Ministro da Cultura do Brasil Juca Ferreira e Ministra da Cultura do Uruguai Maria Julia estiveram na cidade no sábado para firmar o reconhecimento do bem
Jaguarão
respirou ares latino-americanos durante intensos três dias. A cidade
foi sede da XI Reunião da Comissão de Patrimônio Cultural do
Mercosul, onde recebeu representantes da Colômbia, Equador, Uruguai,
Paraguai, Venezuela e Chile, além é claro do Brasil e do Itamaraty.
Durante o encontro houve vários momentos em que Jaguarão foi
destaque, tanto pela apresentação de sua cultura imaterial e de
memória, como por exemplo o caso do Clube 24 de Agosto, primeiro
Clube Negro a ser reconhecido como Patrimônio Cultural do RS, como
pelo seu legado charqueador e fronteiriço, através dos fortins na
zona rural. Outro momento de extrema importância foi a apresentação,
pelo diretor do DNIT (órgão responsável pela construção da
segunda ponte e também do restauro da Ponte Mauá), do projeto de
restauração da Ponte Mauá. Um projeto complexo e que passará por
uma segunda licitação, já que a primeira deu deserta, tamanha a
grandiosidade da obra.
O
prefeito Cláudio Martins destacou com orgulho o fato de Jaguarão
ser uma referência em cultura fronteiriça e fez referências às
ações dos governos brasileiro e uruguaio, direcionadas às cidades
de fronteira. “O governo do Brasil e o governo do Uruguai têm tido
esforços extraordinários para que se possa efetivamente aplicar
políticas sólidas, efetivas e eficazes para avançar na qualidade
de vida e no fortalecimento da integração cultural dos povos
fronteiriços”, disse.
Cláudio
lembrou ainda dos tempos em que a maior parte dos recursos federais
desta área era encaminhada para o eixo Rio-São Paulo, ignorando as
ações em pequenas cidades. “Hoje as verbas do Ministério da
Cultura e os investimentos em patrimônio são distribuídos para
diversas cidades. Jaguarão é um exemplo desta política de
valorização e tem muito a agradecer por estes investimentos que
estão contribuindo com a preservação da nossa história, o resgate
da memória do nosso povo e o desenvolvimento de nosso Município”.
O diretor
do Departamento de Patrimônio Material do IPHAN, Andrey Schlee,
destacou a importância do impacto das políticas de valorização do
patrimônio e citou o caso de Jaguarão. Segundo ele, hoje o
município se recria a partir de todas estas ações voltadas a
cultura, a amizade, a integração fronteiriça, sobretudo durante a
administração do prefeito Cláudio Martins.
O diretor
do IPHAN observou ainda que Jaguarão está renascendo a partir de
uma vocação natural, que vem trazendo um salto de qualidade e
garantido mais qualidade de vida para as pessoas. “Apostamos na
cultura, no patrimônio, e considero certa a escolha de Jaguarão
para sediar este evento, pois aqui temos bons exemplos do que o
Brasil e a presidenta Dilma querem para todas as cidades históricas:
a valorização e investimentos que garantam qualidade de vida para
nossa população”, afirmou.
“Jaguarão
é um ícone, um ponto de partida”
Foto Fernanda Barbier |
"Pretendo
construir uma política cultural para fronteira e Jaguarão é um
ícone, um ponto de partida para isso", afirmou o Ministro da
Cultura do Brasil, Juca Ferreira, no sábado (30) durante atividade
na Biblioteca Pública Municipal.
Uma série
de propostas sobre uma política cultural para as fronteiras foi
apresentada pelo ministro em Jaguarão. O evento, uma roda de
conversa chamada Diálogo da Fronteira, contou com as participações
de artistas, gestores, produtores e fazedores de cultura locais.
A
iniciativa prevê o lançamento de um edital específico para pontos
de cultura nas fronteiras. A ministra da Educação e Cultura do
Uruguai, Maria Julia Muñoz, participou do debate e fez parte da
agenda que Juca Ferreira cumpriu em Jaguarão.
O
ministro defendeu a construção, na fronteira, de um território de
"amizade, parceria, vivência cultural e integração com países
irmãos". O anúncio do lançamento do edital para pontos de
cultura nas divisas, já em 2016, foi recebido com entusiasmo pelos
participantes da roda de conversa.
"É
preciso ser uma política que dê conta da diversidade presente
nessas regiões e que, ao mesmo tempo, estimule a integração e as
parcerias. Pensem no ministério como um parceiro para apoiar esse
processo que vocês já vivem", destacou.
A
proposta recebeu apoio da ministra da Educação e Cultura do
Uruguai. "Vamos estar sempre atentos a fomentar a cultura de
fronteira. Ela nos une. Nossos povos têm sonhos em comum",
afirmou Maria Julia Muñoz.
Pontos
de Cultura
Em
Jaguarão, o ministro ressaltou a importância dos Pontos de Cultura
para o fomento da cultura de base comunitária no país.
"Historicamente, as comunidades acharam uma forma de qualificar
seu ambiente e superar a ausência do Estado. Muitas vezes, em um
ambiente degradado e submetido à violência, as pessoas produzem um
ambiente mágico que só a arte e a cultura são capazes de fazer",
comentou.
Ferreira
enfatizou, ainda, que os Pontos de Cultura são "parte
insubstituível" da Cultura brasileira, presentes em todo o
país, desde a periferia até as comunidades indígenas. "É
preciso reconhecer o direito do povo brasileiro de ter apoio do
Estado para que se desenvolva. Nós vamos trabalhar para ampliar essa
experiência", frisou.
Outras
demandas
Ao longo
do evento, participantes puderam expor seus pontos de vista e fazer
demandas. Luta contra a intolerância religiosa, maior acesso à
cultura, investimentos para o setor do audiovisual da região e a
cultura vista como vetor de integração e de desenvolvimento
regional foram alguns dos temas tratados.
Outro
pedido de destaque foi a necessidade de descentralização na
distribuição de recursos para a área cultural. Em relação a esse
aspecto, mais uma vez, o ministro foi enfático ao defender a reforma
da Lei Rouanet.
"A
lei Rouanet representa 80% do dinheiro que o governo tem para aplicar
na cultura. É mal aplicado porque, em última instância, quem
define o uso é o departamento de marketing da empresa. E a empresa
se associa a quem pode dar retorno de imagem a ela, então, a
restrição é imensa", lamentou.
Além de
Juca Ferreira e da ministra da Educação e da Cultura do Uruguai,
estiveram presentes à roda de conversa o prefeito de Jaguarão,
Cláudio Martins, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, e o diretor do
departamento de Relações internacionais do MinC, Gustavo Pacheco,
entre outros.
Foto Fernanda Barbier |
Cerimônia
de reconhecimento da Ponte Barão de Mauá
Após a
roda de conversa, na Biblioteca Pública, a comitiva seguiu para a
cerimônia de reconhecimento da ponte Barão de Mauá como patrimônio
cultural.
Juca
Ferreira afirmou que "referendar a ponte como patrimônio
cultural é um momento importante para o MinC . É um momento
simbólico de reconhecimento de uma integração que já existia e de
uma ponte que foi grande elo de ligação e que continua sendo."
Edição
de 03/06/2015 Ano VI nº 215
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