Desde que
me conheço por gente o termo happy hour, que notoriamente se refere
à hora mais feliz do dia, criou-se para exaltar o fim de tarde, o
momento de afrouxar a gravata e relaxar na dose de uma boa bebida,
petisco e companhia.
Aqui no
sul e principalmente nas cidades do interior, o happy hour é um
evento, não se entende como momento informal de fim de tarde, onde
as pessoas confraternizam numa passada rápida pós-expediente para
um bate papo e logo um desprender dos compromissos diários, um
momento único para atravessar o portal do descanso e do relaxamento.
Nestas
culturas provincianas, ainda as reuniões sociais soam como saraus à
moda antiga, eventos genuinamente formais, onde existe o olho
exigente da mesma sociedade que julga a postura ou os bons costumes
morais, aquele dogma antiquado das velhas épocas. Igualzinho.
É
necessário aplicar o happy hour com a índole que marcou a cultura
dos navios europeus, que desafogavam seus marinheiros com horas
livres para a prática de esportes ou o ócio ao ar livre. Hoje as
empresas apostam em proporcionar ambientes holísticos para melhor
desenvoltura dos seus funcionários. Para uns a meditação é o mais
apropriado, para outros o velho e bom happy hour dos bares sugere um
conforto físico e mental, ainda há os que primam pelo
condicionamento físico e é nas academias que liberam todas essas
energias acumuladas e canalizadas no decorrer do dia.
A
essência do happy hour é no pulo rápido a um bar próximo da
oficina ou do local de trabalho. É a conversa fora jogada com o
vizinho de plantão, o comentar do cotidiano durante a hora do rush,
enquanto as pessoas voltam para casa depois de uma jornada árdua de
trabalho e dedicação.
O happy
hour fica entre o caminho do trabalho e o de casa, jamais o
contrário. Existe um intervalo entre as obrigações laborais e
domésticas. Esse é o intervalo do Happy Hour, um convite à
ociosidade da mente, da alma. Onde por instantes, mesmo em meio à
voracidade urbana, damos uma pausa no elementar do nosso físico,
nosso bio ritmo, onde deixamos que a apneia da nossa linha
cronológica fique um tanto espacial, num trecho inimaginável do
nosso tempo, o tempo para o relaxamento, uma lacuna, e,
principalmente na maneira de ver, praticar, pensar e viver as coisas.
A todos um excelente happy hour!!
Edição de 22/07/2015 Ano VI nº 222
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