No sábado
participei, ao longo de todo o dia, da Feira de Economia Popular e
Solidária de Jaguarão. A manhã nasceu ensolarada e com um clima
propício para a instalação das bancas na Praça Alcides Marques,
que foi ocupada de um lado a outro, pela Avenida 27 de Janeiro, por
artesãos, artistas, produtores rurais e outros empreendedores.
Trabalho
como gestora e, por isso, acompanhei junto aos colegas de trabalho,
desde o começo, o processo de organização da Feira, que acontece
mensalmente desde fins de 2014. Mas também me vejo envolvida com ela
como participante e expositora, pois desde o ano passado costuro
bonecos e bonecas de pano, e acho que é uma ótima oportunidade para
divulgá-los.
Faz parte
da minha trajetória ter sobrevivido da confecção de artesanato ao
longo de praticamente todo o período da faculdade, quando estudava
Artes Visuais em Pelotas. Por isso, reconheço a importância do
incentivo a quem se sustenta e mantém a família com este tipo de
produção e acho fundamental que se estabeleçam políticas públicas
de fomento.
Voltando
à organização das atividades, a ideia inicial seria a de realizar
uma Feira de Antiguidades, Artes e Artesanato, mas depois percebemos
que seria interessante agregar outros trabalhadores do campo e da
cidade ao projeto, pois temos produtos de excelente qualidade que são
provenientes da agricultura familiar, por exemplo, e que aqui, assim
como em outros lugares, ainda têm pouca visibilidade e escoamento.
Foi
ampliado o leque para a construção da Feira da Economia Popular e
Solidária de Jaguarão, cuja ideia logo foi se espalhando e chamando
a atenção de diversos interessados. Participam e protagonizam a
feira, hoje, além de associações e grupos organizados, como o das
artesãs e dos produtores rurais, diversos trabalhadores e
trabalhadoras que atuam em técnicas como o crochê, o tricô, o
artesanato em couro e com pelegos, biscuit, EVA, customização,
tingimento de tecidos e também com venda de livros, além dos
tradicionais brechós e brics.
Na Feira
também ganha muito destaque a venda de cactos, temperos e outras
plantas, bem como os doces caseiros, pães e outras iguarias da
culinária artesanal.
Estes
grupos estão atuando na organização do Fórum Municipal da
Economia Solidária, que pretende articular, além dos empreendedores
da Feira, uma rede de trabalhadores e grupos como os profissionais da
reciclagem, já organizados em cooperativa, pescadores, agricultores,
quilombolas e entidades de assessoria, da gestão pública e do campo
da educação.
Quero
muito que esta organização cresça e se consolide e que, aos
poucos, vá se formando uma nova consciência em torno do comércio
justo, das formas de produção associativas e cooperativadas e da
economia criativa em nossa fronteira, que tenha por base os
princípios e bandeiras de luta da economia popular e solidária.
Além da construção da autonomia e empoderamento dos trabalhadores,
é uma das formas de se combater as desigualdades do sistema
capitalista de produção, com atenção à qualidade das relações
entre as pessoas. Precisamos, sem sombra de dúvida, avançar em
muitas pautas que culminem na construção de um novo modelo de
geração de renda mais justo e humano em nosso país. Vida Longa!
Edição
de 08/04/2015 Ano IV nº 207
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