossa formação.
Se as meninas crescerem buscando referências no que encontram neste
tipo de programação, dificilmente conseguiremos transpor estes
estereótipos que nos moldam e buscar coisas mais produtivas para
pensar e fazer.
Por este e outros
motivos, já faz muito tempo que lá em casa fechamos as portas para
a Rede Globo. Quem quer educar um filho ou uma filha tem que
entender, definitivamente, que a televisão não deve ser o membro
principal da família, como um dia nos disse Eduardo Galeano.
Precisamos ouvir uns aos outros, possibilitar momentos de encontro e
estarmos unidos e unidas em torno de questões que dizem respeito
diretamente à transformação das nossas vidas.
A semana passada foi
uma semana muito bacana neste sentido para mim, em que estive junto
com outras mulheres e aprendi muitas coisas. Aconteceu em nossa
cidade a 4ª Marcha e a Semana Binacional das Mulheres, com uma
programação diversificada que se estendeu de 08 a 13 de março, com
encontros, saraus, mostra de vídeos e outras atividades de formação.
Já faz quatro anos que
reconhecemos no Dia Internacional das Mulheres, em Jaguarão, uma
data de luta, e estamos em marcha nas ruas. Nos reunimos e levantamos
bandeiras e faixas em uma caminhada simbólica que faz parte da busca
pela garantia dos direitos e construção de mais espaços para as
mulheres, de forma posicionada contra toda forma de violência e
discriminação.
Este ano elegemos como
pauta principal a luta pela Reforma Política, que deve ser
construída com muito diálogo com a base e os movimentos sociais,
para mudar a cara dos Congressos e Assembleias, que são, em suma,
dominados por homens, brancos, representantes do empresariado, do
agronegócio e das bancadas evangélicas e, assim, muito pouco
representam nossos anseios, já que somos a maioria da população.
Não fomos para a rua
pedir o “Impeachment” da Presidenta Dilma, que tem muito mais a
cara de tentativa de golpe da direita insatisfeita com os resultados
das eleições, mas pautamos sim a necessidade de se acabar de uma
vez por todas com o financiamento empresarial e privado de campanhas,
que afasta e despolitiza as pessoas e transforma um espaço de
construção de direitos em um cenário de disputa econômica, que
têm desfavorecido a classe trabalhadora e os setores mais
vulneráveis da população.
Quero fechar este texto
dizendo que foi um imenso prazer contar com a participação, este
ano, de muitas mulheres uruguaias nestes movimentos, pois foi a
primeira vez que conseguimos fazer a semana com o formato binacional
e conhecer melhor a realidade das mulheres fronteiriças.
Por
aqui, a ordem do dia passou a ser “Si tocán a una, tocán a
todas!”. “Mexeu com uma, mexeu com todas!”
Edição
de 18/03/2015 Ano IV nº 204
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