“A
situação que era grave, passa agora a ser incontrolável”. Essa é
a afirmação do presidente da Federação das Santas Casas e
Hospitais Filantrópicos do Estado, Francisco Ferrer. De acordo com
ele o Governo do Estado repassou somente 45% para manutenção dos
serviços de Média Complexidade, ou seja, dos R$ 70 milhões que
habitualmente recebem da produção de média complexidade, apenas R$
34 milhões foram repassados.
Ainda
segundo a Federação, este valor foi repassado na integralidade pelo
Fundo Nacional de Saúde (verbas federais) para o Fundo Estadual de
Saúde. As Santas Casas e Hospitais Filantrópicos já trabalham,
desde janeiro, com um corte de R$ 25 milhões mensais referentes ao
co-financiamento e com atrasos ainda de 2014 no valor de R$ 132,6
milhões, que também não tem previsão de serem pagos.
Segundo o
Gestor Presidente da Santa Casa de Jaguarão, João Cláudio Pedroza,
a entidade hoje está com grandes dificuldades para manter suas
atividades, principalmente as cirurgias eletivas. Ele salienta que os
cortes feitos pelo Governo do Estado, na área da saúde, tem
atingido diretamente a Santa Casa. “Para se ter uma ideia, no ano
passado foram deixados de ser repassados ao hospital aproximadamente
R$300.000,00 dos valores contratualizados. Somente este ano, com os
cortes de repasse, aproximadamente R$250.000,00 já deixaram de ser
pagos pelo Estado. Com isso, fornecedores deixam de ser pagos, tendo
a Santa Casa hoje uma dívida de aproximadamente R$400.000,00 com
prestadores de serviços e fornecedores diretos.”
Segundo
ele, a contratualização com o Estado gera aproximadamente uma
receita para o hospital na média de R$350.000,00/mês. Esse valor é
variável de acordo com o volume de serviços prestados. “No atual
contrato existe um incentivo chamado IHOSP, de aproximadamente
R$51.000,00/mês que desde janeiro não vem sendo pago. Isso
representa uma quebra direta no custeio do hospital, pois esse valor
é fundamental para compra de medicamento e materiais cirúrgicos e
todo o restante dos materiais para manter o hospital em
funcionamento. Além disso, nesse mês de abril especificamente, o
valor que foi repassado referente ao contrato foi reduzido em 55%, ou
seja, o Estado pagou somente 45% do valor de que deveria ser pago.
Com isso, toda a prestação do serviço hospitalar fica
comprometida, pois não se sabe se teremos recursos para compra de
insumos para manutenção das atividades.”
A
Delegada Regional de Saúde, Katia Torres Hoffmann explica que o
Governo do Estado não está pagando o IHOSP porque o decreto tinha
vigência até o fim de dezembro de 2014 e que por decisão da atual
gestão não será renovado. “Não foi e nem será feito um novo
decreto em função da situação financeira do estado”. Ela também
disse não saber do não repasse para as Santas Casas e Hospitais.
Para o
Prefeito Cláudio Martins, essa atitude do Governo do Estado começa
a comprometer a saúde como um todo. “Não temos nenhuma
incompreensão em relação aos problemas financeiros do estado,
porém enquanto gestores, precisamos saber quando e como o estado vai
cumprir com seus compromissos”.
Cláudio
salienta ainda que há uma grande pressão da FAMURS e dos
Secretários de Saúde do estado para que sejam cumpridos os acordos
e repasses na área. “Podemos dizer que hoje há uma crise na saúde
em nosso estado”.
João
Cláudio complementa afirmando que não existe maneira de se realizar
qualquer planejamento adequado, quando não se tem nem mesmo uma
expectativa de receita, uma vez que os valores que deveriam ser pagos
não estão sendo depositados, não se podendo contar com a previsão
orçamentária. “Se está buscando uma conversa com a Secretaria
Estadual de Saúde para que indique quais as perspectivas futuras com
relação à contratualização do hospital. Depois de feitas as
tratativas, será realizado um estudo para verificar quais serviços
serão continuados pelo hospital e quais poderão ser reduzidos ou
até mesmo suprimidos”.
Atualmente
a Santa Casa de Jaguarão realiza aproximadamente 90% de seus
atendimentos pelo SUS, e consequentemente sua receita também é de
90% do SUS, que são repassadas através do Governo do Estado. “Caso
o Estado não realize os pagamentos contratados, não há condições
de manter os serviços que são prestados atualmente. Quando esse não
realiza o pagamento dos serviços "que já foram prestados",
não há condições operacionais de continuidade na prestação do
serviço. Diante disso, deve-se optar quais serviços deverão ser
continuados e quais deverão ser suspensos, mas tudo de acordo com os
interesses do Estado, nosso principal contratante”, finaliza
Pedroza.
Edição de 22/04/2015 Ano VI nº 209
Nenhum comentário:
Postar um comentário