Em 2009 iniciou o restauro, ação do IPHAN e Prefeitura, com recursos do PAC Cidades Históricas |
por Andréa Lima
Enquanto
escrevo este texto, imagino o quanto a cidade estaria em polvorosa há
118 anos , com a inauguração do Teatro Esperança.
Com
certeza este seria o assunto mais falado nos bares, lares, vielas e
esquinas.
A
construção teria iniciado dez anos antes, no ano de 1887, e a noite
de 13 de janeiro de 1897 prometia um fabuloso espetáculo com a
Companhia Lírica e Operetas Cartocci.
Não foi
o primeiro teatro da cidade, mas o grande fluxo de artistas vindos
dos grandes centros do país em direção ao Uruguay e à Argentina
exigia uma casa de espetáculos à altura. Também eram muitas as
companhias rio-pratenses que ingressavam ao Brasil pela fronteira
Jaguarão-Rio Branco e que, por aqui, se apresentavam e angariavam
fundos para seguir viagem.
Nos
primeiros tempos, não havia a ponte, e os artistas desembarcavam dos vapores no porto, com suas vestes e trajes coloridos. Chamavam a
atenção dos guris de calças curtas, ruborizavam as moças e, de
uma forma ou de outra, mexiam um pouco com a vida de toda a
população.
Eram
muitos e diversos: cantores, mágicos, dançarinas e trupes
circences, que promoviam rebuliço por onde quer que passassem.
Talvez fosse por isso que o Teatro Esperança, no começo, possuía
um tablado móvel, que poderia ser removido, transformando o espaço
em um grande picadeiro.
Contam
que além das apresentações artísticas, aí também eram
realizadas festas e bailes de carnaval.
No Teatro
havia um depósito de carbureto, utilizado como combustível de
iluminação, arquibancadas, como acomodações típicas do formado
polytheama, e uma cocheira, que ficava localizada
aos fundos da edificação. O prédio possui uma acústica perfeita,
considerada entre as melhores dos teatros decorativa mural.
Naqueles
tempos não havia televisão e, talvez por isso, a casa passasse
cheia. Em um período posterior, com o advento da sétima arte, o
Teatro também funcionou como cinema, com os melhores filmes em
cartaz. Com o passar do tempo e a estrutura se tornando precária, o
local foi, aos poucos, se
esvaziando. Faltavam recursos para as reformas tão necessárias e as
verbas de seus proprietários
não eram suficientes.
Em 1990
foi tombado como Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul e, em
seu centenário, no ano de 1997, foi municipalizado.
Quando
era criança, frequentei muitas vezes o teatro, com as peças
amadoras infantis e as promoções escolares. Na adolescência lembro
muito bem dos agitos do Jaguararte, dos espetáculos de dança
e dos números de teatro e música que, de vez em quando, aconteciam
por aqui. Passei um tempo longe da cidade e, quando retornei, ainda
pude acompanhar aquele que acho que foi seu último espetáculo antes
do restauro, uma apresentação maravilhosa do “Caminhos de Si”.
Restauro em fase final - foto Fernanda Cassel |
Em 2009,
com uma ação articulada entre a Prefeitura Municipal e o Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, através do Programa
PAC Cidades Históricas, começaram as obras de restauro do Bem.
Recuperou-se
o telhado, a pintura mural e parte das galerias, que estavam em
estado avançado de comprometimento. Com a segunda etapa do programa
as obras prosseguiram e, apesar da demora e
complexidade típicas de uma obra de restauro, o prédio em breve
será devolvido em excelentes condições ao uso da comunidade.
Vida
longa ao Teatro Esperança, desejamos mais 118 anos de história!
Edição de 14/01/2015
foto Fernanda Cassel |
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