Por Andréa Lima
Nasci
no ano de 1985, com a retomada da democracia em nosso país.
Felizmente, aos 16 anos já me foi assegurado o direito de votar e
participar do processo de escolha dos representantes políticos do
Brasil. Era o ano de 2012 e com ele veio a eleição do Presidente
Lula.
Morava
na cidade de Fortaleza, no Ceará, cursava o 3º ano do Ensino Médio,
e lembro muito bem das aulas de história e, principalmente, do que
aprendemos estudando a história do Brasil.
Os
professores insistiam para que, enquanto jovens, não nos omitíssemos
da política e votássemos. Falavam sobre quanta luta foi necessária
para que pudéssemos ir às urnas e quantos morreram por fazerem
oposição ao Regime da Ditadura Militar, deflagrado com um golpe que
completa 51 anos no mês de abril.
Por
saber que, ainda hoje, temos mais de 300 desaparecidos políticos
somente em nosso país e tantos outros casos de gente que saiu às
ruas para combater as ditaduras militares latino-americanas e nunca
mais voltou para casa, jamais poderia estar nos protestos do dia 15
de março.
Vimos
no mesmo cortejo neonazistas e outros grupos da extrema-direita, fãs
de Feliciano, Eduardo Cunha e Bolsonaro, o desfile de muitos dos
políticos que mais disparam em processos que envolvem corrupção,
fundamentalistas diversos, e os autointitulados “cidadãos de bem”,
que não suportam mais ver o nosso país mudando a sua cara, com
oportunidades para sujeitos invisibilizados durante séculos de
história.
Assisti
a alguns vídeos das movimentações e confesso que fiquei triste com
a despolitização da maioria dos manifestantes e com toda a sorte de
imbecilidades que se proferiu.
Mesmo
quem foi para as ruas com a ideia de lutar contra a corrupção,
marchou ao lado de grupos enraivecidos com a perda das eleições,
que só sabiam gritar “Fora PT”, cantar o Hino Nacional e pedir o
“Impeachment”, sem nem saber ao certo como isto se dá e o que
implica.
Ver
cartazes e faixas, em português e inglês, pedindo intervenção
militar é digno de um imenso repúdio. Temos tantos estudos e
relatos, hoje, que nos comprovam o quanto este sistema foi corrupto e
perverso, que nem acredito que ainda exista quem o defenda.
Não
precisamos de uma nova intervenção militar! Precisamos de uma
intervenção urgente de professores de História! De uma carga
horária maior nas escolas para disciplinas como Sociologia e
Política, Filosofia, entre outras, e de projetos da área de humanas
que nos estimulem a pensar e agir para a construção da cidadania e
da justiça social!
Nunca
precisamos tanto de uma educação transformadora, engajada com a
luta anti-capitalista. Talvez ataquem Paulo Freire, porque hoje, mais
do que nunca, sua pedagogia de se faz necessária.
Voltando
aos protestos do dia 15, o mais vergonhoso, mesmo, foi ver a
manipulação da grande mídia, distorcendo dados nas chamadas
televisivas e nos jornais, e convocando o povo como massa de manobra
para as ruas, simulando a neutralidade, como quem dá a notícia em
primeira mão... Esta velha e conhecida Rede Globo, que apoiou e
financiou a Ditadura, há não muito tempo atrás.
Edição
de 25/03/2015 Ano IV nº 205
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